Um novo anúncio de recrutamento do Exército dos EUA, que apresenta predominantemente homens brancos, apela a valores clássicos da masculinidade e da carreira militar e não inclui qualquer referência à ideologia de género que tem dominado a estratégia de apelo ao alistamento do Pentágono, está dar nas vistas na web e a suscitar comentários de que se trata de uma reacção a “15 anos de implacável lavagem ao cérebro”, ou que é um sinal de que “vamos definitivamente para a guerra”.

O anúncio de 30 segundos mostra um grupo de soldados a saltar de um helicóptero Chinook e a saltar de para-quedas para o solo, juntamente com os slogans “As tuas maiores vitórias nunca serão alcançadas a sós” e “Sê tudo o que podes ser”. O vídeo tornou-se viral no X, acumulando mais de 11,3 milhões de visualizações.

 

 

A maior parte dos comentários satirizavam o anúncio pelo seu óbvio recuo em relação ao fervor religioso da “equidade” e da “diversidade”.

Como o ContraCultura observou no ano passado, os anúncios de recrutamento do exército americano nos últimos anos são verdadeiros objectos de propaganda woke, incluindo um que apresentava a Cabo Emma Malonelord, que foi “criada por duas mães” e tinha “marchado pela igualdade”.

Não é assim de espantar que contas conservadoras nas redes sociais tenham comentado o vídeo de recrutamento com um misto de espanto e humor sardónico, sugerindo que se o Pentágono desistiu da mensagem woke é porque precisa mesmo de cativar jovens que sejam capazes de travar guerras reais e não as imaginárias batalhas de pronomes, preferências sexuais e marchas pela igualdade.

Peachy Keenan, o pseudónimo de uma escritora e editora da publicação conservadora The American Mind, também criticou o vídeo de recrutamento no X.

“O novo anúncio de recrutamento do exército americano é tão cínico. Depois de 15 anos de lavagem cerebral progressiva implacável e de um literal ‘stand down’ para erradicar os “extremistas” (ou seja, os conservadores brancos), enfrentam agora uma crise existencial de recrutamento e têm de voltar a seduzir os filhos dos ditos ‘extremistas’ para lutarem pelo seu país. Um país que já não existe”.

Lúcidas e assertivas palavras.

Mas Patrick Fox, um veterano da Força Aérea dos EUA e analista militar, também deve estar muito perto da verdade dos factos ao sugerir que o novo anúncio é uma resposta aos problemas de recrutamento amplamente divulgados pelo exército.

 

“Este é o anúncio de recrutamento equivalente ao exército americano ter carregado no botão de pânico. Este ano, ficaram 25% aquém dos objectivos de recrutamento”.

 

De facto, durante o último ano fiscal, o exército ficou 10.000 soldados aquém do seu objectivo de recrutar mais 65.000, depois de ter falhado o seu objectivo de 60.000 soldados no ano anterior por 15.000 efectivos. Em dois anos, 25.000 soldados a menos é um problema sério.

Esta estratégia, se bem que tardia, na medida em que a imagem woke, altamente politizada, que tem sido projectada nos últimos anos pelo Pentágono não desaparece de um dia para o outro e alienou uma boa parte da base de recrutamento, será de qualquer forma mais adequada aos objectivos mobilizadores do Pentágono do que campanhas anteriores como aquela, lançada pela Marinha, que apresentava um drag queen, o oficial subalterno Joshua Kelley, nome artístico Harpy Daniels, como “embaixador digital”.

Políticas controversas implementadas pelas forças armadas dos EUA, como a de conceder privilégios especiais a militares transgénero, incluindo o financiamento dos procedimentos médicos de “transição”, isenções de requisitos de prontidão e até mesmo desvinculando-os da obrigação de serem destacados, também não ajudam. O senador republicano Tommy Tuberville está actualmente a bloquear cerca de 400 promoções militares em protesto contra a política do Pentágono de pagar as despesas dos militares relacionadas com abortos e mudanças de sexo.

Mas os problemas de recursos humanos do Pentágono não se reduzem às modas do politicamente correcto. Como o Contra já noticiou, a taxa de obesidade nas forças armadas dos EUA duplicou nos últimos 10 anos, sendo que mais de 1 em cada 5 soldados é obeso e mais de 4 em cada 10 têm excesso de peso.

Por outro lado, um recente relatório do Departamento de Defesa americano revelou um aumento brutal nos suicídios de soldados americanos no activo. Não admira que o Pentágono esteja a sentir dificuldades no recrutamento.