Alexandre de Moraes, o juiz tirano

 

 

Em meio às intricadas teias da política nacional, o Brasil parece vagar em um labirinto de controvérsias e decisões judiciais questionáveis, lançando ainda mais dúvidas sobre o estado da democracia no país. Enquanto as autoridades proclam a defesa inabalável dos valores democráticos, na prática, testemunhamos um teatro distorcido onde a liberdade individual é subjugada a interesses obscuros e interpretações tendenciosas.

O Supremo Tribunal Federal (STF), personificado pelo ministro Alexandre de Moraes, emerge como um farol autoproclamado de sabedoria, relegando os demais poderes à irrelevância e reescrevendo as regras do jogo democrático. Exemplos recentes incluem o caso envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, no qual a interpretação questionável de supostas provas e conjecturas sem embasamento sólido foi utilizada para embasar investigações e decisões judiciais controversas.

Os juízes, enxergados como divindades judiciais, deixam o Legislativo ajoelhado em submissão, transformando o papel de freios e contrapesos em mera fachada de governança. Da mesma forma, casos como as constantes interferências políticas por meio de decisões judiciais obscuras envolvendo autoridades notáveis como Dias Toffoli, Cristiano Zanin, e Flávio Dino, exemplificam a erosão dos princípios democráticos em prol de agendas particulares.

Nesse cenário grotesco, o STF se eleva como árbitro supremo, impondo suas vontades sobre os destinos políticos do país e avançando para além dos limites legais, adentrando um território de decisões arbitrárias e parciais que minam a confiança na estrutura democrática. O Brasil se vê, assim, imerso em um turbilhão onde a democracia é corroída por dentro, e os alicerces constitucionais são ameaçados por agendas ocultas.

À medida que a crise se aprofunda, é cada vez mais evidente que a democracia brasileira se desintegra diante de nossos olhos, revelando uma nação sob a tutela de uma corte suprema que se considera acima de qualquer escrutínio ou questionamento. As pressões judiciais e a instrumentalização política evidenciam um país à deriva, onde as garantias individuais e os direitos fundamentais se tornam meros adereços em um espetáculo de arbitrariedade e injustiça.

 

 

No entanto, a narrativa oficial insiste em distorcer a realidade, transformando suposições em fatos, e conjecturas em sentenças irrevogáveis. O STF, em sua busca por “provas” e validações, desvirtua o próprio significado de justiça, substituindo a imparcialidade pela conveniência e a veracidade pela narrativa conveniente do momento.

Em meio a esse circo de horrores, encapsulado pelo fatídico 8 de Janeiro de 2022 (o 6 de Janeiro brasileiro), as intransigências e abusos institucionais cometidos revelam as entranhas de um sistema corrompido. Enquanto os políticos dançam nos bastidores do poder, o Brasil oscila entre o ridículo e a conspiração, perdendo sua essência democrática no processo.

Neste teatro do absurdo, onde os juízes se tornam deuses e as provas se transformam em ficções convenientes, a democracia brasileira enfrenta sua própria encruzilhada, questionando-se se há redenção em um palco tão corrompido.

 

MARCOS PAULO CANDELORO

__________

Marcos Paulo Candeloro é graduado em História (USP – Brasil), pós-graduado em Ciências Políticas (Columbia University – EUA) e especialista em Gestão Pública Inovativa (UFSCAR – Brasil). Aluno do professor Olavo de Carvalho desde 2011. É professor, jornalista e analista político. Escreve em português do Brasil.