Convenhamos: o estatuto de perito entrou em falência técnica. Durante a pandemia foi-nos dito para confiar na sua competência e autoridade académica. Estavam errados em tudo ou quase tudo (talvez tenham acertado na transmissibilidade do vírus). Depois, disseram-nos que a emissão de moeda em quantidades siderais não provocaria inflação. Os resultados desastrosos estão à vista. A seguir informaram-nos que as sanções económicas impostas à Rússia teriam profundo impacto na economia da nação beligerante e seriam determinantes para que Vladimir Putin reconsiderasse a sua estratégia militar. As sanções prejudicaram toda a gente menos os russos.
Até a Insuportavelmente pidesca The Atlantic reconhece que os peritos tiverem um ano difícil, mas que ainda assim devemos confiar neles. A sério? Se calhar não. Se calhar o melhor é confiarmos no nosso próprio bom senso. Na nossa inteligência. Nos nossos instintos. E é fácil fazê-lo até porque os peritos só nos recomendam comportamentos doentios e contrários à natureza humana: fecha-te em casa, não vás trabalhar, permite que o estado te subsidie, distancia-te dos outros, amordaça-te com máscaras da loja chinesa, injecta-te com terapias genéticas experimentais, liberta o teu ódio sobre os russos, come insectos, não tenhas filhos ou deixa que eles mudem de sexo enquanto infantes, não penses com a tua própria cabeça e aceita as “verdades” do estado que te são afirmadas todos os dias à hora do telejornal, e assim sucessivamente até à depressão absoluta e à eliminação de qualquer vestígio de sanidade, individualidade e livre arbítrio.
No brilhante monólogo de segunda-feira passada, Tucker Carlson questiona-se e questiona a sua gigantesca audiência nestes termos: perante a evidente e gritante falência da peritagem contemporânea, porque raio é que as “autoridades”, e o seu vector mediático dos meios de comunicação social corporativos, continuam a insistir que os cidadãos respeitem os trogloditas que se apresentam como sábios especialistas em todas as matérias e mais algumas e que exigem aos povos a submissão às suas falaciosas e perversas directivas? A resposta é clara: as alteraçãoes climáticas. Para salvar o planeta temos mais uma vez que obedecer aos peritos.
O problema é que, sobre este assunto como sobre todos os outros, os peritos erram constante e desavergonhadamente.
Tucker começa por pegar no episódio, que o Contra já noticiou, em que Greta Thunberg (uma perita na ciência climática que nem o liceu terminou) foi discretamente apagar um tweet de 2018 que profetizava o fim do mundo em 2023. As afirmações do cientista de Harvard que i tweet sublinhava estavam, pelos vistos, equivocadas. E a rapariga sueca também. Mas vale a pena acompanhar o anfitrião da Fox News numa rápida revisitação ao passado, para percebermos o quanto estão errados os peritos do apocalipse climático e há quanto tempo erram descarada e impunemente.
Paul Ehrlich, escreveu em 1969 no New York Times que nos espaço de duas décadas a raça humana ia desaparecer integralmente numa azulada nuvem de vapor. Já passou mais de meio século e ainda cá estamos. O Paul Ehrlich também ainda cá está, já tens uns bons 90 anos, mas continua a publicar livros e a dar entrevistas em que anuncia o fim dos tempos para amanhã de manhã, como se estivesse carregado de razão desde o fim dos anos sessenta.
Em 1970 o Boston Globe noticiava que um grupo de cientistas previa que a poluição atmosférica ia encobrir o sol e criar uma nova idade do gelo no primeiro terço do século XXI. Esta previsão tinha 10 anos para acontecer, mas pelo que temos experimentado nestes primeiros 23, nada faz supor que tal cataclismo se realize.
Em 1972, no seguimento do estudo noticiado pelo jornal de Boston, a Universidade de Brown enviou um carta para a Casa Branca afirmando que os seus peritos estavam muito preocupados com a possibilidade de uma idade do gelo a curto prazo. Não definiram o que consideravam curto prazo, mas cinquenta anos é capaz de servir. A previsão, como é fácil de observar, não se concretizou.
Em 1974 o sempre radical The Guardian noticiou que a partir de dados de “satélites espiões” um grupo de peritos da universidade de Columbia acreditava que essa idade do gelo estava a chegar com grande rapidez. Não chegou nem rápida nem lenta.
Em 1977, o Mr. Spock, transformado em perito por um qualquer editor de notícias, apareceu num segmento televisivo a anunciar a fome e a morte numa escala sem precedentes por causa da ameaça de uma… Idade do gelo. Esta era glaciar ia afectar já os netos de pessoas com a idade do Mr. Spock na altura. O Mr. Spock, se fosse vivo, já tinha idade para ter bisnetos. E ninguém que viva a sul da Gronelândia está neste momento a ter dificuldades existenciais e operacionais decorrentes deste frio de fim dos tempos.
