O fracasso da tão apregoada contraofensiva ucraniana – que começou em Junho do ano passado e que se arrastou sem resultados durante meses – já se tornou um facto evidente e incontornável, reconhecido até pelos media e especialistas ocidentais. Um dos efeitos imediatos da malograda campanha foi o de fazer com que o mundo reconsiderasse não só as capacidades das forças armadas de Kiev, mas também o poder do principal patrocinador do país – os Estados Unidos – quando se trata de travar uma guerra em grande escala contra um inimigo moderno e poderoso.

Notícias surpreendentes? Nem por isso. Diversos relatórios analíticos têm afirmado repetidamente que os Estados Unidos, apesar de um esforço financeiro anual impressionante, podem ter dificuldade em enfrentar uma grande potência. Vários peritos americanos, cujas opiniões serão mencionadas mais adiante, alertaram para o facto de a superioridade de Washington em termos de armas de precisão, inteligência e selecção de alvos poder não ser suficiente, quando se enfrenta um inimigo de primeira dimensão – por oposição a um país do terceiro mundo ou milícias de insurrectos.

No entanto, durante muito tempo, estes avisos foram ignorados. Washington sobrestimou as suas próprias capacidades e subestimou as do inimigo (neste caso, a Rússia) e, consequentemente, a sua ajuda à Ucrânia revelou-se insuficiente. Entretanto, os EUA e os seus aliados da NATO começam a reconsiderar a viabilidade de prestar mais ajudas, uma vez que isso está a enfraquecer o seu próprio poder militar. A AP noticiou que o Pentágono avisou já o Congresso que está sem dinheiro para re-equipar as suas próprias forças, depois das quantidades monumentais de armas e munições que expediu para a Ucrânia.

Como é que a máquina militar de Washington chegou a esta situação?

 

Como evoluiu o exército americano.

Depois da Alemanha e do Japão terem sido derrotados em 1945, o desenvolvimento das forças armadas americanas pode ser claramente dividido em vários ciclos. O primeiro começou com a Guerra Fria, na segunda metade dessa década. Até meados e finais da década de 1960, caracterizou-se pelos preparativos para a Terceira Guerra Mundial. Esta foi imaginada como uma réplica da Segunda Guerra Mundial, mas com armas nucleares e apenas com a URSS como principal inimigo.

Nesse período, os conflitos locais, incluindo a Guerra da Coreia, não influenciaram significativamente o desenvolvimento militar e foram conduzidos com as mesmas forças que deveriam ser utilizadas numa grande guerra. No entanto, os EUA tiraram algumas conclusões. Por exemplo, após a Guerra da Coreia, tornou-se óbvio que a utilização de bombardeiros com motores de hélice como transportadores de armas nucleares era inútil, o que acelerou significativamente a transição do Comando Aéreo Estratégico dos EUA para os aviões a jacto.

O segundo período começou quando os Estados Unidos compreenderam as realidades de uma confrontação em condições de paridade estratégica: os enormes arsenais nucleares da URSS e dos EUA roubaram racionalidade e sensatez a uma potencial guerra entre os dois países, dada a destruição mutuamente assegurada. Os preparativos para um potencial confronto continuaram, mas ao mesmo tempo as coisas começaram a aproximar-se de uma resolução pacífica. Tal aconteceu finalmente quando foram assinados tratados sobre a limitação e redução dos arsenais nucleares.

Os confrontos militares directos estavam agora limitados a conflitos locais, que exigiam novas abordagens, uma vez que muitas estratégias destinadas a uma guerra nuclear global não podiam ser aplicadas a conflitos de baixa intensidade. No que diz respeito ao equipamento militar, parâmetros económicos como o serviço a longo prazo, a capacidade de modernização e o custo total do ciclo de vida tornaram-se importantes. Anteriormente, nada disto se enquadrava no conceito de “equipamento construído para arder na fornalha de uma guerra nuclear em cinco minutos”. Alguns parâmetros socioeconómicos também mudaram – a ideia de um exército de conscritos foi rejeitada, o número de reservas do exército foi reduzido, etc.

Estas mudanças tornaram-se ainda mais evidentes depois de 1991, quando a queda do bloco soviético fez dos conflitos locais o principal cenário do planeamento militar, enquanto a ideia de um confronto entre as grandes potências foi descartada pela História.

O futuro parecia brilhante e predeterminado – a superioridade do exército dos EUA em termos de capacidade tecnológica e operacional, autonomia, informações, gestão, definição de alvos e a sua capacidade de actuar em qualquer clima e a qualquer hora do dia, supostamente proporcionaria uma vantagem sobre qualquer inimigo, como foi demonstrado no Iraque e nos Balcãs. O facto desta superioridade não garantir a vitória – ou pelo menos nem sempre – tornou-se claro nos anos 90, após a operação na Somália. No entanto, conversas privadas com representantes da comunidade militar e de especialistas norte-americanos revelaram que Washington considerou este episódio apenas como um “tiro falhado”.

