Muitas pessoas ainda consideram os movimentos acima como verdadeiras antíteses, espelhadas no falso conceito de antagonismo entre o capitalismo e a criação aberrante de Karl Marx. Motivado pelo enorme número de cidadãos em todo o mundo ainda imbuídos de tais pensamentos, resolvi publicar breve – e necessariamente superficial – série de artigos, sempre aos domingos, para que o leitor encontre incentivos em livrar-se de tal ingenuidade, muito útil às elites nos tempos atuais.

Primeiramente devemos começar pelo âmago de ambos os movimentos, lembrando que o capitalismo – simbolizado nestas linhas pelo empresário que obteve sucesso extraordinário em seus negócios – desembocará, inevitavelmente, no pensamento monopolista.

Tal empreendedor, após lutar durante anos em agradar, financiar, bajular e favorecer governos e políticos para que sua empresa crescesse com mais facilidade, obtivesse contratos vantajosos e tivesse como “sócio” a mais poderosa de todas as figuras, o Estado, acaba por incluir-se no seleto clube participativo da “Economia Fascista”, modelo adotado por todos – e este “todos” não é figura de linguagem – os governos mundiais, inclusive e principalmente o dos Estados Unidos da América e o de diversas nações europeias.

A “Economia Fascista” tornou-se conhecida após o milagre da recuperação econômica alemã, conseguido por Adolf Hitler nos anos 30 do século passado, e que consiste basicamente – focando apenas na ótica do empreendedor – na comunhão de interesses entre as grandes empresas e governos totalitários, particularmente eficiente em engolir concorrentes emergentes e abrir caminho para o tão sonhado monopólio empresarial. Podemos citar o conhecido caso da brasileira AMBEV, gigante multinacional das bebidas, que tomou seu atual tamanho e obteve, na prática, o monopólio em seu ramo graças ao governo de Luis Inácio, o Lula, no Brasil.

A AMBEV, porém, é caso recente. Podemos e devemos citar o relacionamento promíscuo entre capitalistas antigos e notórios como Henry Ford, J.P. Morgan ou mesmo Rockfeller e os Roosevelt, nos Estados Unidos e, nos dias atuais, George Soros, Klaus Schwab, Bill Gates e a nata do Partido Democrata norte americano, bem como demais expoentes do progressismo político europeu.

Os resultados são auto demonstrativos: qual sistema operacional seu computador roda? Muito provavelmente um Windows, de Bill Gates – virtual monopólio digital. Há quem possa acusar-me de exagero lembrando os sucessivos desastres comerciais da Ford, tanto nos EUA quanto no mundo, mas é digno de nota observar e reconhecer que tal grupo empresarial, há muito, não mais vive de fabricar e vender automóveis – seus principais ativos, hoje, encontram-se na política. E esta é a melhor forma de se obter dinheiro e poder.

O sonho dourado do meta capitalista é monopolizar o mercado em que atua, infiltrar-se em governos e mídia para assegurar-se do mesmo e, por fim, fazer de sua empresa verdadeiro “feudo” onde milhares de trabalhadores – agora virtualmente os novos “servos da gleba” – encontrarão casa, comida e a agradável sensação de pertencimento a algum lugar e grupo social, já que as nações não mais existirão.

E por quê tal criatura desejaria o fim das nações? Sejamos práticos: para o meta capitalista, o conceito de “nação” é barreira impeditiva. Em cada país uma nova regra, exigências diferenciadas, impostos variados além da sempre trabalhosa negociação entre o grupo empresarial e os líderes políticos locais, invariavelmente ansiosos em extrair o máximo possível de vantagens e dinheiros para si. Nada melhor, portanto, que um governo “global”, unificante e facilitador, alegremente vendido ao público como uma “nova era sem fronteiras, de paz e prosperidade”. E é justamente aí onde os anseios capitalistas começam a convergir para as ambições comunistas, complementando-se em muitos outros pontos, conforme veremos semana que vem.

No próximo domingo abordarei o olhar comunista sobre o capitalismo e as tendências globalizantes, manifestadas – ainda que de forma difusa e precária – em todo o mundo, desde séculos atrás.

 

WALTER BIANCARDINE
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Walter Biancardine foi aluno de Olavo de Carvalho, é analista político, jornalista (Diário Cabofriense, Rede Lagos TV, Rádio Ondas Fm) e blogger; foi funcionário da OEA – Organização dos Estados Americanos.
As opiniões do autor não reflectem necessariamente a posição do ContraCultura.