Cientistas do Instituto de Tecnologia da Califórnia e da Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, utilizaram células estaminais para criar aquilo a que chamam um “embrião humano sintético”. Os académicos envolvidos neste horror prometem que vão usar a tecnologia para fins de investigação e não para produzir pesadelos trans-humanos para além da nossa compreensão. Mas é suficiente a sua promessa?
Os “embriões” foram feitos sem espermatozóides ou óvulos, e não contêm um coração a bater nem nada que se assemelhe a um cérebro. No entanto,
“incluem células que normalmente formariam a placenta, o saco vitelino e o próprio embrião”.
As leis do Reino Unido impediriam que um embrião sintético fosse implantado num útero humano, mesmo que fosse capaz de se desenvolver numa criança de pleno direito, probabilidade que não é clarificada no estudo de Cambridge-Caltech. No entanto, os cientistas afirmam que podem utilizar os proto-embriões para fins de investigação.
O Dr. Ildem Akerman, Professor Associado em Genómica Funcional e Diabetes UK RD Lawrence Fellow, da Universidade de Birmingham, afirmou que há uma série de doenças que podem ser investigadas através desta tecnologia.
“A experiência fornecerá aos cientistas um modelo para investigar os eventos que ocorrem durante os primeiros 14 dias de vida. Até agora, só conseguimos observar estes processos em modelos animais como o peixe-zebra e os ratinhos. Ter este conhecimento pode ser extremamente valioso para a medicina regenerativa, em que os cientistas pretendem gerar diferentes tipos de células a partir de células estaminais (ou seja, células beta pancreáticas para pessoas que vivem com diabetes T1). Pode dar-nos conhecimentos valiosos sobre doenças genéticas”.
Ainda assim, Akerman questionou se o embrião criado pelo laboratório de Cambridge-Caltech poderia ser verdadeiramente chamado de “sintético”.
“É importante esclarecer que, embora os autores se refiram a embriões ‘sintéticos’, esses aglomerados de células não são verdadeiramente sintéticos no sentido de que não são criados a partir do zero”. Em vez disso, são derivados de células estaminais vivas que têm origem num embrião. Essencialmente, o que os cientistas fazem é cultivar uma única célula estaminal e encorajar o seu crescimento num grupo organizado de células que, em teoria, possuem o potencial para se desenvolverem num embrião implantável”.
Este não é o primeiro projecto deste âmbito conduzido pela Universidade de Cambridge. Utilizando apenas um complexo de células estaminais, uma equipa de investigadores da célebre escola superior conseguiu gerar um embrião de rato vivo, “sintético”, com um cérebro e um coração a bater. O embrião era viável e poderia ter continuado a desenvolver os seus órgãos e, eventualmente, tornar-se um rato vivo.
Alegadamente, as observações decorrentes deste projecto, eticamente muito discutível, podem proporcionar novas perspectivas sobre o desenvolvimento embrionário dos mamíferos e, por extensão, da gestação humana, ajudando os médicos a compreender melhor as causas de abortos espontâneos durante as fases iniciais da gravidez ou informar o estudo de órgãos cultivados em laboratório para serem doados, resolvendo a actual escassez de doadores.
Em declarações à imprensa, Magdalena Zernicka-Goetz, a líder da equipa de Cambridge afirmou que:
“O nosso modelo de embrião de rato não só desenvolve um cérebro, mas também um coração palpitante e todos os órgãos que compõem o corpo. É simplesmente inacreditável que tenhamos chegado até aqui. Este tem sido o sonho da nossa comunidade durante anos, e o foco principal do nosso trabalho durante uma década e, finalmente, conseguimos fazê-lo”.
Mas a verdade é que trabalhos desta natureza, que os académicos de Cambridge parecem tanto acarinhar, podem também fundar uma era de gestação artificial de animais e seres humanos. Não há qualquer garantia que este método não seja utilizado para fins nefastos. Sabemos hoje que a pesquisa de “ganho de função” em vírus perigosos para a espécie humana, justificada oficialmente como uma forma de proteger a humanidade contra ameaças biológicas, acabou por desencadear uma pandemia que matou milhões de pessoas e levou à instauração de protocolos tirânicos sobre as populações e à vacinação experimental em larga escala, cujos efeitos adversos estão a gerar excessos de mortalidade a nível global.
A gestação artificial de seres humanos é um velho pesadelo distópico. Para além de não conseguirmos definir cientificamente a partir de quando é que um embrião se torna um ser vivo, o que coloca logo à partida sérias dificuldades éticas a este tipo de investigações, a ideia anula por si só o que entendemos por ser humano: um mamífero bípede de grande volumetria craniana, gerado através da cópula entre um macho e uma fêmea da mesma espécie, cuja gestação é processada no útero da fêmea. A própria classe dos mamíferos a que pertencemos implica essa relação umbilical com a mãe. Ninguém sabe que género de criatura pode resultar da geração laboratorial, desprovida do natural desenvolvimento embrionário no ventre materno e sem um momento de parto.
A idade da inocência em relação ao “progresso” científico já não é a idade de hoje. Podemos e devemos questionar e monitorar o que fazem as academias e os centros de investigação no que diz respeito a programas que impactem directamente a condição humana, no sentido de salvaguardar os seus fundamentos biológicos, princípios ontológicos e axiomas morais.
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