Um memorando interno do Departamento de Estado dos EUA apela a que a administração Biden altere a sua estratégia em relação a Israel, acusando os funcionários do governo federal americano de “disseminarem desinformação” sobre o desenrolar do conflito em Gaza.

O memorando, obtido pela Axios, foi assinado por 100 funcionários do Departamento de Estado e da USAID e insta os altos quadros do regime Biden a reavaliar a política dos EUA em relação a Israel e a exigir um cessar-fogo que ponha um fim à resposta ao ataque terrorista realizado pelo Hamas a 7 de Outubro. No memorando podemos ler:

“Os membros da Casa Branca e do Conselho de Segurança Nacional demonstraram um claro desrespeito pelas vidas dos palestinianos, uma falta de vontade documentada para reduzir a intensificação do conflito e, mesmo antes de 7 de Outubro, uma imprudente falta de previsão estratégica”.

O documento também critica o Presidente Joe Biden por questionar o número de mortes de palestinianos, referenciando uma declaração que o Presidente fez recentemente, em que afirmou não ter “confiança” na contagem das vítimas.

Cerca de 1.400 pessoas foram mortas no ataque de 7 de Outubro. Israel respondeu com uma campanha de bombardeamentos aéreos que causou a morte de mais de 11.000 pessoas e feriu cerca de 28.200. Estes números podem aumentar, uma vez que pelo menos 2.551 pessoas continuam presas sob os escombros dos 53.700 edifícios que Israel destruiu.

No último mês, as forças militares israelitas lançaram mais bombas em Gaza – que tem aproximadamente o tamanho de Manhattan – do que os Estados Unidos lançaram no Afeganistão durante um ano.

O memorando do Departamento de Estado apela vivamente a que o governo dos EUA “defenda a libertação de reféns tanto pelo Hamas como por Israel”, citando “milhares” de palestinianos detidos em Israel, incluindo aqueles “sem acusação”, segundo informou a Axios.

Os autores do documento também criticaram a decisão do governo israelita de cortar o acesso da Faixa de Gaza à electricidade e de limitar a entrega de ajuda humanitária, que resultou na deslocação de mais de 1,5 milhões de palestinianos. Neste contexto, o memorando conclui:

“Todos estes actos constituem crimes de guerra e/ou crimes contra a humanidade à luz do direito internacional. No entanto, não conseguimos reavaliar o nosso posicionamento em relação a Israel. Reforçámos a nossa inabalável assistência militar ao governo israelita sem linhas vermelhas claras ou accionáveis.”