O apresentador da MSNBC, Joe Scarborough, afirmou em directo na terça-feira da semana passada que Donald J. Trump irá “executar”, “aprisionar” e “expulsar do país” aqueles que ele considera seus inimigos, no caso de ser eleito para um segundo mandato presidencial.

Discursando ao lado da co-apresentadora Mika Brzezinski no seu programa Morning Joe, Scarborough disse:

“Ele não é um candidato normal, ele está a concorrer para acabar com a democracia americana como a conhecemos… Se quisermos ser justos, então temos que enquadrar isto como Joe Biden sendo o candidato que apoia a democracia americana, e Donald Trump, um candidato que apoia uma nova forma de governo autoritário.”

Antes de introduzir na conversa o racista anti-branco e anti-semita Al Sharpton, o apresentador da MSNBC protestou pelo facto de haver nos EUA quem não queira fazer comparações delirantes entre Trump e líderes fascistas do século passado:

“As pessoas dizem que não se pode comparar Trump a um ex-líder nazi, mas isso é apenas porque o sistema judicial americano o impediu de ir tão longe quanto os ditadores do século XX.”

E concluiu o seu impecável raciocínio, que certamente resulta mais do pânico do que do senso comum:

“Só porque ele ainda não fez isso, não significa que não o fará quando tiver a chance de fazê-lo, e se for eleito para o cargo irá prender, irá executar, quem quer que ele tenha permissão para prender, executar e deportar. Basta olhar para o passado dele. Não é muito difícil de ler!”

 

 

A análise de Scarborough é resultado de um fenómeno característico da esquerda americana, que é o da projecção. Porque se há alguém que está a utilizar o mandato presidencial e a perverter o sistema judicial para perseguir e prender os seus adversários políticos, se há alguém com ideias e práticas autoritárias que estão a destituir a democracia americana, esse alguém é Joe Biden.

Scarborough e Brzezinski já foram grandes amigos de Trump e até lhe telefonaram no dia das eleições de 2016, antecipando erradamente que ele perderia, mas na expectativa de que continuassem a manter relações cordiais.

O próprio Trump disse que eles ainda estavam a tentar cair nas suas boas graças logo após a sua vitória eleitoral:

“A Milka louca de baixo QI e o psicótico Joe vieram a Mar-a-Lago três noites seguidas na véspera de Ano Novo e insistiram em juntar-se a mim. Mas como ela estava a sangrar imenso de uma plástica ao rosto eu disse que não!”

Se tudo isto não fosse tão deprimente, podia ser matéria de comédia.