Afastadas as hipóteses de paranoias particulares, creio poder afirmar com segurança que as ideias de Antônio Gramsci são verdadeiros atos de sabotagem civilizacional, que travestiram a guerrilha ideológica na mais torpe hipocrisia cultural, educacional e midiática.
Jamais pus os pés fora do Brasil, apesar dos parentes italianos e franceses, mas suponho não estar errado ao julgar que obras como o filme “Easy Rider” (Peter Fonda), o musical “Hair” e mais algumas – chamemos assim – “ferramentas” tiveram importante e decisivo papel na deformação da visão popular sobre os tradicionais princípios e valores, seguidos há séculos por toda a sociedade ocidental.
Recuando um pouco mais, atrevo-me a fazer uma linha cinética de acontecimentos que abarcariam o existencialismo de Sartre, seguido pelos “beatniks”, cultura hippie (nada além de pregação marxista maquiada como “filosofia de vida”) e a beatificação da juventude pela mídia – enorme e ávido mercado consumidor, às custas dos pais, de toda essa produção destrutiva e que culminou na paisagem social verdadeiramente “frankfurtiana” (da Escola de Frankfurt) que vivemos hoje.
Desnecessário dizer o que se passa nos dias atuais, o leitor saberá melhor que eu: acordamos e lemos um jornal pesado de doutrinações – a adjetivação em reportagens é, agora, prática usual e deslavada – seguida de emissoras de rádio escutadas no carro, a caminho do trabalho, a perfurar nossos ouvidos com músicas e opiniões prenhes em “desconstruções” sociais. De volta aos lares, o pobre indivíduo liga a TV e o trabalho de lavagem cerebral está completo – de um, tudo; a grade de programação pouco atenta para os níveis de audiência e, sim, para o teor de engenharia social contido em cada, digamos assim, “atração” veiculada.
Há anos a realidade forçou-me a adotar um comportamento verdadeiramente suicida, profissionalmente falando. A profissão de jornalista – antes, motivo de orgulho para mim – envergonha-me ao ser obrigado a citá-la, quando apresentado a alguém. A ferocidade da grande mídia e da cultura de massa por sobre todos nós mostra-se onívora ao não escolher vítimas, e igualmente insaciável em seu apetite infinito, que nos impõe sua presença do singelo despertar ao tenso e confuso adormecer.
Guerra, peste, fome e morte eram os temidos sinais do funesto fim, os quatro cavaleiros do Apocalipse sempre foram espreitados por uma humanidade amedrontada mas que pouco ou nada se deu conta de, aos mesmos, um quinto e letal inimigo agora cavalgar emparelhado – a grande mídia.
Tal assunto certamente renderia livros e livros, documentários e tudo o mais; entretanto estou seguro que as armas mais eficazes contra este mal consistem na busca por informações corretas – a internet pode nos oferecer, se pesquisada com cuidado – e a certeza de termos sido manipulados toda uma vida por pequena, mas eficaz, quadrilha de “proprietários” da verdade; não à toa os governos mundiais muito desejam controlar e limitar o que se divulga nos meios digitais.
Agora somos livres, e tanto maior será essa liberdade quanto mais interesse tivermos em buscar a verdade fora dos canais oficiais de comunicação.
“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.”
João 8:32
WALTER BIANCARDINE
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Walter Biancardine foi aluno de Olavo de Carvalho, é analista político, jornalista (Diário Cabofriense, Rede Lagos TV, Rádio Ondas Fm) e blogger; foi funcionário da OEA – Organização dos Estados Americanos.
As opiniões do autor não reflectem necessariamente a posição do ContraCultura.
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