 

Um mundo sem rivais.

O redimensionamento do exército americano foi acompanhado de uma redução massiva dos stocks de armas e de equipamento. Na América, a situação não foi tão radical como na Europa, onde, nalguns casos, desapareceram categorias inteiras de equipamento militar. Mas em termos absolutos, tendo em conta a escala das forças armadas, as reduções foram enormes – milhares de tanques, aviões, peças de artilharia, centenas de navios, milhões de toneladas de munições e outros bens militares foram vendidos ou liquidados.

Este facto não suscitou quaisquer receios políticos ou militares, uma vez que, nos primeiros anos pós-soviéticos, a Rússia não manifestou qualquer desejo de substituir a URSS como “inimigo preferencial” de Washington. A China também não procurou confrontações, esforçando-se apenas por se integrar efectivamente na economia mundial, que lhe proporcionava então um rápido crescimento industrial e avanço tecnológico. E, para além de Moscovo e Pequim, Washington não tinha quaisquer rivais potenciais.

É de notar, no entanto, que alguns peritos partiam do princípio de que esta situação poderia mudar nas décadas seguintes. Por exemplo, em 1997, o diplomata americano George Kennan avisou que a expansão da NATO era um erro grave que poderia piorar radicalmente as relações entre a Rússia e os Estados Unidos no futuro. Os autores da edição de 1997 da Quadrennial Defense Review (QDR) também afirmaram que

“No período posterior a 2015, existe a possibilidade de surgir uma grande potência regional ou um concorrente global. A Rússia e a China são vistas por alguns como tendo potencial para serem esses concorrentes, embora os seus respectivos futuros sejam bastante incertos.”

No entanto, na altura, estes avisos pareciam excessivamente vagos e as perspectivas da sua implementação eram demasiado remotas para terem um impacto significativo nos processos de planeamento e de tomada de decisão em Washington. Por conseguinte, na década de 2010, quando a rivalidade entre as grandes potências recomeçou, os americanos e os seus aliados mais próximos não estavam preparados para ela.

 

Os problemas do Exército e da Força Aérea dos EUA.

Os pontos de vista da direcção político-militar dos Estados Unidos mudaram muito no início dos anos 90, o que teve consequências profundas. A indústria militar abrandou, os inventários de equipamento foram reduzidos e houve alterações nos estatutos militares – por exemplo, os manuais de fortificação de campo deixaram de ser actualizados e, durante muito tempo, o “poder de fogo” foi excluído dos parâmetros que definem o “poder de combate” no Manual de Campo do Exército FM 3-0 “Operações”.

Depois do exército ter sido reduzido, o mesmo aconteceu com o treino de combate – as manobras passaram a ser consideradas “grandes” quando uma divisão era representada por uma brigada com unidades de reforço e sob o controlo do quartel-general da divisão. Os jogos de guerra que utilizavam grandes forças terrestres contra um inimigo equivalente foram praticamente eliminados, mantendo-se maioritariamente sob a forma de “jogos em mapas”, ou virtuais. Juntamente com o redimensionamento das formações de reserva e a redução dos stocks de equipamento e munições, este facto teve duas consequências fundamentais. Em primeiro lugar, o próprio exército diminuiu de dimensão. Em segundo lugar, os EUA perderam a capacidade de acumular rapidamente forças suficientes, uma vez que já não dispunham de pessoal suficiente capaz de gerir grande número de tropas e teriam de as treinar de raiz.

As alterações afectaram não só o Exército, mas também a Força Aérea e a Marinha.

A ideia de fornecer a todos os tipos de tropas armas de longo alcance de alta precisão parecia boa em teoria. No entanto, na prática, verificou-se que não eram suficientes. Mesmo o número de jactos não era suficiente – por exemplo, o agrupamento do tipo 1991 utilizado durante a Operação Tempestade no Deserto poderia não ser possível hoje em dia e, a acontecer, exigiria que a Força Aérea e a Marinha concentrassem todas as forças disponíveis.

Uma acumulação de armas de longo alcance de alta precisão pode provavelmente ajudar num conflito local (embora, como mostra a prática, mesmo a capacidade de atingir qualquer alvo num pequeno local remoto não garanta a vitória). No entanto, estas armas não são claramente suficientes para uma guerra contra uma grande potência. O famoso especialista militar norte-americano Mark Gunzinger, no seu relatório de Novembro de 2021 “Affordable Mass: The Need for a Cost-Effective PGM Mix for Great Power Conflict”, observou que, na eventualidade de um confronto com a Rússia ou a China, a Força Aérea dos EUA teria de atingir um grande número de alvos (100.000 ou mais) a várias distâncias. Isto exige um grande arsenal de várias armas de alta precisão, e as taxas de produção de cada tipo de arma devem variar entre vários milhares de unidades e dezenas de milhares de unidades por ano. Ao mesmo tempo, como observou o vice-presidente do CSIS, Seth Jones, no seu relatório intitulado “Empty Bins in a Wartime Environment: The Challenge to the U.S. Defense Industrial Base”, o inventário dos EUA de mísseis convencionais de longo alcance do tipo JASSM, JASSM-ER e LRASM será de cerca de 6.500 unidades até 2025. E este stock poderá ficar esgotado nos oito dias seguintes a um conflito contra uma grande potência.

