Apesar dos ataques cada vez mais draconianos e explícitos aos cristãos pelas elites dirigentes da nação, os Estados Unidos da América foram durante muitas gerações um país profundamente cristão – facto no qual reside uma boa parte das razões da sua ascensão e apogeu como potência global. A actual guerra ao cristianismo contribuirá também em justa medida para justificar o seu declínio.
Até porque o cristianismo tem sido inquestionavelmente a força mais poderosa, consequente e benevolente em toda a história universal. Nenhuma outra variável se aproxima sequer.
No entanto, a federação tem hoje uma nova religião oficial. É um credo que comanda todos os aspectos da existência do verdadeiro crente. E neste momento, está a ser imposta à força a toda a população americana por praticamente todas as grandes instituições da sociedade, do governo federal aos meios de comunicação social, das grandes empresas tecnológicas à academia; do entretenimento ao desporto. Esta nova religião, que se expandiu a uma velocidade recordista por quase toda a esfera ocidental (que era anteriormente cristã) é o culto Woke.
Para a maioria das pessoas, a nomenclatura indexa a uma pessoa ou entidade que afirma ser extremamente sensível (“acordada”) à “injustiça social e política” sob todas as formas. A “injustiça” a ser condenada pelo culto Woke não é simplesmente um alegado fanatismo generalizado contra os negros, mas também – como está expresso numa Ordem Executiva da Casa Branca de janeiro de 2021:
“Pessoas latinas, indígenas e nativos americanos, asiáticos-americanos e islandeses do Pacífico e outras pessoas de cor; membros de minorias religiosas; lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e queer (LGBTQ+); pessoas com deficiência; pessoas que vivem em áreas rurais; e pessoas afectadas negativamente por pobreza persistente ou desigualdade”.
Naturalmente, a parte respeitante às “pessoas que vivem em áreas rurais” foi incluída com o cínico pretexto da preocupação com os americanos de colarinho azul, brancos da classe trabalhadora. Mas, como na sua maioria este segmento demográfico apoiou e apoia o populismo de Donald Trump, as elites não podiam preocupar-se menos com eles, como a sua deplorável não-resposta ao desastre tóxico em East Palestine, Ohio, prova para além de qualquer dúvida razoável. Por outro lado, a extensa população “LGBTQ+” inclui os professores “trans” de cabelo roxo, face perfurada e tatuada, “não binários” do TikTok e travestis mentalmente doentes que atraem crianças para horas do conto em que drag queens apresentam o seu obsceno reportório de strip tease.
É preciso ter em mente que estas pessoas, catalogadas como vítimas, são consideradas como intrinsecamente mais virtuosas e morais do que a “classe opressora”, constituída por homens brancos heterossexuais cristãos. Mesmo que sejam pobres e esquecidos pelo estado como os habitantes de East Palestine.
Esta nova consciência “acordada” está a manifestar-se de formas dramáticas – desde os tumultos perpetrados pela Antifa e pelo Black Lives Matter, que dizimaram inúmeras cidades americanas durante o Verão de 2020, até à profanação de monumentos históricos há muito acarinhados. Desde insistir em pagamentos compensatórios multimilionários para cada negro na América, até à nomeação de homens que afirmam ser mulheres como oficiais de topo na administração Biden. Desde os produtores da Disney que se vangloriam alegremente perante as câmaras de como estão a sexualizar a programação infantil, até aos militares norte-americanos que impõem “treino de diversidade” obrigatório e uso de pronomes trans-género a todos os efectivos, criando desastrosas dificuldade de recrutamento. Desde as mais conceitudas organizações desportivas, universitárias e profissionais, que permitem e encorajam os homens biológicos a competir no atletismo feminino – destruindo-o desportivamente tanto como eticamente – ao encarceramento de homens condenados que de repente afirmam ser mulheres nas prisões femininas, resultando, sem surpresa, numa epidemia de violações nessas instalações correccionais.
A discriminação racial desenfreada nos mercados de trabalho, nas admissões universitárias e em todas as outras áreas da vida, que se traduz em políticas de contratação de recursos humanos baseadas na cor de pele e não nas qualificações dos candidatos é agora omnipresente nos EUA. Esta discriminação racial não é apenas imoral e flagrantemente ilegal – a Lei dos Direitos Civis de 1964 foi precisamente redigida e aprovada para combater este flagelo – como também está a matar pessoas. É o que acontece quando, por exemplo, se contratam pilotos de aviação comercial e cirurgiões com base no pigmento epidérmico, e não nas capacidades profissionais.
