Não admira que Mike Johnson, o líder da estreita maioria republicana na Câmara dos Representantes, insista em trair os valores do eleitorado do seu partido. Se o seu staff fosse mais alinhado com o unipartido de Washington, rebentava.

‘Director de Política’ de Mike Johnson trabalhou como lobista para empresas pró-Ucrânia.

O principal conselheiro político do speaker da Câmara, Dan Ziegler, já fez lobby a favor de empresas que manifestaram um claro interesse na guerra da Ucrânia. Ziegler era lobista da Williams & Jensen, uma empresa com uma lista de clientes que incluía a Eli Lilly & Co, a Visa, o Vanguard Group, a Pfizer, a Sanofi e a Merck, que emitiram declarações de apoio à Ucrânia e, em muitos casos, eliminaram ou reduziram as suas actividades comerciais na Rússia.

Entre os ex-clientes relatados de Ziegler está a Bloom Energy Corp., que fornece serviços de energia para a Lockheed Martin. O fornecedor de armas dos EUA beneficia de mais ajuda americana à Ucrânia através do aumento dos contratos militares, impulsionando a Bloom, por sua vez. O impacto da guerra e das sanções associadas no mercado energético tradicional também beneficiou a Bloom, especializada em energias renováveis.

As ligações de Ziegler a empresas com interesses na Ucrânia emergem num momento em que o Presidente Johnson abriu, de forma controversa, o caminho para mais ajuda ao regime Zelensky. Isto irritou os conservadores do movimento America First, mas ele insistiu:

“Farei a coisa certa e… que as fichas caíam onde caírem. Se eu agisse com medo de uma moção de destituição, nunca seria capaz de fazer meu trabalho. A história julga-nos pelo que fazemos. Este é um momento crítico.”.

Será julgado pela história, sim, mas como um traidor.

Antes de se tornar speaker da Câmara, Mike Johnson votou contra projectos-lei que incluíam mais ajuda à Ucrânia. Agora está a permitir que iniciativas legislativas separadas que financiam a ajuda à Ucrânia, Israel e Taiwan sejam apresentadas e aprovadas na Câmara, tendo até rejeitado anteriormente um projecto-lei do Senado que combinava a ajuda para os três países com um pacote de segurança fronteiriça, que poderia ter ajudado a combater o flagelo da fronteira com o México.

Permitir que um projecto-lei independente de ajuda à Ucrânia fosse aprovado com a ajuda dos legisladores democratas é amplamente considerado uma traição à causa conservadora. A deputada Marjorie Taylor Greene (R-GA) e o deputado Thomas Massie (R-KY) expressaram apoio à destituição de Johnson da cadeira de líder da maioria republicana na Câmara.

No entanto, ambos apoiaram o antigo speaker Kevin McCarthy, que também sustentava a ajuda à Ucrânia, e ninguém faz a mínima ideia sobre quem é que poderá substituir Johnson.

 

‘Directora de Operações’ do Speaker é uma convicta opositora de Donald Trump.

A Directora de Operações da Câmara, contratada por Mike Johnson, teve um acesso de raiva quando o DC Young Republicans Club (DCYR) apoiou o ex-presidente Donald Trump em Maio do ano passado, de acordo com uma reportagem do Breitbart News. Hannah Fraher alegou que o grupo violou os seus estatutos ao fazer o endosso durante as primárias presidenciais republicanas e ameaçou deixar o clube, exigindo o reembolso das quotas.

Na noite de 24 de Maio de 2023, o DCYR enviou um e-mail aos seus membros, afirmando:

“Precisamos de um presidente que coloque a América em primeiro lugar. Precisamos de Donald J. Trump em 2024.”

O endosso veio poucas horas depois de o governador da Flórida, Ron DeSantis, anunciar a sua campanha presidencial num evento organizado por David Sacks e Elon Musk no X (antigo Twitter).

Às 22h03, Fraher respondeu ao endosso do DCYR, reclamando:

“Dado que isso viola o estatuto, gostaria de receber o reembolso das minhas contribuições. Digam-me como é mais fácil para vocês fazerem isso acontecer”.

Depois do Young Republicans Club informar Fraher que não a iria reembolsar, ela respondeu num desabafo: “Isso é ridículo. Vocês são uma piada.” O clube respondeu: “Esquece, looser”.

A troca de emails resultou no envolvimento de Fraher em várias tiradas anti-Trump enquanto discutia o sucedido com outros funcionários do Congresso no Capitólio, nos dias seguintes ao endosso do clube de jovens republicanos. De acordo com o Breitbart News, a assessora de Mike Johnson – à época servindo como conselheira sénior – expressava rotineiramente críticas ao ex-presidente republicano. Nos últimos tempos tem manifestado o desejo de procurar um novo emprego, caso Trump reconquiste a Casa Branca em Novembro.

São estes os apparatchiks do unipartido de Washington que Mike Johnson considera aptos a contribuírem para o seu mandato. E é por estas e por outras que, como o Contra documentou na semana passada, o líder da maioria republicana na Câmara dos Representantes até deu carta verde ao FBI para espiar… Os republicanos.