A busca pela virtude é parte essencial da natureza humana. Somos chamados a responder a questões internas inerentes ao ser humano, uma delas sendo alcançar a excelência através da conformidade ao bem. Seguir os preceitos do bem moral é um chamado natural para a humanidade, pois possuímos internamente as capacidades que nos levam a buscar esse bem constantemente, capacidades estas que precisam ser exercitadas regularmente.

O discurso eloquente gerado pelo relativismo moderno demonstra, como um termômetro da proximidade da virtude, o desprezo, o escárnio total e o abandono da objetividade, da verdade e do verdadeiro progresso humano. A luta irracional contra a natureza é a maior insanidade resultante do desejo revoltoso de destruição ou “desconstrução”. A violenta luta ideológica e política contra o bem não se trata apenas de uma ordem natural, mas também de uma ordem que transcende a razão humana, uma ordem sobrenatural.

Não há outra forma de enfrentar esse constante mar de desespero senão com firme constância e fortaleza, remando com mais força sempre que as ondas se tornarem mais agressivas contra nós. O enfraquecimento da busca pela excelência reside permanentemente no comodismo, que impede o bom de se tornar melhor. O bom é o pior inimigo do melhor; o comodismo em relação às virtudes é o grande empecilho, a maior barreira para nos tornarmos melhores.

A solução é claramente a constante e eterna luta pela virtude através do exercício repetitivo. Compreender que o compêndio das virtudes é o hábito é fundamental para superar o comodismo e buscar incessantemente o aperfeiçoamento pessoal e moral. Portanto, devemos nos dedicar diariamente ao cultivo das virtudes, reconhecendo que a verdadeira excelência se alcança pela prática contínua e determinada do bem, reafirmando nosso compromisso com a verdade e o progresso humano autêntico.

Esta busca constante pela virtude requer disciplina e determinação. Precisamos estabelecer metas claras e tangíveis, traçando um caminho que nos permita exercitar as virtudes em nosso cotidiano. A prática da paciência, da humildade e da justiça, por exemplo, não pode ser ocasional, mas deve ser integrada em nossas ações diárias. Ao cultivar esses hábitos, criamos um alicerce sólido que nos sustenta nos momentos de adversidade e nos orienta em direção ao verdadeiro bem.

Além disso, é imprescindível cercar-nos de ambientes e pessoas que promovam e incentivem a prática das virtudes. Comunidades que valorizam a moralidade e a ética proporcionam um terreno fértil para o crescimento pessoal. A troca de experiências e o apoio mútuo são fundamentais para manter a motivação e a perseverança em nossa jornada. Assim, a virtude não é apenas uma conquista individual, mas um empreendimento coletivo que enriquece toda a sociedade.

Devemos reconhecer que a busca pela virtude é um processo contínuo e sem fim. Não há ponto de chegada definitivo, pois a excelência moral é um objetivo que se renova a cada dia. A humildade nos ensina que sempre há espaço para melhorar e crescer. Ao aceitar essa realidade, nos libertamos da complacência e abraçamos a jornada interminável do autoaperfeiçoamento, fortalecendo nosso caráter e contribuindo para um mundo mais justo e virtuoso.

Habitar sob a firme rocha da virtude garante que a fragmentada composição humana não se torne pó.

 

PAULO H. SANTOS
____________________
Paulo H. Santos é professor particular de filosofia, bacharel em filosofia (UCP – Brasil) e licenciado em História (UNESA – Brasil). Católico. Escreve em português do Brasil
As opiniões do autor não reflectem necessariamente a posição do ContraCultura.