O Parlamento Europeu abriu uma investigação contra um eurodeputado nacionalista flamengo por “discurso de ódio”, depois de este se ter referido à política de asilo da UE como uma forma de “substituição demográfica organizada” num debate plenário.

Tom Vandendriessche, do Vlaams Belang, que representa os separatistas flamengos desde 2019, fez os comentários num debate em Estrasburgo que marcou o início da presidência belga do Conselho Europeu, na quarta-feira.

Em referência ao muito debatido Pacto de Migração da UE, Vandendriessche declarou – e bem – que o objectivo do pacto e da maior parte da política da UE sobre o assunto era “atrair mais migração”, em resposta aos comentários feitos pela Comissária dos Assuntos Internos, Ylva Johansson, sobre a necessidade da Europa aceitar migrantes adicionais.

“Ela quer trazer mais um milhão de migrantes para a Europa, além dos muitos milhões que já temos”, prosseguiu Vandendriessche, afirmando que esta é a própria definição de substituição demográfica.

As suas observações provocaram imediatamente a ira dos eurodeputados progressistas, incluindo a federalista Sophie in ‘t Veld, que se opôs ao uso da palavra “omvolking” – ou repovoamento – que ela chamou de “terminologia semelhante à nazi”.

In ‘t Veld remeteu o assunto à Presidente do Parlamento, Roberta Metsola, que anunciou que iria lançar uma investigação sobre as palavras de Vandendriessche e examinar se elas violavam as regras de conduta da assembleia.

 

 

Respondendo a um pedido de comentários do The European Conservative, Vandendriessche reafirmou que estava apenas a repetir as palavras dos Comissários da UE ao Parlamento, acrescentando:

“Esta UE está a tornar-se cada vez mais numa União Europeia de Repúblicas Socialistas Soviéticas, onde a oposição é perseguida por dizer a verdade”.

Esperando um bom desempenho nas próximas eleições nacionais e europeias, o Vlaams Belang divulgou uma declaração oficial referindo-se à investigação como um “ataque directo à democracia” e classificando como absurda a alegação de que as palavras de Vandendriessche tinham conotações nazis.

Se for considerado culpado pelas autoridades parlamentares de utilização de discurso de ódio, Vandendriessche poderá enfrentar uma multa ou mesmo suspensão dos seus direitos de voto ao abrigo do Regimento do Parlamento Europeu.

Não é a primeira vez que os eurodeputados foram investigados por “discurso de ódio”. Em Maio, três membros do Parlamento Europeu foram assediados pela Gestapo de Estrasburgo pelos seus comentários sobre o Islão e a migração. E o eurodeputado polaco Janusz Korwin-Mikke foi suspenso por dez dias e penalizado em 9.210 euros pelos seus comentários de 2017 sobre as disparidades salariais entre homens e mulheres.

A iliberal “democracia” dos liberais, no seu esplendor.