Estação Espacial Internacional . NASA

 

 

Cosmonautas russos encontraram bactérias vivas, na superfície do segmento russo da Estação Espacial Internacional (ISS). As bactérias, que para todos os efeitos constituem uma forma de vida biológica, possivelmente alienígena, estão agora a ser estudadas na Terra, e não representam qualquer tipo de perigo, de acordo com declarações do cosmonauta Anton Shkaplerov à TASS, na segunda-feira.

Segundo Shkaplerov, durante os passeios espaciais a partir da Estação Espacial Internacional, realizados no âmbito do programa russo, os cosmonautas recolheram amostras com cotonetes da superfície externa da estação. Em particular, recolheram amostras de locais onde a acumulação de resíduos de combustível foi descarregada durante o funcionamento dos motores ou em locais onde a superfície da estação é mais obscura. Depois disso, as amostras foram enviadas de volta para a Terra.

“E agora acontece que, de alguma forma, esses cotonetes revelam bactérias que estavam ausentes durante o lançamento do módulo da ISS. Ou seja, vieram do espaço exterior e instalaram-se ao longo da superfície externa. Estão a ser estudadas e parece que não representam qualquer perigo.”

Algumas bactérias terrestres também sobreviveram na superfície externa da estação espacial, apesar de terem permanecido no vácuo espacial durante três anos. Para além disso, foram submetidas a fortes oscilações de temperatura, de 150 graus negativos a 150 graus positivos.

Estas bactérias foram trazidas para a estação espacial acidentalmente em computadores portátes, juntamente com vários materiais que são colocados a bordo da ISS durante longos períodos para estudar o comportamento dos materiais no espaço exterior.

 

Cientistas descobrem que as bactérias do subsolo gelado do Ártico podem resistir a um ambiente semelhante ao de Marte.

Já em 2017 investigadores russos tinham descoberto que algumas bactérias do antigo permafrost ártico – uma camada do subsolo da crosta terrestre que está permanentemente congelada – podem sobreviver até 20 milhões de anos num estado inactivo, em condições semelhantes às de Marte.

Sergey Bulat, assistente sénior de investigação laboratorial no Consórcio Extra Terra do Instituto de Física e Tecnologia da Universidade Federal dos Urais (UrFU) afirmou a este propósito:

“Este estudo tem um valor extremamente importante para a ciência, uma vez que nos permite aproximarmo-nos da compreensão dos limites de sobrevivência dos microrganismos colocados em substratos naturais sob condições extremas. Os cientistas da UrFU participaram na análise molecular-biológica das amostras para descobrir a estrutura das comunidades microbianas”.

De acordo com os cientistas, o estudo produziu novos conhecimentos sobre o antigo permafrost, que não descongela há cerca de dois milhões de anos.

Os investigadores modelaram condições de radiação de fundo amplificada acompanhadas de baixas temperaturas semelhantes às da superfície de Marte e estudaram a durabilidade dos microrganismos nestas condições. Até agora, ainda não foi esclarecido quais são os limites da durabilidade dos microrganismos face ao impacto de factores tão extremos.

Estes são, no entanto, dois casos em que é evidente a resistência da vida bacteriana a condições extremas, que alargam assim as possibilidade da existência de vida noutros locais do sistema solar.