Se necessário fosse, o chanceler Olaf Scholz deu provas sólidas do seu autismo elitista quando, precisamente no dia em que se comemorava a unificação entre a RFA e a RDA, decidiu injuriar os eleitores de Leste, por votarem massivamente no partido populista AfD.

 

Num discurso proferido no ‘Dia da Unidade Alemã’, Scholz provocou polémica ao acusar uma parte significativa dos eleitores da Alemanha de Leste de apoiarem partidos “autoritários e radicais”.

As impensadas e amargas palavras, ditas no Teatro Estatal de Mecklenburg, em Schwerin, sublinharam a sua preocupação com o clima político na Alemanha de Leste, que o levaram a afirmar que um terço dos eleitores da região estava a “afastar-se dos valores democráticos liberais”.

“A grande maioria dos cidadãos na Alemanha mantém-se firmemente na base da nossa ordem liberal. São as pessoas sensatas e decentes, são as que não se limitam a queixar-se, mas que também se empenham pelo nosso país”.

Portanto, um terço dos alemães não são pessoas decentes porque não votam nos partidos liberais. Mas o Chanceler alemão não ficou por aqui, repreendendo aqueles que optam por ir contra o seu governo de coligação e votam em partidos anti-imigração como o Alternativa para a Alemanha (Afd), acusando-os de

“prejudicar todo o nosso país, a nossa economia e a nossa reputação no mundo. E vai ser preciso muito trabalho para inverter esta tendência”.

Escusado será dizer que a reputação da Alemanha no mundo tem vindo a degradar-se substancialmente – é um facto – mas não por causa daqueles que votam AfD ou por causa do AfD, que nunca esteve no poder, mas sim e precisamente por causa dos Olaf Scholz deste mundo, que têm arruinado, governo após governo, aquela que já foi a mais próspera nação da Europa.

As declarações de Scholz tiveram como pano de fundo um dia destinado a celebrar a reunificação da Alemanha. E, também por isso, os comentários do Chanceler provocaram uma onda de reacções nas redes sociais, com muitos a expressarem intensa oposição ao seu entendimento da realidade sócio-política no país e à oportunidade dos seus comentários.

O discurso de Scholz, que pretendia transformar o conceito de união numa ideia sectária contra o populismo, (“O centro é muito maior do que os radicais nas extremidades”, declarou), será sem dúvida recordado como um sinistro canto de cisne, considerando que a ‘coligação do semáforo’ a que preside tem os dias contados. Mas é bem sintomática da mentalidade dos políticos globalistas-leninistas que infectam a Europa e do seu característico e orwelliano doublespeak: a união é divisão, a guerra é paz, a miséria é prosperidade, a diversidade é unicidade, a mentira é verdade e vice-versa.

É preciso ser muito imbecil, ou realmente arrogante (ou as duas coisas), para ter feito uma coisa destas, num dia como aquele.