A polícia proibiu uma grande manifestação planeada para sábado passado, em Viena, para apoiar o líder do Partido da Liberdade (FPÖ), Herbert Kickl, que foi excluído das negociações governamentais em curso apesar de ter obtido a maioria dos votos nas últimas eleições.
A manifestação, que deveria reunir 1,4 milhões de participantes, foi organizada pelo grupo Fair Thinking, que ganhou a antipatyia do establishment austríaco pelas suas manifestações dissidentes durante a pandemia de Covid-19.
O protesto, promovido como uma demonstração de apoio ao “Chanceler do Povo Kickl”, procurava desafiar a chamada “coligação do açúcar” dos partidos que estão a negociar a formação do governo. O FPÖ e Kickl, apesar do seu sucesso eleitoral, foram deixados de fora das negociações, o que provocou a indignação dos seus apoiantes.
Kickl, que já tinha participado nos protestos do Fair Thinking, tornou-se uma figura popular entre muitos austríacos, representando a oposição às políticas da Covid, insistindo na neutralidade no conflito da Ucrânia e expressando insatisfação com a elite política austríaca pelo seu empenhamento em políticas de imigração ensandecidas.
A data inicial do protesto, 9 de Novembro, que coincidiu com o aniversário dos pogroms nazis de 1938, suscitou a condenação de líderes políticos, incluindo o Chanceler Karl Nehammer, que considerou o momento uma “bofetada na cara dos familiares das vítimas”.
O Presidente Alexander Van der Bellen também expressou forte desaprovação, levando os organizadores a adiar o evento para 30 de Novembro.
No entanto, na quinta-feira, a polícia de Viena anunciou a proibição dos protestos ao abrigo do artigo 6, parágrafo 1, da lei austríaca sobre as assembleias. A justificação foi a possibilidade de perturbar o comércio nos bairros comerciais de Viena e o fluxo de tráfego.
Um comunicado da polícia advertiu:
“A realização de uma reunião não anunciada ou proibida constitui uma infracção administrativa. Essas reuniões serão dissolvidas e os participantes devem dispersar imediatamente”.
Os organizadores não recuaram, dando a entender que tencionam prosseguir informalmente ou sob outras formas. Uma declaração no seu canal Telegram convidou os apoiantes a “dar um passeio” em Viena durante o Advento e a visitar os mercados de Natal, em particular o da Marien-Theresien-Platz.
Os críticos argumentaram que dar prioridade às compras e ao fluxo de tráfego sem perturbações em detrimento da liberdade de reunião cria um precedente perigoso, receando-se que esta lógica possa ser utilizada para justificar proibições arbitrárias de protestos, limitando a expressão democrática.
A proibição veio acentuar ainda mais as tensões no panorama político austríaco, pondo em evidência as profundas divisões existentes relativamente à exclusão de Kickl das negociações governamentais.
O FPÖ de Kickl ganhou apoio desde que venceu as eleições federais de Setembro, mas foi marginalizado por outros partidos nas negociações de coligação, vencendo as eleições estatais de domingo na Estíria com 35,6% dos votos.
Os sociais-democratas (SPÖ) e o Partido Popular Austríaco (ÖVP) viram as suas percentagens de votos cair, no que é considerado um castigo pelo cordão sanitário antidemocrático imposto em torno do FPÖ.
Sondagem revela que metade dos austríacos apoia a deportação de imigrantes.
Entretanto, uma nova sondagem revelou que metade dos austríacos apoia a deportação de imigrantes e 36% dizem que não gostariam de viver ao lado de um muçulmano.
A sondagem, realizada pelo Centro de Documentação da Resistência Austríaca (DÖW), mostra que 50% dos austríacos consideram que “é urgentemente necessária uma remigração alargada”. Outros 47% concordam com a afirmação de que “os austríacos estão a ser substituídos por imigrantes”.
Uma significativa percentagem, 36%, diz que não gostaria de ter um muçulmano como vizinho. E ainda mais pessoas, 38%, são contra a circunstância de terem que conviver com ciganos. No entanto, uma pluralidade de austríacos aceita a ideia de ter “toda a gente” como vizinho, atingindo os 45%. As sondagens parecem sugerir que existe uma forte divisão na sociedade austríaca.
A guerra entre Israel e a Palestina pode ser um factor de polarização, já que a sondagem também pergunta aos austríacos sobre a guerra naquele país, revelando que 42% dos inquiridos concordam com a afirmação de que “a política de Israel na Palestina é como a dos nazis na Segunda Guerra Mundial”.
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