Enquanto procurava o Universo em mim,
encontrei-te na nuvem que por mim clamava.
Aflita.
De me não ver na chuva.

          –  Porque buscas a verdade como um garimpeiro?

Já não vivias em mim.
Eras o espaço que separa as partículas de pó
onde voa a minha lida na Casa de Deus.

A nuvem que clama é bem uma recordação diminuta.

Enquanto o Universo perguntava por mim,
achei-te na chuva, no pó dos livros, na varanda sinistra.

Quis ser trovão, mas a alma conteve-se.
Quis ser o espaço que a forma ocupa,
mas outro Deus se ergueu.

Eu era as partículas do pó
e tu a vassoura impondo-me o Infinito.

Fiquei cego aos quarenta.

 

ALBURNEO