No mapa térmico da ABC, o Canadá está a ferver. A Sibéria também. Só a Escandinávia, os Himalaias, os Andes e a Austrália escapam ao Julho mais tórrido desde que Deus acendeu a luz no cosmos.

 

 

Na semana passada, a indústria do aquecimento global e as suas araras da imprensa corporativa fizeram um esforço conjunto para declarar os dias 3 e 4 de julho como os dias mais quentes da história da Terra. Nada mais nada menos, até porque toda a gente sabe que âncoras de telejornal e burocratas do estado são peritos em ciência climática e meteorologia, que até deve ser das ciência exactas, a menos exacta. Ainda assim, do fundo da sua imensa sabedoria, meios de comunicação social como a ABC, o The New York Times, a Axios e a Bloomberg citaram o modelo informático Climate Reanalyzer da Universidade do Maine, para firmarem a sua verdade absoluta.

Acontece que o acerto deste modelo de projecção de alterações climáticas tem sido deveras questionado e até a americana Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) disse à AP News:

“Embora a NOAA não possa validar a metodologia ou a conclusão da análise da Universidade do Maine, reconhecemos que estamos num período quente devido às mudanças climáticas”.

Em resposta à reacção sonsa da NOAA, que tentava poupar as conclusões não verificáveis do modelo, o advogado ambiental Steve Milloy notou:

“NOAA foge da alegação de ‘dia mais quente’.”

 

 

Na noite de sexta-feira, o The Wall Street Journal publicou um artigo de Milloy intitulado “Dia Mais Quente de Sempre? Não acredite nisso.”

“Um problema óbvio com esta narrativa é que não há dados de satélite de há 125.000 anos atrás. As estimativas calculadas das temperaturas actuais não podem ser comparadas com as estimativas da temperatura global de milhares de anos atrás”.

Apesar das preocupações com a fiabilidade do modelo, a manchete de quinta-feira da Axios era: “A Terra vê os três dias mais quentes já registados”, enquanto a Bloomberg publicou “O mundo registou os seus dias mais quentes nesta semana”.

Dias mais quentes desde quando? Desde há coisa de 120 a 150 anos atrás, que são os registos mais antigos que temos e que nem sequer se referem a temperaturas globais (ninguém estava a medir temperaturas na Sibéria do Século XIX ou nas pampas argentinas do princípio do século XX, por exemplo). Ora, a Terra tem qualquer coisa como 4 ou 5 mil milhões de anos. A escala do clima planetário não se mede em séculos, mas em eras. E acontece que estamos nesta altura a sair de uma era glaciar, pelo que até seria natural que as temperaturas fossem subindo gradualmente.

A narrativa exige que o público leigo aceite sem discussão as conclusões tiradas de modelos climáticos redutores e inexactos, canalizados de forma imprecisa e simplista pelos media e apoiados por palpites apocalípticos de gritante improbabilidade, expressos por activistas cujas carreiras profissionais dependem precisamente do medo que é libertado nas populações.

 

 

Mas como o Dr. John Christie, Professor de Ciências da Terra e da Atmosfera na Universidade do Alabama, observou recentemente:

“Os modelos não conseguem reproduzir fluxos de energia precisos, e essa é a questão central de como o sistema climático funciona”.

Apesar disso, os modelos climáticos continuam a constituir o argumento primeiro de que estamos no caminho do desastre, a menos que os seres humanos deixem de utilizar combustíveis fósseis. Mas o seu papel controverso está a ser posto em causa com crescente intensidade. A recente Declaração Climática Mundial, assinada por cerca de 250 professores universitários e liderada por um Prémio Nobel da Física, observou que

“Os modelos têm muitas falhas e não são remotamente plausíveis como instrumentos políticos globais. Temos de nos libertar da crença ingénua em modelos climáticos imaturos. No futuro, a investigação climática deve dar mais ênfase à componente empírica.”

Sábias palavras. Mas os protagonistas da indústria das alterações climáticas, que passaram as últimas três décadas correndo freneticamente de um lado para o outro do planeta em jactos particulares, profetizando como o mundo iria acabar em breve por causa das emissões de dióxido de carbono, não querem saber de nuances nem de evidências que invalidem as suas certezas religiosas. Estão sempre errados nas suas previsões, mas não há problema. Enquanto a imprensa lhes der ouvidos e as academias lhe derem credibilidade e os políticos lhes derem cargos e os ingénuos lhes derem ouvidos, será difícil detê-los.

São uma praga. E um dia destes vamos ter que fazer com eles o que às pragas se faz.