O ex-diretor do FBI James Comey publicou uma fotografia no Instagram na quinta-feira que foi imediatamente entendida como um apelo mais ou menos velado ao assassinato do Presidente Trump.

A imagem mostrava algumas conchas do mar dispostas nos números “86 47”, com o 47 referindo-se obviamente ao 47º presidente e o 86 referindo-se ao jargão que é utilizado no mundo do crime para assassinar alguém ou, no mínimo, remover alguém com recurso a violência ou chantagem.

 

 

Comey publicou uma imagem anterior a esta que o mostrava na praia a ler o seu próprio romance policial, FDR Drive, cujo enredo envolve uma personalidade de direita cujas acções, incluindo o incitamento à violência, são retratadas como um crime grave não protegido pela Primeira Emenda.

Mais tarde, Comey apagou o post, alegando que não tinha conhecimento do potencial significado da imagem que tinha publicado.

Sim, claro. O antigo director do FBI não sabe o que significa “86”…

Neste post que é a definição de desculpa esfarrapada, escreveu:

“Publiquei há pouco uma fotografia de umas conchas que vi hoje num passeio na praia, que presumi serem uma mensagem política. Não me apercebi que algumas pessoas associam estes números à violência. Nunca me ocorreu. Sou contra qualquer tipo de violência, por isso retirei o post”.

O actual diretor do FBI, Kash Patel, disse ter conhecimento da publicação e que está a falar com o director dos Serviços Secretos sobre o assunto.

A Secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, também confirmou que o Departamento está “a investigar esta ameaça e responderá de forma adequada”.

James Blair, vice-chefe de gabinete da Casa Branca para os assuntos legislativos, políticos e públicos, declarou:

“Trata-se de um claro apelo de Jim Comey aos terroristas e aos regimes hostis para matar o Presidente dos Estados Unidos quando este se desloca ao Médio Oriente”.

 

 

O chefe de gabinete adjunto da Casa Branca, Stephen Miller, também interveio.

 

 

A directora dos serviços de inteligência, Tulsi Gabbard, insistiu:

“James Comey acaba de lançar um apelo à acção para assassinar o Presidente dos Estados Unidos. Como ex-director do FBI e alguém que passou a maior parte de sua carreira processando mafiosos e gangsters, ele sabia exactamente o que estava a fazer e deve ser responsabilizado com toda a força da lei. Apoiamos totalmente a investigação dos Serviços Secretos sobre a ameaça de Comey contra a vida do Presidente Trump.”

Gabbard também discutiu o assunto numa entrevista à Fox News, afirmando que é inconcebível que Comey não conhecesse o contexto completo do termo “86”.

 

 

Insectos do pântano e outros apparatchiks estão a esforçar-se por defender Comey, alegando que ele apenas manifestou o desejo de que Trump seja afastado do cargo. Mas até isso leva à pergunta: com que fundamento? O homem é o Presidente do país, eleito democraticamente.

 

Trump reage.

Numa Entrevista à Fox News, Trump abordou a ocorrência:

“Ele sabia exactamente o que isso significava. Uma criança sabe o que isso significa. És o director do FBI e não sabes o que isso significa? Significa assassinato. (…) Ele não é muito competente, mas é competente o suficiente para saber o que aquilo significa. (…) Não quero tomar uma posição sobre o assunto, porque isso caberá a Pam [Bondi]. Mas vou dizer isto, acho que é uma coisa terrível e quando se junta a isso a história dele, que não é uma história limpa. Não é. É um polícia corrupto. É um polícia corrupto. E se ele tivesse um historial limpo, eu poderia entender se houvesse clemência. Mas vou deixar que eles tomem essa decisão”.

 

 

Comey foi notificado pelos Serviços Secretos para ser entrevistado sobre a publicação “86 47”.

James Comey enfrenta agora uma entrevista dos Serviços Secretos nas instalações de Washington. E a este propósito, Anthony Guglielmi, o porta-voz da agência de segurança, afirmou:

“Os Serviços Secretos investigam vigorosamente tudo o que possa ser considerado uma ameaça potencial contra os nossos protegidos.”

O Departamento de Segurança Interna (DHS) está activamente envolvido na investigação. Uma fonte policial indicou que Comey será questionado sobre se pretendia incitar à violência ou inspirar outros, com o Procurador dos EUA em Washington a decidir potencialmente sobre as acusações.

Jonathan Wackrow, analista da CNN e ex-agente dos Serviços Secretos, considerou a situação “decepcionante e alarmante”, observando que “é de facto uma situação muito séria que justifica uma verdadeira investigação”. Wackrow criticou a defesa de Comey, afirmando que “o director devia saber melhor”, especialmente tendo em conta os recentes confrontos de Trump com potenciais assassinos.

Escusado será dizer que tudo isto vai resultar em nada. Comey poderá até ir dar com os costados à prisão, mas por outro género de crimes que cometeu enquanto director do FBI. E mesmo assim, é duvidoso que tal aconteça.