O poder do culto Woke.
Ao contrário do relato bíblico, em que o Pecado Original consiste na desobediência aos mandatos de Deus pelo primeiro homem e pela primeira mulher no Jardim de Éden, o Pecado Original do culto Woke consiste no “abuso e exploração de pessoas de cor” por parte de cristãos brancos heterossexuais. Hoje em dia, este pecado contínuo compreende não só o racismo real – tal como manifestado na escravatura e posterior segregação, dos quais a América há muito tempo se redimiu – mas também fenómenos misteriosos e esquivos dos tempos modernos como o racismo “sistémico”, “institucional” ou “climático”, bem como o “privilégio branco” ou o “patriarquismo”; condições ontológicas destituídas, que tornam as pessoas que nem sequer são racistas, que nem sequer são patriarcas e muito menos privilegiadas, culpadas de racismo, de supremacia e de privilégio, apenas por serem brancas.
Esse é o poder universal e transcendente da religião Woke. E no entanto, tudo isto é apenas a face exterior do novo culto oficial da América.
Para compreender o que está realmente no centro da nova fé que está a transformar rapidamente a nação, e para compreender como e porquê exerce uma influência tão forte sobre tantas pessoas – apesar de ser obviamente imoral, destrutiva e tresloucada – é necessário considerar o que constitui a verdadeira religião ordenada por Deus. Especificamente, a fé cristã, uma vez que a igreja do politicamente correcto imita tão de perto o cristianismo e de muitas maneiras. Se o culto Woke é uma falsificação, convém analisar o produto original.
Primeiro, reconheçamos que praticamente todas as religiões (com a óbvia excepção do Satanismo) sustentam que os seres humanos chegam a este mundo numa condição incompleta ou “caída”, de alguma forma separada de Deus, e necessitada de redenção, conclusão ou união com Ele, no procura de uma vida pessoal moral e justa. E de facto a generalidade das pessoas, à medida que crescem, têm de enfrentar uma natureza pecaminosa herdada, tanto em si mesmas como nos outros, e a consequente tendência para transgredir as leis morais de Deus. Os seres humanos não redimidos – se olharmos para além de qualquer aparência de competência, felicidade, atracção ou realização que se esforçam por projectar na vida – são geralmente conflituosos e inseguros no seu íntimo.
E porquê? Segundo a narrativa bíblica, porque transportam o fardo do primeiro pecado original, cometido por Adão e Eva.
Como o Apóstolo Paulo explica com notável clareza e simplicidade em Romanos 5, o pecado e a morte e a condenação a uma vida de trabalhos e contrariedades recaíram sobre toda a raça humana por causa do pecado de um homem, Adão. Contudo, outro homem, Jesus Cristo, o Messias há muito prometido, veio à terra numa missão de resgate como um “segundo Adão”, por assim dizer, para reverter a maldição original que se seguiu à queda da humanidade. O Filho de Deus realizou isto ao tomar sobre Si os pecados de toda a humanidade e, ao sofrer de boa vontade os horrores da cruz romana, redimiu – na íntegra – os pecados da espécie humana.
Quando Adão pecou, o pecado transmitiu-se a toda a raça humana e trouxe, como consequência, a morte a todos; e todos foram contados como pecadores. (…) Há uma grande diferença entre a transgressão do homem e a dádiva de Deus! Um só homem, Adão, trouxe a morte a muitos, por causa da sua transgressão. Mas muito mais foi dado a muita gente pela abundância da graça de Deus e do dom que vem da graça, por intermédio de um só homem, Jesus Cristo.
Romanos 5:12,15
A explicação de Paulo é tão elegante e lógica que ele volta mais à frente a reafirmar o princípio, apenas para cristalizar a mensagem:
É verdade que a transgressão de Adão trouxe a todos o castigo, mas a justiça de Deus tornou possível que os homens se tornem justos perante Deus, para que possam viver. Adão, porque desobedeceu a Deus, fez com que muitos se tornassem pecadores, mas Cristo, porque lhe obedeceu, fez que muitos também fossem considerados justos por Deus.
