Dados recentemente divulgados revelam que quase 1500 carros foram apreendidos no ano passado por ordem do gabinete do Mayor de Londres, no âmbito da sua draconiana Zona de Emissões Ultrabaixas (ULEZ), a maior do mundo, que inclui todos os bairros da capital britânica.

Sob a direcção de Sadiq Khan, um total de 1429 automóveis foram retirados aos seus proprietários, no período de 12 meses que terminou em Julho de 2024. Cerca de metade dos veículos (761) foram posteriormente leiloados, tendo sido arrecadadas 710.000 libras.

A Transport for London (TfL), o ramo do governo municipal responsável pelo crime contra a propriedade privada (a ironia escapa-lhes), afirma que 25,6 milhões de libras (30,62 milhões de euros) de dívidas resultantes das multas do programa ULEZ foram recuperadas em 12 meses. Oficialmente, os capitais obtidos no leilão destinam-se a liquidar as multas não pagas pelos condutores, e Khan promete gastá-los em melhorias nas rotas e serviços de autocarros da cidade. Mas como a TfL terá triplicado a dimensão da sua equipa de investigação, o que significa que o controverso trabalho com agentes de execução, incluindo oficiais de justiça e seguranças pagos para proteger as câmaras da ULEZ, irá aumentar significativamente, o mais provável é que o dinheiro será utilizado para cobrir os custos do aparelho repressivo. Ou em celebrações do Ramadão.

Os críticos há muito que argumentam que o esquema da ULEZ funciona para punir os mais pobres, uma vez que a sua principal isenção é para os carros mais recentes, registados depois de 2005. Os carros que não cumprem as normas de emissão fixas têm de pagar uma taxa diária de £12,50 (€14,40) ou enfrentar multas que podem ir até £180 (€207). Por sua vez, as coimas não pagas aumentam com o tempo. Cada dia de não pagamento implica uma coima separada, o que significa que se pode contrair uma dívida de quatro dígitos com relativa rapidez. Um método digno de qualquer agiota que se preze ou do mais intransigente dos corretores de apostas.

A justificação para o esquema, iniciado pelo então Mayor Boris Johnson, mas alargado por Khan, é que a fixação de multas para as emissões – medidas em óxidos de azoto (NOx) – irá melhorar a qualidade do ar em Londres. A retórica ambientalista é depois utilizada para intimidar os críticos do sistema.

Os activistas anti-ULEZ são rotineiramente considerados de “extrema-direita”, enquanto os “blade runners” que destroem as câmaras enfrentam toda a força da lei. Em 2023, o ex-candidato a Mayor Laurence Fox, do Reform UK, foi preso depois de se ter limitado a declarar o seu apoio aos sabotadores nas redes sociais.

Em Maio deste ano, 20 veículos roubados aos seus proprietárias pelo programa ULEZ foram enviados para a Ucrânia. Os “peritos” de Khan não se pronunciaram sobre a possibilidade destes automóveis de tracção às quatro rodas piorarem a qualidade do ar em Kiev.