A reportagem da imprensa corporativa sobre os sucessivos escândalos da família Biden tem todas as marcas de uma agência de propaganda ao serviço de um regime totalitário.

A consistência da informação é nenhuma. Os detalhes são obliterados. As comparações são desadequadas. A vontade de escamotear, manipular e transformar a realidade dos factos é por demais evidente. A lógica de dois pesos e duas medidas é gritante. O seguidismo ideológico é vergonhoso.

Na semana passada, os republicanos que detêm a maioria na Câmara dos Representantes dos EUA divulgaram um relatório que documenta as provas do que parece ser um enorme esquema internacional de corrupção gerido pela família Biden, que, de acordo com os registos bancários, recebeu cerca de 10 milhões de dólares enquanto Joe Biden era vice-presidente – sem fornecer bens ou serviços discerníveis aos interesses estrangeiros que lhes pagaram.

Mas a imprensa corporativa ocidental, começando, claro, pelos meios de comunicação social americanos, ignoraram essencialmente o escândalo. Alguns não fizeram qualquer reportagem sobre o assunto. Outros distorceram-no para favorecer os Biden, numa manobra acrobata só acessível a grandes artistas de circo.

De acordo com Jonathan Turley, o Professor de Direito Público na Universidade de Washington e frequente testemunha perante o Congresso americano sobre questões legais, tendo até representado a Câmara em tribunais nativos e internacionais, a cobertura dos escândalos da família Biden é pior que aquela que o infame Walter Duranty reportou para o New York Times sobre o regime estalinista. Como apologista de Estaline, Duranty recusou-se a denunciar a grande fome do Holodomor, um período de escassez de tudo na Ucrânia Soviética que causou a morte de milhões de ucranianos entre 1932 e 33. Em vez disso, redigiu uma notícia, para sua eterna infâmia, com esta manchete: “Russos com fome, mas não famintos”.

Pior ainda: o seu trabalho de correspondente em Moscovo, extremamente comprometido com o regime soviético, valeu-lhe o prémio Pulitzer.

Num artigo sobre a contemporânea falência ética da imprensa mainstream, Turley escreve:

“Assistimos hoje a um fenómeno muito mais perigoso que o de Duranty. A cobertura das alegações de corrupção que recaem sobre os Biden tem todas as marcas dos meios de comunicação corporativos. O spin consistente. A falta quase universal de pormenores. As distinções absurdas. É a lacuna da nossa Primeira Emenda, que trata do uso clássico da autoridade do Estado para coagir e controlar os media, mas não aborda a circunstância em que a maioria dos meios de comunicação social manterá uma linha editorial ao serviço do regime por consentimento e não por coerção.”

Turley citou as provas sobre os Bidens divulgadas pelo deputado Byron Donalds (R), e outros, e os seus vãos esforços em cativar a comunicação social para a história.

“Donalds e os seus colegiais tentaram fazer o impossível. Depois de terem apresentado um labirinto de empresas de fachada e contas usadas para canalizar até 10 milhões de dólares para membros da família Biden, tentaram induzir a imprensa a mostrar algum interesse no enorme escândalo de corrupção. Em princípio, isto seria uma história de nível Pulitzer, mas a reacção dos meios de comunicação social tradicionais foi bem ilustrada pelo New Republic, que noticiou: ‘Os republicanos finalmente admitem que não têm provas incriminatórias contra Joe Biden’. Isto é de outro mundo.”

A ironia da situação não escapou a Turley:

“Há uma década atrás, quando o então vice-presidente Joe Biden denunciava a corrupção na Roménia e na Ucrânia e prometia uma acção por parte dos Estados Unidos, estavam a ser feitos pagamentos maciços ao seu filho Hunter Biden e a uma variedade de membros da família, incluindo os netos de Biden”.

A verdade é que a imprensa corporativa americana há muito que estava preparada para se proteger e proteger os Biden de reacções adversas quando rebentassem as revelações sobre a corrupção da família do presidente. O brilhantismo da equipa Biden foi ter implicado directamente os meios de comunicação social neste escândalo logo no seu início, enterrando a história do computador portátil como “desinformação russa” antes das eleições. Com a excepção do New York Post, os media ignoraram os conteúdos desse portátil. Centenas de e-mails detalhavam condutas potencialmente criminosas e tráfico de influências em países estrangeiros. As redes sociais censuraram quem falasse no assunto e até suspenderam os posts do NYP sobre o assunto. O envolvimento russo era claramente falso, mas foram precisos dois anos para que a maioria dos principais meios de comunicação admitissem que o portátil era autêntico. Já estavam porém comprometidos com a mentira.

Quando  o New York Post confirmou os conteúdos incriminatórios do portátil de Hunter, os meios de comunicação social corporativos insistiram que não havia prova dos pagamentos de tráfico de influências nem evidências claras de conduta criminosa e ignoraram completamente os óbvios indícios de corrupção. E agora que o Congresso apresenta essas provas materiais, continuam a assobiar para o lado, com manobras retóricas como a do New Republic.

A defesa de Biden por parte dos meios de comunicação social é, nas palavras de Turley, “ridiculamente absurda”.

“Os pagamentos iam para a sua família, mas ele era o objecto do tráfico de influências. As provas mostram que os pagamentos – de milhões – iam parar a contas de pelo menos nove membros da família como dividendos de negócios. Como crítico de longa data do tráfico de influências entre republicanos e democratas, nunca vi nada igual. O objectivo do tráfico de influências é utilizar membros da família como escudos para funcionários corruptos. Em vez de se fazer um pagamento directo a um político, o que poderia ser visto como um suborno, é possível dar milhões ao seu cônjuge ou aos seus filhos. Além disso, os e-mails do computador de Hunter incluem referências ao facto de Joe Biden ter recebido 10% de um negócio chinês. Também mostram associados de Joe Biden a avisar para não usarem o seu nome, mas sim nomes de código como “o Grandalhão”. Ao mesmo tempo, o presidente e a primeira-dama são referidos como beneficiários de pagamentos por parte de Hunter”.

Nada disto, no entanto, demove os apparatchiks da comunicação social convencional. Tanto nos Estados Unidos como na Europa reina o silêncio, a omissão e a deturpação dos factos, que são cristalinos como uma fonte de água mineral. A imprensa corporativa dos tempos que correm é um grande Pravda. O verdadeiro motor da ‘desinformação’ que eles próprios usam como arma de arremesso contra aqueles que ousam a dissidência.

Sobre os sucessivos escândalos da família Biden e do seu despótico regime, como sobre todas as grandes questões contemporâneas da vida social, económica e política do Ocidente, a imprensa mainstream comporta-se como uma gigantesca rede de propaganda regimental. E aqueles que ainda não se aperceberam deste fenómeno são provavelmente vítimas do seu impacto: o seu cérebro foi lavado para além do ponto de não retorno.