O Departamento de Agricultura do governo Biden-Harris está a reclassificar discretamente numerosos promotores imobiliários e outras empresas no que parece ser um esforço para contornar as restrições à aquisição de terras perto de bases e instalações militares dos EUA pelos chineses.

A medida surge apesar dos avisos contínuos da comunidade de inteligência e de outras agências do governo federal de que a China representa um risco crescente para a segurança dos EUA, através de acções de contra-inteligência que os chineses desenvolvem em território americano e globalmente.

No centro da controvérsia que rodeia as acções do Departamento de Agricultura está a recente mudança de designação da Walton Global, uma promotora imobiliária que há anos é considerada uma das principais proprietárias de terras americanas e que é controlada pela China. A empresa expandiu a sua presença na China desde 2018 e foi – até recentemente – listada pelo governo dos EUA como um dos cinco principais proprietários chineses de terras agrícolas dos EUA.

No entanto, em Setembro, a Walton Global – após uma extensa campanha de lobby – convenceu o Departamento de Agricultura a reclassificar grande parte de suas terras nos EUA como não sendo propriedade chinesa. A decisão foi tomada apesar da Walton possuir pelo menos 14 propriedades com algum grau de investimento chinês, todas num raio de 15 milhas de uma base ou instalação militar dos EUA. É notável o facto da empresa ter mesmo promovido a sua proximidade de instalações militares americanas em campanhas publicitárias destinadas a investidores chineses.

O senador Marco Rubio (R-FL), futuro Secretário de Estado da administração Trump está a criticar a decisão da administração Biden, afirmando:

“Os adversários que possuem ou investem em terrenos perto das nossas instalações militares são um risco para a segurança nacional e é altura de a Administração Biden-Harris, as empresas americanas e os tribunais o reconhecerem como tal”.

As reclassificações surgem após um o Comité de Investimento Estrangeiro nos Estados Unidos ter intensificado as acções de supervisão sobre as compras de propriedades nos EUA por entidades estrangeiras. Para além disso, vários governos estatais decretaram restrições que impedem a propriedade de imóveis estrangeiros perto de instalações designadas pela segurança nacional dos EUA.

No início deste ano, os republicanos da Câmara dos Representantes dos EUA aprovaram legislação para reforçar as restrições à propriedade chinesa de terras agrícolas americanas. No entanto, o Senado, controlado pelos democratas, ainda não votou o projecto.

A justificação para esta posição do Senado e a iniciativa do Departamento da Agricultura é, no mínimo, intrigante. Por que raio de esquizofrénica razão é que senadores democratas e burocratas do governo federal procuram facilitar a compra de terras nas imediações de bases militares em território americano pelo seu principal adversário geo-estratégico?

Mais a mais, esta notícia surge num contexto que devia ser preocupante para a liderança política norte-americana: Como o Contra noticiou recentemente, enxames de drones, muito provavelmente chineses, espiam impune e livremente, sem serem incomodados, os céus por cima de bases militares americanas no próprio território dos Estados Unidos, sem que o Pentágono saiba o que fazer para os contrariar, e a espionagem do Partido Comunista Chinês (PCC) nos Estados Unidos “expandiu-se rapidamente” durante o mandato da administração Biden, de acordo com um relatório do Congresso divulgado na quinta-feira.

O número de imigrantes chineses detidos na fronteira entre os EUA e o México aumentou significativamente nos últimos dois anos, suscitando a preocupação de alguns legisladores com a segurança nacional e a política de fronteiras. Dados da Proteção de Fronteiras dos EUA indicam que os encontros com migrantes chineses na fronteira sudoeste aumentaram de menos de 24.000 em 2023 para aproximadamente 36.500 em 2024.

A China pode estar a utilizar os fluxos migratórios para minar os EUA ou mesmo para inserir espiões no país. Basta calcular que, se apenas 1 em cada 100 chineses que entram ilegalmente nos EUA o fizer com uma agenda de serviço ao seu país de origem, os Estados Unidos estão deixar entrar cem potenciais espiões por ano no seu território.