Independentemente do que podemos pensar sobre Donald J. Trump, é difícil negar que a sua campanha presidencial de 2024 foi generosa em momentos épicos, que produziram uma boa quantidade de bonecos para a posteridade. O Contra faz uma revisitação de 7 dessas imagens.

 

No príncipio foi a perseguição judicial.  A 24 de Agosto de 2023, Trump foi sujeito à humilhação de uma foto de registo criminal pelo tribunal de Fulton, na Georgia, a propósito de uma fabricada e espúria acusação de interferência eleitoral. Mas a expressão adoptada perante a câmara pelo magnata de Queens acabou por frustrar a clara intenção difamatória e propagandista dos seus inimigos. O candidato republicano aparece com cara de poucos amigos, determinado e zangado, mas não fragilizado. A imagem saiu de tal forma impressionante, que a campanha de Trump resolveu utilizá-la em materiais de angariação de fundos, com resultados chorudos. Um dos seus filhos, Donald Trump Jr., pôs à venda t-shirts e canecas com a mesma fotografia, como parte da colecção “Free Trump”, com todas as receitas a reverterem para a defesa legal do antigo presidente.

 

 

Onze meses mais tarde, a 13 de Julho deste ano, acontece o momento mais dramático da campanha republicana, quando Trump é atingido por uma bala na orelha, vítima de uma tentativa de assassinato enquanto discursava num comício em Butler, na Pensilvânia. A imagem, se fosse encenada e produzida não sairia mais perfeitinha, ilustrando a coragem e a determinação com que Trump reagiu à situação extrema, com um toque cenográfico de patriotismo, oferecido pela bandeira no plano superior. Uma curiosidade: momentos antes do atentado, a mesma bandeira tinha sido enrolada pelo vento nos cabos de suspensão e o público presente no comício exigiu em coro que esta fosse de novo estendida, exigência que foi de pronto satisfeita pela equipa de produção do comício.

 

 

25 de Agosto. Robert F. Kennedy Jr. decide desistir da sua campanha presidencial como independente e endossar Donald Trump. Momentos depois do anúncio, o membro do famoso e influente clã de políticos e magnatas junta-se a um comício do candidato republicano, onde é recebido de forma apoteótica. Para além da matemática eleitoral, o momento é simbólico da adesão de personalidades liberais, no sentido clássico do termo, aos valores da campanha de Trump. Outras figuras proeminentes da vida política e mediática norte-americana, outrora alinhadas com o Partido Democrata ou com uma linha ideológica de centro-esquerda, como Tulsy Gabbard, Elon Musk, os irmãos Weinstein e Joe Rogan, ou até mesmo comentadores políticos ligados a Bernie Sanders, como Jimmy Dore, decidiram endossar a candidatura de Donald Trump, enquanto neo-conservadores como os Cheney (pai e filha) entenderam por bem apoiar Kamala Harris.

Esta fotografia tirada no momento em que RFK Jr. entra em palco no comício do Arizona marca um momento de realinhamento político nos EUA.

 

 

5 de Outubro. No regresso de Trump a Butler, Pensilvânia, Elon Musk surge em palco aos pulos, para gáudio dos criadores de memes de todo o mundo. No discurso que proferiu na altura afirmou que se assume como “Dark MAGA”, acrescentando:

“Acho que esta eleição é a mais importante das nossas vidas. O outro lado quer acabar com a liberdade de expressão. Querem tirar-nos o direito à posse de armas. Querem tirar-nos o direito de votar.”

O bilionário da tecnologia é um dos mais destacados liberais a aderir à campanha republicana. E também por isso, um dos homens mais odiados em Washington. Horas depois deste comício, dirá a Tucker Carlson:

“Se ele [Trump] perder, estou fxdidx. (…) Quanto tempo é que acham que vai durar a minha pena de prisão? Vou voltar a ver os meus filhos? Não sei.”

Não estará a dramatizar. E vai ter uma noite carregada de ansiedade, hoje.

 

 

20 de Outubro. Parodiando a mentira da sua rival democrática, que inventou um detalhe curricular, ao afirmar que já tinha trabalhado na rede McDonald’s, Donald Trump foi fritar batatas para uma loja do famoso franchise do segmento alimentar. Há uma quantidade de imagens icónicas que saíram desta photo op, mas será esta a mais simbólica porque se há um candidato nestas eleições que parece preocupar-se com o grupo demográfico representado pelo funcionário da loja aqui retratado, esse candidato é Trump.

 

 

30 de Outubro. Depois de Joe Biden, naquela que será a maior gafe da campanha democrata, ter qualificado os apoiantes de Trump como “lixo”, a campanha republicana tem um ataque de genialidade e, menos de 24 horas depois, apresenta à imprensa o seu candidato num camião de recolha de resíduos urbanos, devidamente decorado. Trump dirá aos jornalistas:

“O que acham do meu camião do lixo? É uma homenagem a Kamala e Joe Biden.”

Momentos antes, Trump tinha publicado um vídeo gravado no seu avião, enquanto usava um colete de alta visibilidade, afirmando que “250 milhões de pessoas não são lixo”. Depois de ter aparecido no lugar de pendura do camião do lixo, discursou num comício com a sua farda de trabalhador de recolha de resíduos urbanos.

No que diz respeito ao acerto táctico, a campanha do ex-presidente teve um dia em cheio.

 

 

Ironicamente, a última imagem poderosa da campanha republicana foi fabricada pelos seus inimigos da imprensa corporativa. A 15 de Setembro, o globalista-leninista The Atlantic revelou uma capa que pretendia denegrir Donald Trump, mas que acabou por criar possivelmente o melhor cartaz da campanha do candidato republicano até à data.

A capa mostra Trump aos comandos de uma carroça puxada por cavalos a atravessar uma paisagem infernal dizimada, apenas reconhecível como Washington DC devido ao edifício do Capitólio, ao longe. Trump tem o punho levantado, lembrando a sua reação ao quase ser assassinado, e segura um chicote. Na parte de trás da carroça está um elefante enjaulado, presumivelmente representando o Partido Republicano.

A intenção parece ser a de sugerir que Trump se apoderou à força do Partido Republicano, arruinou a paisagem política e está a provocar o apocalipse com o seu circo MAGA. Mas para muitos dos seus apoiantes o que a composição traduz é a circunstância de o magnata de Queens estar a chegar a Washington para drenar o pântano e salvar o país.

A verdade é que os propagandistas da Atlantic estão de tal forma alienados que nem sequer percebem que este tipo de representação simbólica de Trump é extremamente apelativa para o seu eleitorado: Um líder político decidido a combater e expulsar os poderes instituídos na distópica e arruinada capital federal norte-americana.

Nada como contar com os nossos adversários políticos para fazerem por nós um bom trabalho de Photoshop.