 

Marinha dos EUA: poder sem alicerces.

A Marinha dos EUA deparou-se com problemas semelhantes. O desenvolvimento da sua frota, desde a década de 1940 até à actualidade, também tem sido cíclico. Numa primeira fase – desde a Guerra da Coreia até ao início dos anos 70 – estava orientada para combater um inimigo na costa, uma vez que não tinha grandes rivais no mar. Ao prepararem-se para um possível confronto com a Marinha da URSS, os Estados Unidos concentraram-se principalmente na defesa anti-submarina e – mais perto das águas soviéticas – em repelir ataques da aviação naval portadora de mísseis.

No início da década de 1970, após uma série de incidentes no Oceano Índico e no Mar Mediterrâneo, os Estados Unidos aperceberam-se de que a URSS dispunha de uma frota moderna e substancial, com mísseis lançados da superfície e por submarinos. Esta armada poderia constituir uma séria ameaça para os grupos de ataque de porta-aviões que, na altura, não dispunham de protecção adequada contra lançamentos de salva de mísseis anti-navio. A situação exigiu uma mudança nos conceitos de desenvolvimento naval e, durante os 20 anos seguintes, a Marinha dos EUA concentrou-se na defesa da sua supremacia no mar, que era desafiada pela Marinha soviética.

Após o colapso da URSS, a Marinha dos EUA retomou a “luta na costa” e reduziu consideravelmente a sua frota – de quase 600 navios na segunda metade da década de 1980 para menos de 300 no final da década de 2000. A capacidade dos EUA para conduzir combates navais contra uma frota inimiga forte também diminuiu – a marinha não recebeu uma nova geração de mísseis anti-navio e, depois de os mísseis RGM/UGM-109B Tomahawk TASM terem sido retirados de serviço, apenas desenvolveu o sistema de defesa anti-navio Harpoon, mais leve. As forças de escolta da Marinha dos EUA, destinadas a combater os submarinos inimigos, foram também significativamente reduzidas.

Esta estratégia era compreensível, uma vez que não havia rival à vista – em termos globais, a Marinha Soviética tinha deixado de existir, enquanto a Marinha do Exército Popular de Libertação da China (PLA) era mais uma força de auto-defesa costeira até à década de 2010. No entanto, no início da década de 2020, verificou-se que Pequim tinha uma frota de superfície em rápido crescimento, capaz de desafiar Washington no seu esforço para manter o domínio no Indo-Pacífico, e os EUA tiveram dificuldade em responder a este desafio. A frota chinesa é maior em número do que a equivalente americana e, embora tenha menos navios de grande porte – como porta-aviões, cruzadores e submarinos nucleares -, esta lacuna pode ser compensada por outros meios. Uma região chave para a China é o Oceano Pacífico ocidental, onde tenciona desafiar o domínio da Marinha dos EUA. Pequim pode concentrar aí toda a sua frota, enquanto Washington, devido aos seus compromissos globais, é apenas capaz de reunir uma parte das suas forças. Entretanto, perto da sua própria costa, a falta de navios de grande porte da China pode ser compensada por uma frota superior de navios mais pequenos, bem como por mísseis costeiros e aviação.

À semelhança do que aconteceu com a Força Aérea e o Exército dos EUA, a redução do potencial de combate da Marinha dos EUA foi acompanhada pela redução na produção e, logo, por deficits de potencial. Outrora líder mundial na construção naval comercial, Washington perdeu o seu domínio. O sector estagnou, enfrentando problemas como uma escassez significativa de instalações modernas de produção e de pessoal qualificado. Actualmente, três países da Ásia Oriental são responsáveis por mais de 93% da construção naval comercial mundial: China (47%), Coreia do Sul (30%) e Japão (mais de 17%). A Coreia do Sul e o Japão são aliados dos EUA e, sem surpresa, ambos possuem uma frota em rápido crescimento. Mas, enquanto potências militares, não têm dimensão suficiente para apoiar Washington no seu objectivo de manter a supremacia marítima.

Entretanto, os próprios Estados Unidos não são capazes de aumentar rapidamente a produção para equipar, armar e fornecer ao seu Exército, Força Aérea e Marinha tudo o que é necessário para travar uma guerra em grande escala contra um inimigo moderno, especialmente um com um exército substancial pronto para o combate.

