Os EUA do tempo presente não param de nos bombardear com histórias que demonstram preto no branco que o Estado Profundo está a sobreviver tranquilamente à presidência de Donald J. Trump.
Uma das mais recentes dessas histórias, é a de James O’Keefe, um dos mais prolíferos e dissidentes jornalistas americanos, que em resposta à solicitação que fez ao Departamento de Justiça de Pam Bondi – que lhe fossem facultados os ficheiros relativos à causa provável da rusga que o FBI da administração Biden fez a sua casa e aos escritórios da empresa que dirigia na altura, o Project Veritas – foi presenteado com um documento quase completamente rasurado, de todo em todo ilegível.
Nas primeiras 3 páginas há apenas uma nota de rodapé que foi deixada visível. Reza assim:
“Baseado no meu treino e experiência, aprendi, entre outras coisas, que os telemóveis têm a capacidade de enviar e receber emails como os acima mencionados.”
A sério? O agente redactor do documento que presidiu a uma rusga para todos os efeitos inconstitucional aprendeu no decurso da sua vasta experiência que os telemóveis recebem e enviam emails?
Uau. Não fazíamos a mínima ideia. Isto vai transformar a vida de toda a gente…
Bom Deus. De que planeta vierem estes pides?
É claro que o detalhe é meramente anedótico e é claro que a gravidade da circunstância é que O’Keefe permaneceu ignorante sobre as verdadeiras causas do incidente, mas agora com a agravada colaboração da administração Trump.
E entregar um documento completamente rasurado a um homem que foi no anterior regime perseguido politicamente diz muito sobre a filosofia do actual Departamento de Justiça norte-americano.
Tão corrupto e comprometido como o anterior.
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