A 1 de Julho do ano passado, um Falcon 9 da Space X partiu do Cabo Canaveral com uma carga muito especial: o Telescópio Euclid, que foi transportado para o ponto geo-estacionário de ‘Lagrange 2 Sol-Terra’, a 1,5 milhões de quilómetros do nosso planeta.
A missão Euclid da Agência Espacial Europeia (ESA) foi concebida para explorar a composição e a evolução do Universo. O telescópio espacial irá criar um mapa 3D da estrutura do Universo em grande escala, observando milhares de milhões de galáxias até 10 mil milhões de anos-luz de distância, abrangendo mais de um terço do céu. As suas obervações permitirãoestudar com mais detalhe a forma como o universo se expandiu e como se estruturou ao longo da história cósmica, revelando mais sobre o papel da gravidade e a natureza da energia escura e da matéria escura.
Ao contrário do Telescópio Espacial James Webb, o Euclid capta apenas a luz óptica, ou seja, o espectro de luz que é perceptível ao olhar humano. Para compensar essas vistas curtas, o telescópio está equipado com lentes super-sensíveis que produzem imagens 11x4K.
Chegado ao seu destino, o Euclid experimentou problemas técnicos com os sensores de orientação e esteve em risco de se tornar num fiasco monumental, não conseguindo manter-se estável nem focar os espaço profundo. Porém, depois de actualizado com novas linhas de código, começou a trabalhar normalmente e enviou para a terra algumas boas imagens de teste. Logo depois, porém, os técnicos da ESA detectaram um novo problema: partículas de humidade que o telescópio tinha trazido consigo da Terra estavam a cristalizar-se em finas camadas de gelo, nos espelhos das lentes, por causa das baixas temperaturas do espaço exterior. O problema foi resolvido, pelo aquecimento dos instrumentos específicos que apresentavam os cristais gelados. Assim, em Março deste ano, o Euclid começou a sua tarefa de mapear o cosmos, num mosaico de 40.000 imagens captadas em alta resolução, com exposições localizadas de 75 minutos de duração.
A primeira página do grande atlas cósmico.
A 15 de outubro de 2024, a missão revelou a primeira parte do seu grande mapa do Universo, que mostra milhões de estrelas e galáxias. Esta primeiro segmento, que é um enorme mosaico de 208 gigapixéis, foi revelado no Congresso Internacional de Astronáutica em Milão, Itália, pelo Director-Geral da ESA, Josef Aschbacher, e pela Diretora de Ciência, Carole Mundell.
O mosaico contém 260 observações efectuadas entre 25 de março e 8 de abril de 2024. Em apenas duas semanas, o Euclid cobriu 132 graus quadrados do céu austral com um detalhe incrível, mais de 500 vezes a área da Lua cheia vista da Terra.

Este mosaico representa apenas 1% do vasto levantamento que o Euclid irá efectuar ao longo dos seis anos que irá durar a sua missão. Durante este levantamento, o telescópio observa as formas, distâncias e movimentos de milhares de milhões de galáxias até 10 mil milhões de anos-luz. Ao fazê-lo, criará o maior mapa cósmico 3D alguma vez feito.
Esta primeira parte do mapa já contém cerca de 100 milhões de objectos celestes: estrelas na nossa Via Láctea e galáxias mais distantes. Cerca de 14 milhões destas galáxias poderão ser utilizadas para estudar a influência oculta da matéria e da energia negras no Universo.
Valeria Pettorino, cientista do Projeto Euclid afirmou a este propósito:
“Esta imagem espantosa é a primeira parte de um mapa que, dentro de seis anos, revelará mais de um terço do céu. Isto é apenas 1% do mapa e, no entanto, está repleto de uma variedade de fontes que ajudarão os cientistas a descobrir novas formas de descrever o Universo.”
As câmaras sensíveis da nave espacial captaram um número incrível de objectos com grande detalhe. Fazendo um zoom muito profundo no mosaico, podemos ainda ver claramente a estrutura intrincada de uma galáxia em espiral.
Uma caraterística notável do mosaico são as nuvens ténues entre as estrelas da nossa própria galáxia, que aparecem a azul claro contra o fundo negro do espaço. São uma mistura de gás e poeira, também chamadas “cirros galácticos” porque se assemelham a esse tipo de nuvens. O Euclid consegue ver estas formações com a sua câmara super-sensível porque elas reflectem a luz óptica da Via Láctea.
O mosaico divulgado hoje é uma amostra do que está para vir com a missão Euclid. Desde que a missão iniciou as suas observações científicas de rotina em Fevereiro, 12% do levantamento já foi concluído. O lançamento de 53 graus quadrados do estudo, incluindo uma antevisão das áreas do Euclid Deep Field, está previsto para março de 2025. O primeiro ano de dados cosmológicos da missão será divulgado à comunidade científica em 2026.
Como aconteceu com as observações do James Webb, é previsível que as imagens do Euclid surpreendam a escolástica estabelecida e ponham em causa muitos dos dogmas da cosmologia contemporânea.
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