Numa conferência para celebrar o 75º aniversário da NATO, o Secretário de Estado norte-americano Anthony Blinken afirmou que a Ucrânia irá aderir à aliança e que o objetcivo da cimeira em Bruxelas era trabalhar para essa adesão.

Considerando o que se está a passar na frente de guerra, com as forças ucranianas em derrocada, as forças russas a avançar em vários sentidos ainda antes que a esperada ofensiva de Primavera seja espoletada por Moscovo, e com cada vez mais relatos de que a guerra está perdida, estas afirmações do infeliz Secretário de Estado só podem ter duas leituras possíveis:

a) Fanfarronice propagandista sem qualquer substância, destinada exclusivamente a ganhar tempo e a disfarçar a derrota do regime Zelensky e do bloco ocidental;

b) Uma indicação que a Nato está disposta a colocar botas no terreno, desencadeando assim a III Guerra Mundial.

Durante a reunião, os membros da Aliança elogiaram a determinação e a perseverança dos ucranianos e prometeram continuar a prestar ajuda ao país. No entanto, o Secretário-Geral Jens Stoltenberg reafirmou que a aliança não se considera directamente envolvida na guerra.

“Não temos quaisquer planos de ter tropas de combate da NATO na Ucrânia. Os ucranianos estão a pedir equipamento, munições e armas, e nós estamos a fornecê-los à Ucrânia. Isso não faz dos aliados da NATO parte do conflito, mas apoiamos a Ucrânia na defesa do seu direito à autodefesa.”

Mas assim sendo, como é que a Ucrânia vai fazer parte da NATO, se está a perder uma guerra cuja causa foi precisamente a de impedir que o país fosse membro da aliança atlântica?

 

 

Na semana passada, os principais diplomatas da NATO prometeram continuar a apoiar a Ucrânia, enquanto as tropas russas, mais bem armadas, afirmam o controlo no campo de batalha. Atormentada pela escassez de munições, a Ucrânia baixou a idade de recrutamento militar de 27 para 25 anos, num esforço para repor as fileiras esgotadas do seu exército, e está a apelar a defesas aéreas adicionais para combater os ataques de mísseis balísticos russos.

O Ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, que participou numa reunião do Conselho NATO-Ucrânia, afirmou:

“Não queria estragar a festa de aniversário da NATO, mas senti-me obrigado a transmitir uma mensagem séria em nome dos ucranianos sobre a situação dos ataques aéreos russos ao meu país, que destroem o nosso sistema energético, e matam civis”.

Estas declarações não podiam ser mais cínicas, depois do claro envolvimento ucraniano no atentado terrorista de Moscovo, que matou para cima de 140 inocentes, e dos constantes ataques, sintomáticos do desespero do regime Zelensky, a zonas civis russas localizadas perto da fronteira com a Ucrânia.

 

 

Antony Blinken, antes de se encontrar com Kuleba, disse:

“O apoio à Ucrânia, a determinação de todos os países representados aqui na NATO, continua a ser sólida. Faremos tudo o que pudermos, os aliados farão tudo o que puderem, para garantir que a Ucrânia tenha o que precisa para continuar a lidar com a agressão contínua da Rússia, agressão que está a piorar a cada dia que passa”.

Não deixa de ser verdade que nos últimos tempos, a “operação militar” russa transformou-se num esforço de guerra total, o que muito se deve à recusa da diplomacia por parte do Ocidente e aos terríveis acontecimentos de 22 de Março no auditório do Crocus. As forças russas estão agora a bombardear importantes infra-estruturas energéticas ucranianas, preparando a ofensiva que é expectável para Maio. Na quinta-feira à noite e na madrugada de sexta-feira, novas explosões abalaram Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, que foi alvo de vários ataques esta semana.