Romanos 5:18,19
Este é o coração vibrante do Evangelho cristão: que um Deus exigente mas misericordioso providenciou um caminho para que a humanidade se tornasse completamente justa aos Seus olhos – para ser redimida, renovada e restaurada – para ser, justificada e livre, conduzida a uma comunhão próxima e eterna com Deus.
Vamos fazer uma pausa por um momento apenas para reconhecer que os evangelhos cristãos constituiem a mais magnífica e pungente história de amor de todos os tempos. Para desfazer as consequências da Queda, foi necessário um grande amor. Como o próprio Cristo disse:
Ordeno-vos-que se amem uns aos outros como eu vos amei. E é esta a medida: o maior amor é mostrado quando alguém dá a vida pelos seus.
João 15:12, 13
Foi exactamente isso que Jesus fez. Um acto sacrificial de paixão para que fossemos transformados e renovados, literalmente renascidos espiritualmente com uma nova natureza e um novo e maravilhoso destino eterno.
O culto Woke é a nova salvação.
No entanto, acreditem ou não, o bizarro e insano culto Woke promete mais ou menos o mesmo que o cristianismo. Faz de todos os seres humanos pecadores (especialmente os homens brancos heterossexuais) e promete transformá-los em pessoas redimidas e livres, não só dos seus próprios pecados, mas da maldição dos pecados dos seus antepassados, um estigma que se agarra aos cidadãos brancos como a mancha do Pecado Original de Adão e Eva. Não importa quantas gerações passem desde o fim da escravatura e da segregação racial. O estigma é sistémico, genético e trans-geracional: nascemos com ele por herança dos nosso antepassados e somos responsáveis pelos seus erros independentemente do nosso próprio trajecto ético.
Isto leva-nos à fórmula Woke para a “salvação” e o “perdão dos pecados”, em que a culpa, o fardo, a mancha de todos os nossos erros e dos erros dos nossos pais e avós são lavados e anulados e substituídos por liberdade, inocência e justiça.
O autor cristão John Zmirak, editor sénior do The Stream, pinta um quadro vivido de como a salvação e a santificação progressista ocorrem na religião Woke. Em “Woke is the New Saved” Zmirak explica:
“Ao ouvir os professores, ou seguindo a pressão dos colegas, um estudante descobre que o mundo está profundamente errado. Permeado pelo mal. Esse mal é a desigualdade. E esse mal tem um autor: os homens brancos heterossexuais. Perceber a profundidade e a extensão desse mal omnipresente surge como uma espécie de conversão. Acorda-se. E acordar é ser salvo. Daí o primeiro momento de fé. ‘Em tempos estive perdido, mas agora fui encontrado. Estava cego, mas agora vejo'”.
Na esperança de pertencer aos justos, os estudantes aprendem a acarinhar a vitimização como a maior virtude da vida:
“Se um estudante pertence a qualquer outro grupo que não sejam homens brancos heterossexuais, então está com sorte: é certificado como vítima, merece um tratamento especial por parte de todos, desde reitores universitários a burocratas do governo. Melhor ainda, deve sentir-se virtuoso por chafurdar na raiva e no ressentimento. Não importa se é a filha de Barak Obama. Ela pode ver como um acto de justiça o desemprego e a miséria dos mineiros brancos, ou dos veteranos de guerra brancos sem abrigo. O seu sentido de vítima dá-lhe a garantia abençoada de que ela faz parte dos Eleitos e abençoa a sua satisfação perante as desgraças dos outros. Este credo oferece salvação mesmo aos piores dos pecadores. É possível obter a redenção, não através de esforços e penitências próprios, mas pelo sofrimento dos outros.. Como aliado dos menos privilegiados, ganha-se o direito a desprezar a massa de opressores.”
E quanto mais profundamente os novos convertidos se aventuram na religião Woke, Zmirak adverte, mais rigorosas se tornam as indulgências:
“Agora as mulheres brancas têm de admitir o seu papel na opressão das mulheres de cor. Isto requer algumas das humilhações que os homens brancos têm de suportar. Mas oferece o mesmo benefício: uma sensação de perdão e progresso espiritual. Da mesma forma, os homens negros devem ajoelhar-se perante as mulheres de cor. Todos os heterossexuais devem curvar-se perante os homossexuais. E mesmo estes devem penitenciar-se pela sua insensibilidade em relação aos transexuais.”
