Biden cometeu uma das piores gafes de toda a campanha presidencial, se não a pior, quando reagiu a uma piada do comediante Tony Hinchcliffe sobre Porto Rico, que os democratas tentaram atribuir a Trump. O Presidente norte-americano foi mais longe do que Hillary Clinton e o seu infame comentário de 2016 sobre os “deploráveis” apoiantes do candidato republicano, afirmando:

“Donald Trump não tem carácter. Ele não quer saber da comunidade latina… Ainda no outro dia, um orador no seu comício chamou a Porto Rico uma ilha flutuante de lixo. O único lixo que vejo a flutuar são os seus apoiantes”.

O desastre retórico levou até Abby Phillip, da CNN, a comentar que Biden deveria estar em “modo de não causar danos”, até porque a campanha de Harris está a tentar mantê-lo o mais distante possível da acção, mas ainda assim:

“Bem, mesmo na Casa Branca, ele pode ter causado alguns danos bastante significativos na última semana da campanha. Este não foi um momento que a campanha de Harris desejava”.

Isto embora, nas últimas semanas, a estratégia dos democratas tenha passado por aproveitar todo o tempo mediático a chamar nazi a Trump e fascistas aos seus eleitores.

A tentativa de Biden de se desculpar pelos seus comentários só pareceu piorar a situação. A Casa Branca afirmou risivelmente que Biden se estava a referir apenas a Hinchcliffe com o seu comentário do “lixo”.

Vindo em socorro desesperado do Presidente, a BBC ensaiou uma aldrabice completa sobre a semântica:

“Quando a Casa Branca divulgou uma transcrição dos comentários de Biden, incluiu um apóstrofe na palavra ‘apoiantes’ – o que significa que o presidente estava a falar de uma pessoa específica e não de um grupo completo”.

Porém, quando vemos o clip no seu contexto, é evidente que Biden estava a falar de todos os apoiantes de Trump, independentemente dos apóstrofes que possam ser colocados posteriormente na transcrição da Casa Branca.

 

 

Campanha de Trump responde com génio populista.

Em resposta ao facto de Joe Biden ter rotulado todos os seus apoiantes de “lixo”, a campanha de Trump respondeu de forma que só podemos considerar genial – e em tempo real: menos de 24 horas depois do comentário de Joe Biden,  Trump chegou ao Wisconsin num camião de recolha de resíduos, personalizado com as cores e os lemas MAGA, deu uma conferência de imprensa improvisada do alto do habitáculo do veículo pesado e depois foi dar uma volta com uma equipa de saneamento.

 

 

Sentado no lugar do passageiro do camião, com o braço sobre a janela aberta, Trump disse na altura aos jornalistas:

“O que acham do meu camião do lixo? É uma homenagem a Kamala e Joe Biden.”

 

 

Anteriormente, Trump tinha publicado um vídeo gravado no seu avião, enquanto usava um colete de alta visibilidade, afirmando que “250 milhões de pessoas não são lixo”. Em seguida, Trump discursou num comício com a sua farda de trabalhador de recolha de resíduos urbanos.

Juntamente com a reacção que teve depois de ter sido atingido com um tiro na orelha, em Butler, e com o seu célebre turno no McDonald’s, este acabou por ser um dos momentos mais icónicos da campanha do candidato republicano. Aconteça o que acontecer, esta campanha vai ficar para a história.

 

 

E os memes estão a rebentar com a internet.

 

 

O especialista em sondagens Frank Luntz disse entretanto à CNN que o comentário do “lixo” é um ponto de viragem que terá um efeito “enorme” no apoio dos eleitores a Kamala Harris. E de facto, Trump atingiu um máximo histórico contra Kamala Harris na plataforma de apostas políticas Polymarket, na sequência do comentário do “lixo”.