 

Filosofia woke e o moral das tropas.

Nos últimos dez a quinze anos, as forças armadas americanas sofreram um estranho processo de doutrinação ideológica que tem ganho progressiva intensidade e que, na mesma medida, tem criado dificuldades de recrutamento e afectado a moral dos efectivos. Conceitos do mundo corporativo americano como o da equidade, diversidade e inclusão; doutrinas radicais do universo académico como a Teoria Crítica da Raça, aparelhos do pensamento político neo-liberal como a ideologia de género e mandatos totalitários como o da vacinação compulsiva, infectaram definitivamente o Pentágono, criando divisões intestinas e afastando um largo grupo de efectivos, bem como de potenciais voluntários, da carreira militar.

Acresce que o desastre da retirada do Afeganistão, que levou a administração Biden a entregar o poder ao inimigo que lá combateu durante vinte anos, não contribuiu em nada para animar o moral das suas forças armadas.

Não é assim de estranhar que um relatório do Departamento de Defesa divulgado este anos revele um aumento brutal nos suicídios de soldados americanos no activo.

 

Rivais e perspectivas.

Tudo o que foi dito acima não significa que os rivais dos EUA não tenham os seus próprios problemas. É claro que têm. As Forças Armadas russas, que sobreviveram ao colapso da URSS, estão actualmente a passar por uma reforma a longo prazo que é, por vezes, inconsistente. A indústria militar do país também tem problemas sérios com o desenvolvimento de sistemas modernos, particularmente nos domínios da informação, das comunicações e da definição de objectivos.

No entanto, apesar de tudo, os estrategas militares russos nunca descartaram completamente a ameaça de uma guerra terrestre em grande escala, o que levou a uma atitude diferente no que diz respeito ao armazenamento de armas e à capacidade de aumentar rapidamente a produção militar.

Durante o último ano, circulou uma piada nos círculos militares russos:

“Em 1993, olhávamos para os campos intermináveis de armas armazenadas, com inúmeros tanques, armas e caixas de munições, e perguntávamos: Meu Deus, para que precisamos de tudo isto, o que vamos fazer com isto? Agora olhamos para estes stocks de armas e dizemos: Ah, ok, já percebemos!”

Uma grande guerra não era considerada provável até a NATO ter começado a apontar a mira para a Ucrânia e Moscovo ter começado a levar a sério a ameaça do bloco militar ocidental. No Ocidente, no entanto, a gravidade da situação foi aparentemente subestimada, assim como a prontidão da Rússia para mobilizar as suas forças armadas. Como teria evoluído o conflito se o Ocidente tivesse compreendido a disponibilidade da Rússia para actuar? Seria um processo similar, ou poderia ter havido conversações sérias sobre a forma de o evitar? Ninguém sabe ao certo.

Entretanto, a prontidão de combate das forças armadas chinesas é mais teórica do que prática, uma vez que foram testadas pela última vez em 1979 – num pequeno e breve conflito com o Vietname. No entanto, a cultura militar chinesa é inspirada na equivalente russa e leva muito a sério o aspecto quantitativo. Não podemos dizer até que ponto o Exército de Libertação Popular utilizará bem as suas armas, mas não há dúvida de que Pequim se certificará de que as terá em grande quantidade.

Mais a mais, as políticas de defesa do bloco Ocidental, com especial responsabilidade do Regime Biden, promoveram uma aliança entre chineses e russos que é não só inédita, como superlativamente ameaçadora. A capacidade dos Estados Unidos saírem vencedores de um conflito com estas duas potências, mesmo que considerando apenas as variáveis de uma guerra convencional, são cada vez mais remotas.

 

Conclusão.

Em 1941, a incapacidade do Império Britânico para se defender no Extremo Oriente, ao mesmo tempo que lutava pela supremacia marítima no Mediterrâneo e no Atlântico, obrigou Winston Churchill a assinar a Carta do Atlântico, pedindo ajuda aos EUA em condições que acabaram por conduzir ao fim do Império Britânico. Mas Londres teve ao menos a oportunidade de se dirigir a Washington para obter apoio. A economia dos EUA era mais poderosa do que as da Alemanha e do Japão e, em conjunto com a URSS e o Reino Unido, formava uma aliança entre três das quatro maiores economias do mundo.

No entanto, as capacidades industriais dos actuais Estados Unidos são inferiores às da China, e a sua posição nas esferas financeira e tecnológica também está a ser posta em causa. Por conseguinte, Pequim é um rival estratégico muito mais substancial do que a Alemanha era na década de 1940. E a Rússia tem recursos bélicos incomparavelmente devastadores, quando justapostos às disponibilidades japonesas dessa altura.

A convergência sino-russa constituirá porventura uma das mais poderosas alianças militares alguma vez firmadas.