Tucker Carlson publicou, quarta-feira à noite, uma declaração em vídeo no Twitter, na qual dá a entender os seus planos futuros após a saída abrupta da Fox News. Neste breve manifesto, muito eloquente sobre as suas convicções profundas, aproveitou também para criticar os meios de comunicação social por obliterarem o debate sobre questões importantes que afectam o público americano em particular e os cidadãos do Ocidente em geral.

“Uma das primeiras coisas de que nos apercebemos quando saímos do ruído durante alguns dias é a quantidade de pessoas genuinamente simpáticas que existem neste país. Pessoas amáveis e decentes. Pessoas que realmente se preocupam com a verdade. Outra coisa que se nota quando tiramos algum tempo de férias é como a maioria dos debates que vemos na televisão são incrivelmente estúpidos. São completamente irrelevantes, não significam nada. Daqui a cinco anos, nem sequer nos vamos lembrar que os tivemos”.

 


Carlson continuou a criticar os meios de comunicação social americanos por se concentrarem na espuma das coisas, em vez de enfrentarem os “grandes temas” que irão afectar o futuro dos cidadãos.

“Os grandes temas inegavelmente importantes, aqueles que definirão o nosso futuro, praticamente não são discutidos. A guerra, as liberdades civis, a ciência emergente, as mudanças demográficas, o poder corporativo, os recursos naturais. Quando foi a última vez que ouviu um debate legítimo sobre qualquer um destes temas? Debates como esses não são permitidos nos media americanos. Ambos os partidos políticos e os seus doadores chegaram a um consenso sobre o que os beneficia, e conspiram activamente para impedir qualquer conversa sobre isso.”

Carlson observou que estas circunstâncias fazem com que os Estados Unidos pareçam um “Estado de partido único”, mas manifestou optimismo sobre o futuro, na medida em que o poder censório e a volição totalitária do meios de comunicação social não têm condições para serem permanentes.

“As ortodoxias actuais não vão durar. Estão cerebralmente mortas. Ninguém acredita nelas. Não melhoram a vida de ninguém. Este momento é demasiado ridículo para continuar, e por isso não vai continuar. Os responsáveis sabem-no e é por isso que são histéricos e agressivos. Têm medo. Desistiram da persuasão e estão a recorrer à força. Mas isso não funciona. Quando as pessoas honestas dizem a verdade com calma e sem vergonha, tornam-se poderosas. Ao mesmo tempo, os mentirosos que têm estado a tentar silenciar a verdade, encolhem. Tornam-se mais fracos. Essa é a lei férrea do universo: a verdade prevalece”.

No final do seu manifesto, Carlson deu a entender que vai manter viva a sua voz, invalidando teses de que estava obrigado a anos de silêncio pelo acordo que fez com os Murdoch para sair e afirmando que “já não há muitos sítios” onde os americanos possam discutir “coisas verdadeiras”, mas que “há alguns, e isso é suficiente”.

“Desde que consigam ouvir as palavras, há esperança”, acrescentou.

Na segunda-feira, a Fox News divulgou um comunicado de imprensa revelando que a estação noticiosa e Carlson tinham “concordado em se separar”, mas não forneceu uma razão específica para a saída do seu mais bem sucedido profissional de sempre.

No entretanto  as audiências do canal dos Murdoch caíram a pique, sem exagero. Estamos a falar de quedas abismais na ordem das várias dezenas percentuais que colocam a Fox News de volta à estaca zero em horários e segmentos demográficos estratégicos. Outras estrelas do canal noticioso, algumas delas até bem próximas do pensamento de Tucker Carlson, e todas elas sem qualquer responsabilidade no mediático divórcio, estão agora a sofrer o tremendo castigo que a audiência conservadora global decidiu infligir à Fox News.

Este muito singelo e telegráfico vídeo que Carlson publicou no Twitter já obteve mais do dobro das visualizações que o “Tucker Carlson Tonight” somava diariamente. A sério? Sim, a sério.

Paul Joseph Watson tem os números todos deste desastre na ponta da língua.


O descalabro abissal nas audiências da Fox News demonstra claramente que o capitalismo do Século XXI não se preocupa com receitas, mas apenas com o controlo da informação e a manipulação das massas. Ou seja: as elites são de tal forma desproporcionalmente ricas que o poder é hoje um valor colocado muito acima do lucro.

E neste aspecto devemos reconhecer que pensam bem, os canalhas: o dinheiro não vale nada, nos tempos que correm. A informação e o controlo do seu fluxo são, ao invés, de capitular importância para aqueles que tenham ambições de domínio global das massas.