O Contracultura segue o percurso de Jordan Peterson com admiração e respeito por um intelectual brilhante, que tem aberto novos paradigmas conceptuais, religiosos e ideológicos a milhões de jovens em todo o mundo. Mas desde que se aliou ao Daily Wire, Jordan B. Peterson parece ter encontrado os seus limites como comunicador, filósofo e líder de opinião. O seu “Conservative Manifesto” não foi de todo um momento inspirado, e o professor parece a cada momento mais um zangão do que um pacificador.

A recente guerra que inventou no Twitter contra o anonimato na web não se entende de todo e nem sequer parece ser bem formulada, o que é deveras surpreendente. Alguns podcasts que tem publicado com personagens que são ou sinistros ou oportunistas também não têm contribuído para a sua fiabilidade política, ética e académica.

Acresce que os formatos dos conteúdos Daily Wire, em que Jordan aparece a ler o teleponto, também não contribuem nada para a reputação de intelectual brilhante, espontâneo e sincero, que apesar de ser inteiramente merecida tem sido recentemente posta em causa.

Neste contexto, a rapaziada do The Lotus Eaters faz a crítica. De forma respeitosa, claro, porque o professor é quem é. Mas também pertinente, porque o polemista canadiano não parece estar a exibir neste momento a sua melhor forma e talvez devesse parar um pouco e repensar algumas das suas decisões.

 

 

A verdade é que Jordan Peterson estava errado sobre as vacinas.

E estava errado sobre a integridade das eleições presidenciais americanas de 2020.

E apesar de ser bom que tenha corrigido algumas das suas análises, muitos de nós “teóricos da conspiração” nunca esqueceremos esses lapsos da razão.

 

O Contra concede que vivemos num mundo de tal forma abstruso que é de facto muito difícil a alguém com formação científica, mentalidade académica e uma plataforma mainstream que integra milhões de almas, acertar de imediato no alvo da verdade factual ou ter a coragem para assumir certo tipo de rupturas que são quase de carácer epistemológico, principalmente em questões que implicam sérias consequências na vida das pessoas (caso da gripe chinesa e das vacinas) e na vida das democracias (caso das eleições).

Na circunstância particular do professor de Toronto, há que ponderar também factores clínicos que entretanto o iam matando.

Mas mesmo quando é perseguido ao estilo estalinista, o senhor não consegue disfarçar as suas diopetrias mentais e alguma compreensão lenta. Reparem bem no comentário que faz ao meme em baixo.

 

 

“Ainda não é verdade”? Peterson pode muito bem acabar por ver a sua licença de psicólogo interdita por causa das opiniões políticas que tem sobre isto ou aquilo. E responde a este meme que “Ainda não é verdade”? Ainda não é verdade o quê, senhor professor? O que é que ainda está à espera que aconteça para poder confirmar totalmente o conteúdo da sátira? Ser enfiado num campo de concentração por crimes do pensamento?

Há coisas que não se percebem e uma delas é esta: como é que um homem tão inteligente tem as vistas tão curtas.

O último dislate de Jordan Peterson é a gota de água que provoca a inundação. Depois de ter interpretado mal todo o processo da pandemia e das vacinas, como ele agora reconhece; depois de ter interpretado mal as eleições presidenciais americanas de 2020 e os acontecimentos de 6 de janeiro de 2021; depois de se ter armado em vítima por causa de comentários menos simpáticos que lhe deixavam nas redes sociais, tirando conclusões profundamente erradas sobre o anonimato na web e o que é a liberdade discursiva, vem agora com esta conversa absolutamente parva sobre o Irão.

 

 


Deseja realmente Jordan Peterson que os Estados Unidos entrem num conflito, mais um, para mudar o regime iraniano? Mas está maluco? Os Estados Unidos actuais não têm qualquer legitimidade para mudanças de regime seja onde for, até mesmo que quisessem destronar o diabo do inferno.

Por amor de Deus. Se os iranianos estão fartos da feroz e medieva teocracia em que vivem, que resolvam o assunto. O ContraCultura deseja todas as felicidades que pode sinceramente desejar ao povo persa nesse esforço de libertação. Mas ninguém mais está em posição moral, política, militar ou económica de meter o bedelho nesse assunto.

É que nem nos faltava mais nada.

Das duas, três: ou o professor está a perder qualidades a um ritmo alucinante por disfunção de carácter psiquiátrico ou fisiológico, ou o dinheiro e a fama estão, como sempre acontece, na verdade, a corroer-lhe o cerebelo (e a alma).  Ou ainda (hipótese difícil): nunca foi tão virtuoso e genial como parecia.