O Comité Olímpico Internacional (COI) afirmou que os pugilistas masculinos Imame Khelif, da Argélia, e Lin Yu-ting, de Taiwan, estão a ser vítimas de “agressão”, enquanto Elon Musk, J.K. Rowling e milhões de pessoas por todo o mundo os criticaram por terem brutalizado pugilistas femininas em Paris.

Khelif arrumou a italiana Angela Carini com dois socos, levando-a a desistir aos 46 segundos do ‘combate’ de quinta-feira. A italiana disse que nunca tinha sido atingida com tanta força. No ringue, ela pode ser ouvida a dizer ao seu treinador: “Não está certo, não está certo!”

Lin Yu-ting, que é, na sua categoria, o homem favorito à medalha de ouro da competição feminina, derrotou a pugilista feminina Sitora Turdibekova, do Uzbequistão, ao vencer por decisão unânime o seu combate, na sexta-feira.

Tanto Khelif como Yu-ting foram anteriormente desqualificados do Campeonato do Mundo pela Associação Internacional de Boxe (IBA) por não terem passado nos testes de cromossomas sexuais e de testosterona. O COI, que classifica os pugilistas como homens ou mulheres com base no seu passaporte, atribui a essa decisão anterior a responsabilidade pela “agressão” de que a dupla está a ser alvo, declarando em comunicado:

“A actual agressão contra estes dois atletas baseia-se inteiramente nesta decisão arbitrária. O COI está triste com os abusos de que os dois atletas estão a ser alvo. Todas as pessoas têm o direito de praticar desporto sem discriminação”.

E as mulheres têm direito a praticar desporto sem serem brutalizadas por homens.

A IBA, por seu lado, reiterou a validade da sua decisão, apoiada em testes genéticos que comprovaram a presença de cromossomas XY nos ‘atletas’:

“Imane Khelif e Lin Yu-ting, após os testes, não cumpriam os critérios de elegibilidade exigidos para competir na categoria feminina.”

Entretanto, parece haver um esforço concertado para remover as imagens de Khelif a espancar Carini das redes sociais, com uma onda de reivindicações de direitos de autor. Não deixa de ser curioso que o escrúpulo seja apenas dirigido a este combate específico.

Como se o COI tivesse vergonha do espectáculo que promove.

 

Imprensa corporativa faz o jogo sujo do costume.

Enquanto a maior parte das pessoas que ainda conservam um vestígio de bom senso expressaram consternação e repulsa pelo espectáculo degradante que o Comité Olímpico decidiu montar, alguns sectores da comunicação social corporativa estão a tomar uma posição diferente em relação à lutadora argelina Imane Khelif.

O Huffington Post e o The Hollywood Reporter cobriram o incidente com títulos sobre o facto de a autora JK Rowling ter “trocado o género” de Khelif, enquanto a Associated Press insiste que estamos todos enganados e que o argelino é uma mulher completa.

 

 

Portanto, agora o novo slogan é: “Não sigas a ciência”. Porque, como todos sabemos, o que a ciência nos diz é que um ser humano com os cromossomas XY no seu DNA será um homem. E, que se saiba, não há maneira de inserir esses cromossomas na composição genética depois do nascimento.

A Vox foi mais longe, publicando um artigo sobre a “história do transgenderismo” nos Jogos Olímpicos e como os nazis “discriminavam” os atletas trans.

 

 

A insinuação clara é que se expressarmos qualquer tipo de preocupação sobre o facto de os homens biológicos poderem competir contra as mulheres no desporto, somos adeptos de Hitler.

O artigo afirma:

“Armados com uma propensão para a eugenia, ansiedade de género e uma surpreendente falta de provas científicas, um pequeno grupo de oficiais nazis influenciou o Comité Olímpico Internacional para a vigilância de género e o pânico trans – coisas que espelham assustadoramente os ataques transfóbicos que os atletas, cis e trans, enfrentam hoje em dia”.

É óbvio que isto é um disparate monumental e malicioso. Não existiam pessoas transgénero a tentar competir nos Jogos Olímpicos na década de 1940. Existiam sim, batoteiros profissionais, que tentavam fazer-se passar por mulheres para aceder às medalhas. E nos Jogos Olímpicos de Berlim, o comité olímpico estava especialmente atento a essa questão.

A verdade é que os Jogos de Macron estão a correr como era expectável: de forma que oscila entre a depressão e a degradação. Será que podem descer ainda mais baixo?

Sim, podem: