A Universidade de Stanford detectou um aumento suspeito de académicos “extremamente produtivos” que produzem 60 artigos de investigação por ano. O estudo de Stanford suscita preocupações sobre a qualidade e a fiabilidade da ciência que está a ser produzida.
De acordo com os dados de Standford, os autores de alto rendimento na Tailândia passaram de apenas um paper em 2016 para 19 em 2022. Os autores de alto rendimento também aumentaram drasticamente na Arábia Saudita, passando de seis para 69 no mesmo período.
Um dos co-autores do estudo, John Loannidis, comentou:
“Suspeito que práticas de pesquisa questionáveis e fraude podem estar por trás de alguns dos comportamentos mais extremos. Os nossos dados fornecem um ponto de partida para discutir estas questões em toda a ciência”.
Há provas de que a ciência está a tornar-se cada vez menos fiável, podendo mesmo ser maioritariamente falsa. As retracções de estudos aumentaram 13.650% (!) nas últimas duas décadas e, actualmente, atingem os milhares por ano. A ciência está também a passar por uma crise de replicação ou reprodutibilidade. Isto significa que a maioria das experiências não pode ser repetida com sucesso quando tentada por outros investigadores.
Isto afecta não só as ciências não exactas, como a psicologia, onde mais de 60% das investigações não podem ser repetidas, mas também a investigação sobre o cancro, ou sobre a natureza do Universo.
Como o Contra tem documentado, a crise das ciências contemporâneas é de carácter transversal. Nunca se investiu tanto dinheiro na investigação científica e, no entanto, os resultados são surpreendentemente pobres e escassos. O problema (grave) da falibilidade da literatura científica contemporânea e do sistema de revisão por pares, a que acresce e o facto estatístico de que a produção científica se está a tornar menos disruptiva e relevante, revela um labirinto caótico de informação inútil ou falaciosa.
Por outro lado, as mais recentes descobertas do James Webb Space Telescope, estão a colocar em causa o que estava estabelecido pelo modelo standard da cosmologia. Nas neuro-ciências, embora se saiba muito sobre a materialidade física do cérebro, os cinco mistérios cardinais da mente imaterial continuam por explicar: a consciência subjectiva; o livre arbítrio; a forma como as memórias são armazenadas e recuperadas; as faculdades “superiores” da razão e da imaginação; e a identidade pessoal. Os biólogos podem, se assim o desejarem, descrever os genomas de cada uma das milhões de espécies com que partilhamos o planeta, mas isso apenas confirmaria que são compostos por vários milhares de genes semelhantes que “codificam” as células de que são feitos todos os seres vivos. Entretanto, a questão realmente interessante de como determinam a forma e os atributos únicos de criaturas tão diversas permanece por resolver: os geneticistas não conseguem explicar-nos por que razão os seres humanos são tão diferentes das moscas.
A este estado de coisas, podemos somar a cristalização de dogmas, denunciada por Rupert Sheldrake e Patrick T. Brown, por exemplo; o carreirismo imobilista dos académicos, que a Arqueologia estabelecida ilustra de forma evidente, e os limites colocados pela biologia à percepção humana, enunciados por Donald Hoffman.
Uma abordagem mais aprofundada sobre a crise da cosmologia no século XXI pode ser encontrada num ensaio do Contra, publicado em duas partes, aqui e aqui.
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