Estes foram alguns dos alarmes fundados num hipotético arrefecimento global. Mas no anos 80, à falta de calotes polares nas praias da Califórnia, os peritos deram uma cambalhota geo-térmica e começaram a explorar o filão do aquecimento global. Em 1989, a Associated Press noticiou que um burocrata das Nações Unidas afirmava que nações inteiras podiam ser arrasadas pela subida do nível dos mares se a subida das temperaturas atmosféricas não fosse travada no ano 2000. 34 anos depois, a Praia do Amado mantém o seu belo areal na sua exuberante e dourada extensão.
No mesmo ano, o perito Jim Hansen garantia que o West Side Highway, uma via rápida que corre paralela ao rio Hudson, estaria submersa dentro de duas ou três décadas, mas o trânsito continua insuportável nesta artéria de Manhattan, e não porque esteja alagada pelo fluxo fluvial.
Tucker dá um salto grande para o ano 2000 (porque os monólogos televisivos são económicos em minutos e não porque faltem exemplos de alarmismo climático nos anos 90), quando o The Independent anunciou que os nevões eram uma coisa do passado e que as crianças do Século XXI não iriam saber nunca o que era isso de nevar. Mas as crianças de hoje em dia ainda se divertem com bonecos de neve. Para trás ficaram as chuvas ácidas que iam acabar com as florestas na Europa e os buracos no ozono que iam dar oportunidade ao sol para fritar todos os seres vivos à superfície da Terra, entre muitos outros mitos do género dantesco.
Em 2004, o The Guardian alertava a sua audiência para este “facto” científico: as maiores cidades europeias serão submersas pela subida do nível do mar e a Grã-Bretanha será submetida a condições climatéricas siberianas em 2020. Ou seja, estamos aqui na fase em que o aquecimento global é concomitante com arrefecimento global, a contradição não é pertinente porque uma coisa é certa: algo vai correr mesmo muito mal. Por isso, o melhor é chamar ao fenómeno “alterações climáticas” para que ninguém precise de se comprometer com registos térmicos e outros detalhes dispiciendos do género.
Entretanto, sobe ao palco um dos príncipes perfeitos do catastrofismo climático, Al Gore de seu nome, que em 2006 publicou o famoso – ou infame – documentário “Uma verdade Incoveniente” (incoveniente para quem acreditou nas falácias nele inclusas, conveniente para a conta bancária do falso profeta), que previa uma série de desastres de carácter bíblico para o futuro imediato que nunca se realizaram. O Pólo Norte continua gelado, o planeta continua temperado e Al Gore continua a proferir as suas adivinhações de fim dos tempos como se nada fosse.
Ainda em 2006, a NBC News anunciava que um investigador climático jurava a pés juntos que o mundo tinha uma janela de oportunidade de 10 anos para tomar acções decisivas contra o aquecimento global, caso contrário aconteceria uma catástrofe exterminadora de tudo. Bom, se estas acções não foram tomadas, então não vale a pena tomá-las agora, por isso calem-se Thunbergs de todo o mundo porque estamos já condenados pela NBC e o melhor é aproveitar a vida enquanto não chega o prometido e inevitável armagedão.
Em 2008, a Associated Press (são sempre os mesmos) alertava que dentro de cinco a dez anos o Árctico ficaria livre de gelo oceânico no Verão. John Kerry, que percebe tanto de clima como o Contra percebe de máquinas de costura, confirmava a notícia. Mas em 2023, parece que o gelo continua a ser a forma como a água prefere manifestar-se à superfície do Pólo Norte.
Barak Obama, em 2008, prometia baixar o nível dos oceanos e salvar o planeta como quem promete fazer passar uma lei no Congresso. Mas segundo ele próprio parece que falhou nesse magno propósito, já que ainda hoje continua a aborrecer as pessoas com o discurso apocalíptico de todos os activistas climáticos. Se calhar, o planeta não quer ser salvo por dirigentes políticos barra prémios Nobel da paz que se divertem a bombardear casamentos no Médio Oriente.
Neil deGrasse Tyson, o célebre palrador sobre todas as coisas relacionadas com “ciência” (a palavra ciência para Tyson tem o mesmo significado que a palavra “democracia” para Trudeau), prometeu que em 2014 a estátua da liberdade estaria com água pelos cotovelos. E Joe Biden, que todos reconhecemos como um sábio das alterações climáticas, não se cansa de anunciar códigos vermelhos, sem sabermos bem a que cataclismo natural o senhor se refere, porque pode muito bem estar a falar de mais um daqueles acidentes cardio-vasculares que lhe acontecem semana sim, semana sim.
Como está enfim demonstrado, as previsões de fim do mundo são uma constante dos últimos cinquenta e tal anos. Nunca acontecem mas ninguém é responsabilizado pela deficiente capacidade profética. Até porque estes adivinhos de algibeira não lançam os falsos alertas por amor do planeta ou da humanidade ou do rigor científico, obviamente. Como sempre ou quase sempre na história universal dos oráculos, os palpites escatológicos são gerados por uma razão só: a vontade de poder. E essa volição justifica tudo, absolve de tudo, permite todos os delírios.
Mas ainda assim, os activistas do costume, insistem e insistem com últimos avisos que são últimos desde 1969:
A imprensa corporativa, como as academias, como as burocracias, como os conselhos de administração têm esta mania em comum, entre outras: não se cansam de errar. Porque errar, até agora, tem compensado. Até quando?
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