Christian Lindner, à esquerda, presidente do Partido Democrata Livre alemão (FDP), e o vice-presidente do partido, Wolfgang Kubicki, à direita

 

 

O partido do chanceler Olaf Scholz até evitou o pior no fim de Setembro, mas os resultados das eleições de Brandeburgo podem ter marcado o início do fim da “coligação do semáforo”.

Os Verdes foram eliminados das legislativas estaduais em Brandeburgo e o liberal FDP, que durante muito tempo desempenhou um papel fundamental para a permanência dos dois partidos de esquerda da coligação no poder, não conseguiu entrar no parlamento pela terceira vez, perdendo completamente a sua base de apoio.

Em dois dos três Estados da Alemanha de Leste que foram recentemente a votos, o FDP não chegou sequer a recolher 1% dos votos; e só na Turíngia conseguiu um resultado mensurável, 1,1%. É uma catástrofe absoluta para o partido, que é o membro mais pequeno da coligação de três partidos que governa a Alemanha a nível federal.

Dado que o seu partido não conseguiu atingir o limiar de 5% para entrar no parlamento estadual – agora pela terceira eleição consecutiva – o vice-presidente do Bundestag e antigo presidente estadual do FDP, Wolfgang Kubicki, indicou que já não tem interesse em participar no governo de Olaf Scholz e que vai tomar uma decisão final no próximo Outono, que poderá marcar o fim da coligação governamental.

 

 

“Ou a coligação do semáforo mostra que pode tirar as conclusões necessárias destas eleições, ou deixará de existir”, declarou Kubicki ao Funke Mediengruppe. “É uma questão de algumas semanas. Não vamos esperar até ao Natal. Não podemos esperar que o país aguente isto”.

Kubicki classificou ainda a cooperação com os Verdes como “tóxica” para o FDP e observou que a coligação tem “pontos de vista completamente diferentes” em termos de política económica. O FDP é conhecido por se alinhar com o liberalismo económico, ou seja, mercados livres e privatização, e não teve nenhuma das suas ideias políticas, nem as da sua base, representadas na coligação governamental, desde que a ela aderiu em 2021.

“Ou conseguimos encontrar um denominador comum significativo nesta matéria nos próximos 14 dias, três semanas, ou não faz sentido que os Democratas Livres continuem a trabalhar nesta coligação”, acrescentou Kubicki.

 

 

Kubicki não é o único do seu partido que pensa desta forma. O líder do FDP da Baviera, Martin Hagen, exigiu mesmo que o FDP se retirasse imediatamente da “coligação do semáforo”.

“Se se constata que já não está a funcionar, então, a dada altura, é preciso estar preparado para desligar a ficha”, disse ao jornal Augsburger Allgemeine.

“Precisamos de falar francamente no Conselho Executivo Federal”, acrescentou.

O FDP foi expulso do parlamento estadual em Outubro do ano passado na Baviera, depois de ter conseguido apenas 3%. Esta foi a primeira eleição que fez soar o alarme no partido e, desde então, a situação não tem parado de piorar.

O FDP tem sido “castigado em todas as eleições estaduais dos últimos três anos, e isso não se deve ao trabalho no terreno”, afirmou o líder regional.

Segundo Hagen, os cidadãos rejeitaram claramente o governo. A Alemanha precisa de uma “mudança na política económica e de migração, o que não parece possível com esta coligação”, indignou-se Hagen: “Isto não pode continuar”.

Bijan Djir-Sarai, secretário-geral do FDP, também declarou à imprensa que a decisão final sobre a continuação da participação do FDP na coligação de Scholz será tomada no Outono.