O Comandante-em-Chefe das Forças Armadas Suecas, Micael Bydén, que quando for grande quer escrever romances de ficção científica.
EPA-EFE/PONTUS LUNDAHL SWEDEN OUT

 

Os principais intervenientes no sector da segurança sueca, incluindo o Ministro da Defesa, Carl-Oskar Bohlin, e o Comandante Supremos das Froças Armadas do país, Micael Bydén, concordam que a Suécia poderá em breve enfrentar uma guerra e apelaram a uma maior resiliência, nomeadamente entre a população civil.

No contexto da adesão da Suécia à NATO em 2024 e da guerra da Rússia na Ucrânia, o Ministro da Defesa Civil sueco, Carl-Oskar Bohlin, exortou os seus concidadãos a prepararem-se para um imaginário conflito, na conferência Folk och Försvar, em Sälen.

Bohlin mostrou-se preocupado com o facto de a modernização do sistema de defesa civil sueco não estar a ser suficientemente rápida e apelou a todos, desde gestores e conselheiros locais a cidadãos particulares, para que tomem medidas. Sublinhando que a sensibilização tem de se traduzir em acções práticas, o ministro afirmou:

“Muitos já o disseram antes de mim, mas permitam-me que o diga com a força do meu cargo – pode haver uma guerra na Suécia. Este esforço só pode ser feito com rapidez suficiente se a grande maioria das pessoas estiver consciente da situação e compreender o que está em jogo”.

Ao comentar a declaração de Bohlin na emissora sueca SVT, na segunda-feira, o Comandante-em-Chefe das Forças Armadas Suecas, Micael Bydén, disse concordar com as palavras do ministro.

“A nível individual, temos de nos preparar mentalmente. Esta é uma situação muito grave e a clareza de ontem foi inequívoca. Trata-se agora de passar das palavras e da compreensão à acção”.

Bydén salientou os investimentos e os esforços significativos realizados nos últimos anos para reforçar a segurança da Suécia, ao ponto da capacidade de defesa do país ser agora muito mais forte, mas também afirmou que quanto mais cedo a Suécia se tornar membro de pleno direito da NATO, melhor, acrescentando:

“A esperança não é uma estratégia sobre a qual se possam construir planos, mas a esperança deve existir. Nem tudo é desgraça e tristeza. Olhemos para as notícias da Ucrânia e façamos a nós próprios estas perguntas simples: Se isto acontecer aqui, estou preparado? O que é que devo fazer? Quanto mais pessoas pensarem, reflectirem e se prepararem, mais forte será a nossa sociedade”.

A Agência Sueca para as Contingências Civis (MSB) tem agora a tarefa de ajudar as autoridades e empresas essenciais e críticas para a guerra a reforçar a sua organização em tempo de guerra, e o governo sueco pretende também efectuar uma análise sobre a forma de melhorar a segurança do abastecimento de produtos de saúde.

 

Escusado será dizer que nem Bohlin nem Bydén revelaram quaisquer provas ou até indícios, baseados em relatórios de inteligência, análises geo-estratégicas ou relatos diplomáticos, que demonstrem verdadeira a tese de que a Rússia poderá desejar fazer a guerra em território sueco. E a verdade é só esta: se neste momento esse risco deve estar perto do zero, a entrada da Suécia na NATO, tão desejada pelos poderes instituídos neste país, aumentará com certeza as probabilidades de uma desgraça, por muito remotas que permaneçam.

Por outro lado, a recusa da Suécia em partilhar com a Rússia os resultados da investigação Nord Stream, uma confirmação lapidar, embora talvez involuntária, de que, como sempre foi claro, não terá sido a Rússia a fazer explodir o seu próprio gasoduto, não contribuiu nada para pacificar as relações entre os dois países.

Ainda assim, o primeiro inimigo da Suécia é o seu próprio corpo de políticos, que transformaram uma dos países mais seguros e socialmente estáveis no mundo, num inferno de crimes e violações, graças às políticas de imigração desenfreada assumidas pelo país.

 

Num discurso à nação em Outubro do ano passado, o primeiro-ministro sueco anunciou que iria pedir às forças armadas para apoiarem a polícia no combate ao crime sem rédea que grassa no país. Mas pelos vistos os militares estão mais preocupados com ameaças imaginárias.

Avisos de guerra suecos ridicularizados em Moscovo.

O senador russo Alexei Pushkov desvalorizou os receios de uma possível guerra na Suécia, expressos por alguns dos principais responsáveis pela segurança do país, na terça-feira, chegando mesmo a gozar com o peso geopolítico do país nórdico.

Pushkov, que é presidente do comité de informação do Senado russo, afirmou numa mensagem no Telegram que a Suécia é um dos primeiros países da Europa no que diz respeito à paranoia anti-russa.

“Porque os submarinos russos pescam por lá há muitos anos, para alguns suecos a paranoia anti-russa tornou-se a principal ocupação da vida”.

O Senador russo classificou o aviso de Bydén sobre uma possível guerra como um “disparate” que a Suécia tem vindo a propagar há muitos anos.

“Aparentemente, é assim que tentam dar à Suécia uma importância geopolítica que ela não tem. Por vezes, parece que alguns militares suecos, bem como jornalistas, estão quase a sonhar com a guerra.”

Alexei Pushkov não perdeu a oportunidade para uma farpa de fundamento histórico, referindo-se à derrota sueca de 1709 em Poltava, que marcou o início da ascensão da Rússia ao estatuto de grande potência e o declínio do poderio imperial sueco.

“Os suecos não conseguem acalmar-se desde a derrota de Poltava”.

Os suecos, se tivessem juízo, poupavam-se a este tipo de directas no queixo.