A guerra civil que já há uns anos largos se trava oficiosamente nos Estados Unidos, começou oficialmente a 8 de Agosto, quando o FBI fez uma rusga à residência de Donald Trump, sem uma acusação formada nem qualquer informação pública sobre os motivos da acção, para além de vagas referências a omissos documentos referentes à sua presidência. Nunca nada deste género aconteceu na história do país. A suspensão do sistema constitucional e instrumentalização do Departamento de Estado, do sistema judicial, da CIA e do FBI para fins de perseguição política parecia atingir, nesse momento, o seu apogeu.

A 1 de Setembro, porém, num sinistro e cenograficamente assustador discurso à nação, Joe Biden deu um passo em frente na direcção da guerra aberta à dissidência política, acusando metade dos americanos de extremismo e de constituírem uma ameaça à democracia e à segurança interna da federação, justificando assim o ciclo de caça às bruxas que na verdade tinha sido iniciado logo desde que a actual administração tomou posse.

Daí para cá, a perseguição de personalidades do Partido Republicano ligadas a Trump, por parte da agência federal transformada em polícia política, tem apenas ganho intensidade. Na semana que se seguiu aconteceu isto:

 

 

Se os populistas americanos fossem a ameaça à segurança interna que são acusados de ser, o país já estava a ferro e fogo, por esta altura. Acontece que esta é uma guerra civil em que só um lado tem o poder militar, policial, executivo e judicial, para desenvolver hostilidades.

Acontece que esta é uma guerra civil só com uma trincheira, só com um exército e perpetrada apenas por um partido. Todos os que não estão nessa trincheira vão ser vítimas da sua patética fragilidade e da sua trágica ingenuidade. A transição da federação americana para um regime de partido único é agora inevitável. Muito simplesmente porque não existem, no Partido Republicano, recursos materiais e imateriais para defender a constituição, a república federal e o que sobra das instituições democráticas do país.

E o aparelho Democrata de Washington sabe disso muito bem. Sabe que a aquisição totalitária do poder depende apenas da sua vontade e da sua iniciativa, porque do outro lado do espectro político não há quem tenha qualquer hipótese de resistir ao assalto.

E assim sendo, o que se está a passar na América até tem mais de golpe de estado do que conflito civil.

 

A América numa panela de pressão.

Aproveitando esta vaga de repressão que o regime Biden levantou tempestuosamente, o aparelho político e mediático do Partido Democrata sublinhou o 21º aniversário do ataque às torres gémeas com afirmações incendiárias sobre o barril de pólvora da Federação. A vice-presidente Kamala Harris chegou ao ponto de qualificar os seus compatriotas que votaram Trump ou que não se revêm nas políticas da actual administração com os operacionais da Al-Qaeda que fizeram desmoronar o World Trade Center, ou mais perigosos ainda. E afirmando que o 11 de Setembro de 2001 e o 6 de Janeiro de 2021 são fenómenos comparáveis no que respeita à segurança interna e à integridade da nação.

Ninguém na verdade acredita que assim é. Ou, pelo menos, ninguém que mantenha um ou dois neurónios operacionais. Nem os democratas, nem as cabeças falantes da imprensa mainstream, nem os activistas mais radicais da esquerda americana. Mas a radicalização do discurso, por muito disparatada que seja, tem um objectivo pragmático, que é a divisão da América entre bons e maus, inocentes e terroristas, virtuosos e pecadores de forma a que se estabeleça, por incrível que possa parecer, uma plataforma moral que legitime o poder totalitário de uns e a perseguição política dos outros.

Tulsi Gabbard, que há três anos atrás concorria como democrata nas primárias para o ticket presidencial, é a imagem da revolta e do ultraje que muitos milhões de americanos devem estar a sentir. Mas também da sua impotência.

 

 

A semanas das eleições intercalares, os Estados Unidos são um panela de pressão, que assobia ensandecida. E não há quem queira, ou quem possa, desligar o fogão.

