O mais recente vídeo secreto do O’Keefe Media Group, de uma série intitulada “The Meta Tapes”, revelou um engenheiro de software sénior da Meta a falar sobre a forma como a plataforma censura os utilizadores que se manifestam contra a candidata democrata à presidência Kamala Harris e o seu partido.

Quando a jornalista disfarçada lhe perguntou como é que a Meta controla o ‘discurso de ódio’ do Partido Republicano, o engenheiro Jeevan Gyawali respondeu que a equipa de integridade da Meta, uma “equipa bastante significativa”, implementou “classificadores cívicos” que são “modelos [de IA] realmente grandes, treinados em conteúdo cívico”.

“Por isso, tudo o que detecta como conteúdo cívico é despromovido”. Gyawali esclareceu que o “classificador cívico” significa que qualquer coisa relacionada com “conteúdo político” é automaticamente ocultada.

“Estas coisas não vão aparecer to seu feed”, continuou Gyawali, acrecentando:

“Digamos, o teu tio em Ohio disse algo sobre Kamala Harris, que é imprópria para ser presidente porque não tem filhos. Esse tipo de coisas é automaticamente despromovido”.

O classificador cívico “é forte”, disse ele, e todo o conteúdo que violar isso será “rebaixado 100%”.

 

 

Na apresentação do vídeo, James O’Keefe referiu o caso de um informador do Facebook que em 2019 denunciou a “despromoção” de conteúdos polítcos à direita do espectro político, que a plataforma estava a fazer na altura, mencionando também um vídeo interno recebido alguns anos mais tarde que revelava o CEO Mark Zuckerberg e outro executivo de topo a falarem sobre como estavam a punir os “perseguidores da verdade”.

“Agora, em 2024, Jeevan da Meta, anteriormente Facebook, menciona práticas continuadas de despromoção de conteúdos apenas algumas semanas antes das eleições presidenciais”, acrescentou O’Keefe.

A jornalista disfarçada perguntou se os utilizadores que são despromovidos recebem notificações sobre essa acção, ao que Gyawali respondeu que não, afirmando ainda que casos múltiplos de violações do classificador cívico levariam a que o utilizador fosse colocado na “lista vermelha”.

O engenheiro admitiu ao jornalista infiltrado que o utilizador seria banido e que o seu conteúdo nunca seria mostrado a outros utilizadores.

Quando a jornalista fingiu expressar preocupação com uma “repetição de 2016 em 2024”, Gyawali disse que a empresa montou uma “equipa SWAT” em Abril “apenas para pensar em todos os cenários de utilização da plataforma”.

Gyawali também concordou que a empresa tem a capacidade de afectar o resultado das eleições e que Mark Zuckerberg certamente ajudaria os democratas a ganhar.

Quando confrontado ao telefone com o facto da jornalista infiltrada com quem Gyawali pensava que estava a namoriscar, ser na realidade uma colaboradora de O’Keefe, Gyawali respondeu: “ah f****-se” e desligou.

Convém recordar que ainda em Agosto deste ano, Mark Zuckerberg enviou uma carta ao Congresso dos EUA em que admitia que a sua empresa tinha interferido nas eleições de 2020, a mando do FBI, e suprimido o discurso dissidente durante a pandemia, mostrando-se arrependido por tais actos, responsabilizando o FBI pelos seus próprios pecados e por eles apresentando as suas desculpas.

Pelos vistos, tratou-se de uma missiva “para Trump ver”, tão sincera como uma carta de amor escrita por Zelensky a Vladimir Putin.