Uma geração de homens que se tornam fantasmas entre os seus entes queridos, abandonam a força de trabalho e os seus papéis sociais e acabam até por se suicidar é sintomática de tempos sombrios.

Em praticamente todos os níveis, os homens estão a desaparecer. Esta tendência pode ser observada numa métrica após outra. Nos Estados Unidos, por cada rapariga que abandona a universidade, sete rapazes desistem da educação superior. Os homens abandonaram a força de trabalho em números quase sem precedentes; a actual taxa de emprego dos homens em idade activa na federação americana espelha a da Grande Depressão. Os homens também estão a abandonar a igreja, por todo o mundo cristão. Durante décadas, as mulheres ocuparam cerca de 60% dos assentos nos lugares de culto. Hoje, a percentagem disparou.

O catálogo de ausências – e fracassos – continua. Os homens desapareceram de muitas famílias. Como refere Derek Thompson no The Atlantic, 80% das famílias monoparentais são chefiadas por mães. Na categoria mais sombria que existe, as taxas de suicídio, os homens matam-se muito mais do que as mulheres, representando actualmente 80% dos suicídios na América, de acordo com o CDC.

Mas estas tendências são exclusivas do modelo ocidental. Os homens na China, na Rússia, no Médio Oriente, em África e na América do Sul não estão a ser diminuídos e humilhados e marginalizados. E os números de desemprego, participação religiosa, protagonismo social e suicídios não são, claramente, os mesmos.

 

Porque é que os homens sofrem assim?

Para onde estamos exactamente a olhar quando estudamos esta pilha de dados? Muito simplesmente, estamos a olhar para uma crise. Uma geração de homens está a deixar de lado os seus entes queridos, os seus ambientes de trabalho e o próprio mundo. Mas os homens não são os únicos que sofrem com este turbilhão; as mulheres também são diretamente afectadas por ele.

Há muitas razões para a tendência deprimente acima descrita. A força de trabalho no Ocidente sofreu terrivelmente com as políticas económicas globalistas, e com a obsessão pela diversidade, equidade e inclusão. O movimento feminista moderno tem atacado a masculinidade de forma implacável. O marxismo cultural transformou a liderança masculina patriarcal num conceito opressivo e injusto. As sociedades ocidentais, obcecadas pela segurança, treinaram os homens para temerem o mundo e não para entrarem nele de todo o coração.

A lista de más influências é longa. Mas podemos isolar apenas mais uma grande razão para o declínio – e consequente desaparecimento – dos homens, que é esta: a ideia de que a masculinidade é “tóxica”. Eis, por exemplo, o que a American Psychological Association chamou de “prejudicial” num relatório de 2019:

“Antifeminilidade, realização profissional, recusar a aparência de fraqueza e assumir o risco de aventura e violência. A masculinidade tradicional – marcada pelo estoicismo, competitividade, domínio e agressão – é, em geral, prejudicial”.

É evidente que a APA declarou guerra à masculinidade. E não está isolada.

 

“Sê forte e porta-te como um homem.”

Num clima tão envenenado, poucos se atrevem agora a falar em nome dos homens. Mas não podemos abandoná-los. Temos de voltar a envolver os homens nas dinâmicas sociais, profissionais e familiares. A terrível situação que temos hoje diante de nós exige que lutemos pelos homens, com os homens e não contra eles.

Para além disso, os homens precisam de muito mais encorajamento. Precisam de um braço à volta do ombro. Mas também precisam de mais exigência. Precisam de um apelo, não à passividade e à brandura, mas à força. Esse apelo surge, poderoso, na Bíblia, quando o rei David faz esta exortação no leito de morte ao seu filho Salomão:

“Eu vou pelo caminho de toda a terra; sê forte, pois, e porta-te como homem.”
(1 Reis 2:2)

Este velho apelo reverbera loucamente nos tempos que correm, incentivando os homens a desafiar as suas fraquezas e as fragilidades das sociedades em que se inserem.

E esse mandato da masculinidade começa pelas coisas mais elementares: Conquistar o coração de uma mulher, construir uma família, amá-la, protegê-la. Trabalhar arduamente, quer seja num “emprego de sonho” ou não. Prosperar. Procurar significado na existência, abraçar uma vida ordenada em torno de valores universais, transcendentes, maiores que o simples trajecto individual, e defendê-los incondicionalmente.

Os homens podem estar a sofrer hoje. A masculinidade pode estar a desaparecer. Mas nunca como nestes dias infernais, o voluntarismo, o carácter, a generosidade e a coragem do sexo forte foi tão necessária à civilização.

E esta não é de todo uma afirmação contra as mulheres. As mulheres são, obviamente, tão importantes para a humanidade como os homens. Mas têm papéis diferentes. Mulheres e homens foram feitos para se complementarem, não para competirem.

Quando os homens florescem, as mulheres florescem. Mas quando os homens vacilam, as mulheres são profundamente afectadas. É por isso que, em última análise, não devemos declarar guerra contra os homens como aqueles que usam a “toxicidade” como metralhadora. Em vez disso, devemos ir ao encontro dos homens, resgatá-los da beira do abismo para onde foram empurrados. Antes que seja demasiado tarde.

Antes que a masculinidade seja extinta da civilização ocidental.

Deus nos guarde dessa falência.