 

Uma feroz república das bananas.

O FBI está agora a perseguir e a intimidar cidadãos que nem sequer têm perfil público e que não exercem ou exerceram cargos políticos, só porque manifestam nas redes sociais apoio a Donald Trump. Eis um testemunho da purga que Joe Biden iniciou formalmente com o seu discurso de 1 de Setembro.

 

 

Tucker Carlson descreve e enumera as várias dimensões de repressão política por trás do golpe de estado de inspiração totalitária que está neste momento a desenrolar-se na América. A situação é verdadeiramente arrepiante. Se isto pode acontecer nos Estados Unidos, onde é que não pode acontecer?

 

 

O pundit da Fox News coloca o dedo na ferida: foi a inacção e a ingenuidade do aparelho republicano que permitiu aos radicais democratas o assalto a todas as frentes de poder da federação: das procuradorias às polícias, dos tribunais aos organismos burocráticos de governação federal, da imprensa ao Pentágono, a orquestra executiva, legislativa, judicial, policial, militar e mediática está integralmente alinhada no sentido de anular a constituição e transformar o regime numa oligarquia despótica.

E agora, pouco há a fazer. A direita, na América, foi destituída da sua capacidade de reacção. Vai ser purgada. Vai ser institucionalizada. Vai ser condicionada a existir apenas como braço fantoche da oligarquia, de forma a que não seja necessário extinguir por completo o processo eleitoral. Basta que os conservadores, os liberais de centro direita, os libertários e os populistas não tenham em quem votar senão em candidatos alinhados com a volição totalitária do regime.

 

Se o ContraCultura fosse uma publicação americana, constituiria uma ameaça terrorista.

O cacique que o regime Biden colocou à frente do Department of Homeland Security (DHS) acha que a dissidência política online é uma ameaça terrorista. Pura projecção: o terrorista é ele, Alejandro Mayorkas, que até no “indivíduo” vê um inimigo do estado:

“We are seeing an emerging threat over the last several years of the domestic violent extremist. The individual here in the United States radicalized to violence by a foreign terrorist ideology, but also an ideology of hate, anti-government sentiment, false narratives propagated on online platforms, even personal grievances.”

Como é cristalino no tempo real do que está a acontecer na América, o “extremismo violento doméstico” não existe de todo, caso contrário este rapaz já há muito tinha sido enfiado numa cela qualquer de Guantanamo.

Esta gente está possuída. E de tal forma, que logo depois destas inacreditáveis declarações de Mayorkas, a retórica do regime ainda conseguiu subir o tom: Tim Ryan, o congressista democrata eleito por Ohio, fez estas declarações à imprensa:

 

 

Como um mau guião de Hollywood.

Mas sendo os americanos, americanos, a purga não podia passar sem a sua referência hollywoodesca: o aparelho democrata do estado de Illinois fez passar uma lei que parece decalcada do guião da horrível série de péssimos filmes “The Purge”, em que é dada carta verde a criminosos para, durante 24 horas, cometerem toda a espécie de barbaridades. Como a realidade supera sempre os horrores da ficção, no caso do estado que por acaso até integra uma das cidades mais violentas dos Estados Unidos, Chicago, essa carta verde não vai ser dada por 24 horas, mas indefinidamente, porque a partir de Janeiro de 2023 não haverá lugar a prisão preventiva para criminosos acusados de crimes como homicídio em segundo grau, homicídio em primeiro grau por indução de drogas, sequestro, roubo, assalto violento, fogo posto e etc. Ou seja, a polícia pode prendê-los mas serão libertados logo depois de serem conduzidos aos tribunais de primeira instância. Isto entre outras péssimas ideias que esta lei vai introduzir e cuja insanidade um mayor local, Keith Pekau, tenta explicar aos seus concidadãos, mal acreditando no que está a acontecer.