A igreja Woke substitui o culto pelo protesto, a espiritualidade pelo revisionismo histórico e o materialismo marxista, os exames de consciência por transferência e projecção em bodes expiatórios, encontrados em antepassados que não se podem defender das acusações mais abstrusas ou em segmentos da sociedade destituídos de poder.
É extraordinário que o Criador do Universo, de forma a salvar uma raça de pecadores, tenha condenando o o Seu próprio filho ao pior suplício do Império Romano, só para que as turbas de justiceiros sociais do tempo presente ignorem esse acto de amor universal e adoptem a espantosamente destrutiva e inacreditavelmente estúpida religião Woke.
Sem surpresa: é tudo teatro.
Este mergulho na religião oficial do regime Biden e dos aparelhos de poder de Washington, Wall Street e Silicon Valley não estaria completo sem apontar que, embora existam multidões de verdadeiros crentes, e apesar de dezenas de milhões de vidas estejam actualmente a ser perturbadas, sabotadas e em muitos casos destruídas pelo culto Woke, o alto clero desta igreja não acredita em nada disto. Trata-se de uma grande encenação teatral.
Os sumo-sacerdotes fingem preocupar-se com as famílias negras dos projectos sociais, com a igualdade de direitos para os habitantes das ilhas do Pacífico, e com os homens “trans” que se gabam de ter períodos e de engravidar, mas é óbvio que se estão completamente nas tintas. Limitam-se a manipular as frustrações e angústias e doenças de uma sociedade alienada e emocionalmente infantil, ao mesmo tempo que a exploram para seu benefício pessoal, para que possam construir e consolidar o seu próprio poder, riqueza e privilégio.
É assim que a tirania se instala num país outrora livre. O teórico comunista da era da Escola de Frankfurt, Antonio Gramsci, defendeu a tomada gradual da América pelos marxistas através daquilo a que ele chamou uma “longa marcha através das instituições”, em oposição ao método tradicional de uma revolução de massas, violenta e niilista como na França do Século XVIII ou na Rússia do Século XX. O culto Woke é apenas a última fase no desenvolvimento de um programa de extrema-esquerda, progressista, globalista, elitista, colectivista, marxista e ou comunista (por favor escolha a sua palavra favorita, não importa, uma vez que no final todos eles convergem para um governo global totalitário).
Tenha em mente que a esquerda revolucionária disfarça sempre as suas depredações, culpando os inocentes pelos actos aberrantes que cometem e cumprindo invariavelmente um eixo de projecção clássica. Por exemplo, é o Partido Democrático que é histórica e actualmente racista. Entretanto, a esmagadora maioria dos americanos há muito abraçaram a mensagem libertadora de Martin Luther King e não têm um osso racista no seu corpo. Durante muitas décadas, senão séculos, a América foi, mais do que qualquer outra nação no mundo, uma história de sucesso multi-étnico, um espaço de justiça e prosperidade onde convergiram, para viver em paz e liberdade, povos oriundos das mais diferentes e distantes regiões do planeta. Não admira que os agentes da esquerda totalitária e do capitalismo corporativo a tenham destruído. Porque essa América cristalizada na Estátua da Liberdade já não existe.
Assim, embora os professores universitários marxistas e os seus doutrinados estudantes possam comungar de fé autêntica na religião Woke, os políticos poderosos, os bilionários executivos do capitalismo corporativo e os globalistas de Davos pregam um evangelho em que não acreditam. Eles apenas fingem e manipulam, porque isso lhes confere uma autoridade moral que a sua condição de sociopatas iníquos e egotistas impenitentes dificilmente poderia capitalizar. O credo disfarça as suas verdadeiras agendas. E serve para manter “a ralé” desequilibrada, confusa, dividida, intimidada, numa guerra de sexos e raças que dá cobertura perfeita para a “longa marcha” da esquerda.
Acima de tudo, é uma ferramenta potente para acumular cada vez mais poder. E o poder é que é, claro, a sua verdadeira religião.
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