A Ferrari só sabe construir clássicos, claro, mas este 250 GT é um fenómeno à parte. Já não se desenham automóveis assim. Ninguém tem a ousadia necessária a esta aventura estética.
Um dos mais notáveis carros de corrida do seu tempo, o 250 GT era uma verdadeira máquina de devorar asfalto: o chassis leve, a curta distância entre eixos, a baixa altura ao solo e os 280 cavalos do motor de 12 cilindros garantiam performances assustadoras, como a velocidade máxima, que atingia os 268 Km/h. Tudo o resto garantia classe.

Apresentado em Paris em Outubro de 1959, o 250 GT Berlinetta com distância entre eixos curta era o carro de estrada ideal. Com apenas alguns pequenos retoques (velas e pneus de corrida e um roll-bar), o carro podia entrar em qualquer circuito e lutar pela vitória na classe.

 

 

Este passo corto (ou Short-WheelBase – SWB) tem, legitimamente, uma forte preferência entre os coleccionadores de hoje, combinando um design e um pedigree de competição que é quase inigualável. O modelo ocupa um elo único e importante na linhagem de competição da Ferrari graças à redução de distância entre eixos em relação ao super bem sucedido 250 GT ‘Tour de France’ berlinetta que dominou o final da década de 1950, e é um precursor directo do 250 GTO, o apogeu técnico de automóveis para corridas de estrada com motor dianteiro. Produzido num modesto lote de 165 carros ao longo de três anos, o SWB é um objecto raro, mas foi produzido em número suficiente para permitir versões discretas de competição e de estrada, as últimas das quais eram quase tão potentes como o carro de corrida, com a diferença de que eram luxuosamente equipadas e com carroçaria em aço.

Sendo um exemplar de produção tardia, o SWB foi equipado com uma miríade de melhorias de funcionamento que surgiram durante a vida útil do modelo, nomeadamente detalhes da carroçaria como a tampa externa do depósito de combustível, um estilo mais bem proporcionado em torno do pára-brisas e das janelas de ventilação laterais dianteiras, uma abertura agressiva na parte traseira do tejadilho, elegantes lentes dos marcadores laterais em forma de lágrima e um painel de instrumentos redesenhado. Além disso, os automóveis mais recentes apresentam blocos de motor fundidos sob maior pressão em comparação com os primeiros motores.

 

O Ferrari 250 GT Berlinetta SWB 2735 GT que venceu o Tourist Trophy Goodwood de 1961, com Stirling Moss ao volante.

 

O SWB Berlinetta fez com que a Ferrari ganhasse a classe GT do Campeonato Mundial de Construtores de 1961. Também venceu a Volta a França em automóvel em 1960, 1961 e 1962 antes de ceder o lugar aos GTO.

Em 2004, a Sports Car International colocou o 250 GT SWB em sétimo lugar numa lista dos Melhores Carros Desportivos da década de 1960, e a Motor Trend Classic colocou-o em quinto lugar numa lista dos “10 Melhores Ferraris de todos os tempos”.

O 250 SWB é indiscutivelmente a berlina mais bem proporcionada e atraente dos 70 anos de história da Ferrari, e o seu desempenho e manobrabilidade são procurados tanto pelas gerações mais jovens como por coleccionadores da velha guarda.

Se o diabo fosse um automóvel, seria um 250 GT Berlinetta SWB.