Este objecto de ficção científica, desenhado num momento de grande inspiração pelo escultor italiano e designer industrial Flaminio Bertoni e pelo engenheiro aeronáutico francês André Lefèbvre, trancende a sua condição automobilística: é uma afirmação da criatividade e do engenho humanos. Dos faróis direccionais à lendária suspensão basculante, tudo neste carro grita por um porvir utópico, um futuro em que a inovação tecnológica e a elegância, o conforto e o bom gosto, a funcionalidade e a sofisticação servem o destino do homem.

O DS, conhecido em Portugal por boca-de-sapo, foi fabricado e comercializado pela Citroën de 1955 a 1975 e ficou conhecido pela sua carroçaria aerodinâmica de design arrojado e pela tecnologia inovadora, que incluía uma suspensão hidro-pneumática.

Apenas nos primeiros quinze minutos da apresentação do Citroen DS no Salão de Automóvel de Paris foram vendidos mais de 749 exemplares e, no final do evento, o modelo somava o incrível registo de 120.000 encomendas.

Em 1967, o modelo recebe alterações de desenho e equipamento, com a frente ligeiramente redesenhada, para-choques actualizados segundo as novas normas de segurança da época e faróis direcionais (os mais pequenos giravam acoplados ao movimento da direção e os maiores giravam acoplados ao movimento da suspensão) mantendo assim a linha de luz relativamente fixa no horizonte. É esse modelo que o Contra ilustra como apogeu.

Entre 1955 e 1975 foram produzidas 1.456.115 unidades do Citroën DS

Jay Leno tem um destes maravilhosos automóveis, na sua célebre garagem. E o vídeo correspondente descreve o DS – e ilustra a sua glória – muito melhor do que este texto pode fazer.

 

 

O DS podia ser uma carroça. Podia ser uma nave espacial. Até podia ser um destes veículos eléctricos contemporâneos que passam por automóveis. Seria sempre belo como uma ode de Álvaro de Campos.