“O Absurdo é o conceito essencial e a primeira verdade.”
Albert Camus

 

Em um mundo que muitas vezes parece desprovido de sentido, a filosofia de Albert Camus emerge como um farol, iluminando um caminho de resistência, paixão e, acima de tudo, amor pela vida. Camus, figura central do existencialismo francês, não somente questionou a natureza da existência humana mas também forneceu insights preciosos sobre como viver plenamente, apesar das aparentes absurdidades da vida.

No cerne da filosofia de Camus jaz o conceito do absurdo: a constatação da discrepância entre as expectativas humanas de ordem, sentido e propósito e a indiferença fria e caótica do universo. Entretanto, em vez de sucumbir ao desespero ou ao niilismo, Camus propõe uma revolta heroica contra o absurdo. Ele nos convoca a viver com maior intensidade e a abraçar a vida com todas as suas contradições e beleza.

Não há chamado mais poderoso de Camus para aproveitar a vida do que sua exortação ao amor. Em tempos de incerteza, quando as questões existenciais pairam mais pesadamente sobre nós, a filosofia de Camus ressoa com um apelo vibrante para encontrar alegria e significado nas conexões humanas. “O que importa”, Camus escreveu, “não é a melhor vida, mas sim a mais vivida.” A presença do amor, da amizade e da compaixão se torna, assim, a resposta mais rebelde ao absurdo da existência.

 

 

Viver de acordo com Camus não significa buscar respostas definitivas ou escapar da incerteza. Pelo contrário, é uma aceitação plena do mistério da vida, uma disposição para se engajar no mundo tal como ele é, não como gostaríamos que fosse. Esta filosofia celebra os momentos efêmeros, encorajando-nos a aproveitar o agora com aqueles que amamos, plenamente conscientes de que, no grande esquema do universo, tais momentos são preciosos e raros.

Camus, portanto, não nos oferece uma fuga do absurdo, mas uma maneira de enfrentá-lo: com coragem, paixão e uma disposição inabalável para encontrar alegria e significado, não a despeito, mas por causa das complexidades e desafios da vida. Ele nos lembra que, mesmo no caos, há oportunidades para a beleza, o amor e a conexão. Neste sentido, sua filosofia é um testemunho da resiliência e da capacidade humana de encontrar luz na escuridão.

Em última análise, a filosofia de Camus é um convite: um convite para amar, viver e rir na cara do absurdo. Ao abraçarmos essa postura, podemos transformar a angústia existencial em uma celebração da vida. Pode não haver maior rebeldia contra o absurdo do que essa alegria de viver; e, talvez, no fim, seja isso o que dá ao absurdo o seu próprio sentido.

Este artigo não pretende ser um tratamento exaustivo das vastas ideias de Camus, mas sim um incentivo para que se procure na sua filosofia um antídoto contra o desalento. Em um mundo que muitas vezes parece sobrecarregado pelas sombras, Camus nos lembra de acender uma luz, não apenas para nós mesmos, mas para compartilhar com aqueles que amamos. E assim, juntos, talvez possamos encontrar um caminho através do absurdo, não para sair dele, mas para viver dentro dele, com os nossos corações e mentes abertos.

 

MARCOS PAULO CANDELORO

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Marcos Paulo Candeloro é graduado em História (USP – Brasil), pós-graduado em Ciências Políticas (Columbia University – EUA) e especialista em Gestão Pública Inovativa (UFSCAR – Brasil). Aluno do professor Olavo de Carvalho desde 2011. É professor, jornalista e analista político. Escreve em português do Brasil.