Protesto contra o Pacto Ecológico Europeu em Varsóvia, 10 de Maio

 

Cerca de uma dúzia de agricultores polacos iniciaram um protesto no interior do Parlamento polaco (Sejm), na quinta-feira passada, contra o que consideram ser ameaças existenciais ao seu modo de vida, citando tarifas pouco rigorosas sobre as importações agrícolas ucranianas e os regulamentos ambientais de Bruxelas.

Numa acção de desobediência civil algo dramática, membros do sindicato de agricultores Orka barricaram-se num corredor do Sejm e prometeram que lá ficariam até conseguirem uma audiência a sós com o primeiro-ministro Donald Tusk.

O representante dos agricultores, Mariusz Borowiak, disse numa conferência de imprensa improvisada na altura:

“Não somos bandidos.”

 

 

A indústria agrícola polaca foi abalada por uma decisão da UE de suspender os direitos aduaneiros com a vizinha Ucrânia, numa disputa que resultou em bloqueios contínuos da fronteira polaca com a Ucrânia.

Os agricultores entraram no Parlamento polaco com passes obtidos junto dos partidos Lei e Justiça (PiS) e Confederação. Foram convidados a falar com o ministro da agricultura, Czesław Siekierski, e não com Tusk pessoalmente, depois de terem iniciado o seu protesto.

Esta acção directa antecedeu um dia de protestos dos agricultores polacos, na sexta-feira, 10 de maio, que se queixaram da ineficácia dos controlos na fronteira polaca com a Ucrânia e da iminente regulamentação do ‘Pacto Ecológico’  da União Europeia.

 

 

A eurodeputada polaca Beata Szydło (PiS) disse à imprensa:

“Como eurodeputada, há anos que venho alertando para as consequências do Pacto Ecológico Europeu, não só para a agricultura, mas para toda a economia da União Europeia. A indústria europeia está a deixar de ser competitiva, como se pode ver na Polónia, que se desenvolveu de forma extremamente dinâmica durante muitos anos e está agora ameaçada por uma crise provocada diretamente pelo Pacto Ecológico.”

Szydło disse que a manifestação de sexta-feira “não é um evento isolado, mas o início da luta contra o Pacto Ecológico”, acrescentando que já foram recolhidas 150 mil assinaturas para um referendo sobre a rejeição do Acordo.

A invasão da Ucrânia pela Rússia provocou, no último ano, uma corrida para reencaminhar o comércio de cereais do Mar Negro através da Europa de Leste, incluindo a Polónia. Ainda na semana passada, os agricultores polacos puseram fim a um bloqueio da fronteira com a Ucrânia, depois de terem garantido a promessa de um embargo temporário.

Varsóvia tem estado a lidar com um excesso de produtos agrícolas ucranianos baratos desde 2022, quando os eurocratas decidiram levantar os direitos aduaneiros sobre os produtos ucranianos para dar um alívio de emergência à nação devastada pela guerra.

Donald Tusk tem estado em conversações com grupos de agricultores desde Fevereiro. No último ano, a Europa assistiu a uma onda crescente de inquietação agrária devido a uma combinação de excesso de regulamentação verde, ao impacto da guerra ucraniana e ao risco colocado pelos acordos de comércio livre.

Esta não é a primeira vez que os agricultores polacos vão para as ruas protestar. Em Fevereiro deste ano acompanharam o levantamento do sector agrícola que aconteceu por toda a Europa, bloqueando estradas e fronteiras, e decretando uma greve geral.