Pamela San Martín, executiva do conselho de supervisão da Meta, a empresa proprietária do Facebook, do Instagram e do WhatsApp, sugeriu numa entrevista que o Facebook não fez o suficiente para controlar o discurso dos utilizadores durante os ciclos eleitorais anteriores.
Apesar do enorme esforço de censura sobre a livre expressão, das acções tomadas contra a distribuição das notícias do New York Post sobre o computador portátil de Hunter Biden, do fecho das contas do ex-presidente Donald Trump – e de muitos outros conservadores – no Facebook e no Instagram, San Martín afirmou que mais precisava ser feito para “lidar com o potencial uso indevido da plataforma”.
No período que antecedeu as eleições de 2020, o Facebook tomou medidas para restringir a distribuição de certas notícias e remover anúncios que faziam alegações sobre fraude eleitoral. Essas medidas incluíram a remoção de publicações, a sinalização de conteúdos para verificação de factos e a proibição de anúncios políticos que fizessem alegações que a companhia considerava falsas, especialmente no que diz respeito a fraude eleitoral. Apesar destes esforços pidescos, San Martín insiste que estas tentativas de controlar o discurso dos utilizadores foram insuficientes.
A comissária elogiou os esforços recentes da Meta para controlar ainda mais o conteúdo relacionado com questões eleitorais, incluindo o trabalho com as autoridades federais, a adição de rótulos que retiram o alcance a posts politicamente relacionados, o redireccionamento de utilizadores para a imprensa corporativa e a implementação de limites de encaminhamento de mensagens no WhatsApp. San Martín enfatizou ainda a necessidade do Facebook continuar a captar o impacto dos seus próprios algoritmos e sistemas de recomendação no processo democrático, indicando que deseja ver mais desses esforços, e não menos.
A apparatchik disse à Wired:
“As plataformas de mídia social precisam de aprender com os erros do passado para poder resolvê-los melhor este ano”.
Ou seja: os lapsos do comissariado de censura e propaganda terão que ser colmatados.
Convém a este propósito fazer uma breve viagem às notícias que o Contra tem publicado sobre os esforços de interferência eleitoral que têm sido realizados pela empresa de Zuckerberg:
A Meta trabalha directamente com o FBI para manipular os resultados eleitorais na América. Uma reportagem do New York Post revelou que o Facebook tem estado a espiar as mensagens privadas dos americanos e a reportá-las ao FBI, sem qualquer mandato legal e à revelia da lei constitucional da federação, quando estas expressam opiniões “anti-governamentais ou anti-autoridade”.
O dossier Twitter Files revelou que o Facebook trabalhou activamente, a par do Tweeter, na censura de vozes conservadoras e de notícias prejudiciais à campanha de Joe Biden, durante ciclo eleitoral que levou o actual presidente ao poder.
A pedido da Casa Branca, o Facebook reduziu em 50% o alcance de um vídeo de Tucker Carlson, durante o ciclo eleitoral das intercalares para o Congresso. O post não violava qualquer política de comunidade da plataforma, mas a pressão da administração Biden fez com que os quadros do Facebook entrassem em pânico e cedessem à ordem censória.
Um informador divulgou um conjunto de documentos altamente comprometedores, que comprovam a existência de um ‘Complexo Industrial de Censura’, criado em reacção ao Brexit e à eleição de Trump em 2016 e posto a funcionar durante a pandemia. A Meta está envolvida nesta conspiração.
Embora 25 estados tenham aprovado legislação que proíbe ou restringe o financiamento através de “Zuckbucks” (doações de Zuckerberg) de organismos relacionados directa ou indirectamente com a função eleitoral, isso não impediu que organizações sem fins lucrativos como o Center for Tech and Civic Life (CTCL) – um dos grupos financiados por Zuckerberg que se intrometeram nas eleições de 2020 – estejam a tentar replicar essa estratégia em futuras eleições. No ano passado, o CTCL e outros grupos de esquerda lançaram a U.S. Alliance for Election Excellence, um empreendimento de 80 milhões de dólares destinado a “influenciar sistematicamente todos os aspectos da administração eleitoral” e a promover políticas de voto apoiadas pelos democratas nos gabinetes eleitorais locais. Através da utilização de “bolsas de estudo” e de taxas de entrada baixas, a coligação procura fazer com que o sequestro privado dos gabinetes eleitorais em 2020 pareça uma brincadeira de crianças.
Tudo isto não é, porém, quanto baste. “É preciso fazer mais”.
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