Agora que vemos abrir-se mais uma frente de guerra nas imediações da Europa, convém tentar reduzir o factor emocional, decorrente da violência gráfica com que estamos constantemente a ser bombardeados pelos media, e parar para pensar, porque, para além do horror terrorista, que todos (os animais racionais) condenamos, há perguntas que devem ser feitas.

Por exemplo: como é que os serviços de inteligência israelitas e americanos não se aperceberam que o Hamas estava a planear o devastador ataque de Sábado? Aperceberam-se, sim. É o próprio Times of Israel que o afirma. A pergunta a fazer a seguir é: porque é que o alerta foi ignorado?

A hipótese de que o governo de Netanyahu, que se debatia com sérios problemas políticos e judiciais internos (até o primeiro ministro luta há anos com graves acusações de corrupção), tenha permitido a chacina dos seus próprios cidadãos para ter um pretexto de continuidade no poder e de fazer uma guerra que acabe de vez com o problema da Faixa de Gaza, é tudo menos disparatado. Tanto mais que altos quadros do poder militar israelita têm uma solução para os palestinianos que lá vivem. Como a certa altura, antes da “Solução Final”, Hitler pensou em deportar os judeus europeus para Madagáscar, há em Israel que pense em deportar os palestinianos para a Europa.

 

 

A suspeita de que a CIA também sabia do que ia acontecer mas que optou por não divulgar a informação, de forma a criar um pretexto para aumentar as tensões com o Irão e até criar condições para uma ataque às suas estruturas petrolíferas e industriais, é, também, deveras legítima. Tanto mais que é difícil aceitar que a maior operação de espionagem internacional, com um orçamento que equivale ao produto interno bruto de muitos países economicamente relevantes, desconhecesse por completo uma operação que por certo demorou meses a planear, que implicou a mobilização de milhares de efectivos militares e para-militares e que requereu avultados recursos financeiros e materiais. Tanto mais que, como o Contra já documentou, 24 horas depois do ataque do Hamas, eram diversas as vozes dos políticos de Washington ligados ao complexo militar e industrial americano que exigiam precisamente acções de retaliação contra o Irão.

 

 

Ontem, Eva Vlaardingerbroek, a activista holandesa que é uma das mais consequentes vozes conservadoras na Europa, publicou no Twitter/X um texto muitíssimo pertinente, que o Contra subscreve e traduz livremente:

 

É claro que há pessoas ao mais alto nível que sabiam que o ataque a Israel iria acontecer.

Um oficial da inteligência egípcia disse que Israel ignorou repetidos avisos de “algo grande”. Israel também possui um dos [aparelhos] militares mais avançados do mundo e trabalha em estreita cooperação com a CIA. Deve ter havido pessoas que sabiam e queriam que isso acontecesse ou que deixaram acontecer.

Também é claro que muitos estão agora a bater com raiva os tambores da guerra, tal como vimos durante o conflito Rússia-Ucrânia.

As pessoas de ambos os “lados” estão ansiosas por ver uma nova escalada deste conflito, independentemente de nos lançar ou não na Terceira Guerra Mundial.

Acho que esse é um caminho extremamente perigoso e eu teria muito cuidado ao seguir qualquer narrativa como essa.

Antes de começarmos a 3ª Guerra Mundial, vale a pena perguntar:

Quem beneficia com uma maior escalada deste conflito?

Quem beneficia com esta guerra?

Se há uma coisa que é certa é que nós, pessoas comuns, não beneficiaremos com a escalada desta guerra, nem os civis inocentes actualmente apanhados no fogo cruzado. Por favor, rezem por eles.

Então, para quem está a perguntar “de que lado você está?”

Em primeiro lugar, minha lealdade está com Deus, a Família e o País. E isso é Jesus Cristo, a minha família (nele) e o meu próprio país.

À medida que este conflito aumenta, irá agitar sentimentos jihadistas radicais em todo o mundo. Especialmente na Europa.

Estou extremamente preocupada com a mobilização e o encorajamento dos milhões de homens muçulmanos em idade militar importados para os nossos países.

O Hamas acaba de anunciar que esta sexta-feira, dia 13, será “dia de mobilização geral no mundo árabe e islâmico”.

Com as mudanças demográficas insanas (e definitivamente intencionais) que temos visto na Europa, com milhões de homens muçulmanos em idade de lutar importados ao longo da última década, espero tumultos e muito provavelmente violência em toda a Europa Ocidental à medida que este conflito aumenta. As grandes cidades, em particular, serão perigosas.

Isto era de se esperar em algum momento.

Há anos que alertamos sobre isto, mas a desestabilização da Europa também era claramente desejada pelos nossos líderes. Dividir e conquistar com força total.

Em segundo lugar, no que diz respeito à estratégia geopolítica: estou do lado daqueles que tentam manter a cabeça fria, que não querem ver o início da Terceira Guerra Mundial e que querem ver tantas vidas inocentes poupadas em ambos os lados quanto possível.

Não sei se esse lado existe neste momento.

Não sei como tudo isto se vai desenrolar, mas sei que, por enquanto – reconhecendo que não sei o que não sei – esse é o “lado” em que estou.

 

E a confirmar o que diz Eva, eis o que aconteceu ontem à noite em Londres, em frente à embaixada israelita.

 

 

Por outro lado, convém também sublinharmos a dualidade de critérios utilizada pelas elites políticas e corporativas em relação ao que se passa em Gaza e ao que se passa na Ucrânia:

 

 

Vivemos tempos perigosos. É verdade. Extremamente perigosos. Mas isso não é desculpa para não estarmos bem atentos ou para desistirmos da análise crítica e racional ou para abdicarmos de raciocinar com a necessária independência.

Precisamos, hoje mais do que nunca, de ter os olhos bem abertos, os ouvidos despertos e os neurónios de plantão.

E para aqueles que prezam o acesso a informação fidedigna, para depois poderem pensar com a sua própria cabeça, o Contra recomenda “The Duran” como referência de primeira grandeza. Os dois alexandres (Christoforou e Mercouris), sóbrios, racionais e lúcidos comentaristas do caos, abrem constantemente novas janelas para a verdade dos factos e, mesmo quando especulam, percebe-se que a linha da raciocínio é sólida e resultante de um conhecimento aprofundado dos assuntos em discussão.

Um podcast como deve ser.