Pode ter sido uma gafe, pode ter sido um assumir de convicções, mas a verdade é que o primeiro-ministro britânico Rishi Sunak afirmou publicamente que aqueles que têm a capacidade de compreender porque é que ele se recusa a reduzir os impostos não são idiotas, deixando implícito o deselegante corolário: todos os que não compreendem essa necessidade, como por exemplo a ex-primeira ministra Liz Truss, sua colegial partidária, sofrem de idiotia.

Rishi Sunak e o seu Chanceler do Tesouro (Ministro das Finanças) Jeremy Hunt – a dupla dinâmica que derrubou o anterior governo do Partido Conservador que defendia uma redução de impostos, no que foi visto como um golpe globalista – estavam em digressão pelas áreas economicamente desfavorecidas do Reino Unido, quando, na quinta-feira passada, o Primeiro Ministro foi questionado sobre a sua política fiscal.

A resposta do PM foi lapidar:

“Quero reduzir os vossos impostos… Quem me dera poder fazer isso amanhã, muito francamente, mas vocês conhecem as razões pelas quais não o podemos fazer. Vocês não são idiotas”.

Sunak acrescentou que o encerramento da economia por causa da Covid-19 e a guerra na Ucrânia são os factores principais que o impedem de  cortar nos impostos. Acontece que tanto os absurdos confinamentos como as medidas insanas de apoio à Ucrânia são da responsabilidade de políticos como ele e como Boris Johnson. E se os britânicos podem ser responsabilizados por terem eleito Boris, o mesmo não se pode dizer de Rishi, que foi eleito por ninguém. E, que se saiba, nem um inglês foi chamado a sufragar aquilo que está a ser gasto no apoio militar, diplomático e financeiro ao regime de Zelensky.

Já para não falar nos 11 mil milhões de libras que Sunak entregou a “fundos climáticos” internacionais cuja relação com a economia inglesa, e com o bom senso, já agora, é absolutamente nula.

Antes de deixar que os britânicos guardem mais do seu próprio dinheiro, Sunak afirmou que tem uma lista de compras que queria fazer primeiro, que deseja obter mais fundos ainda para os departamentos governamentais, baixar as taxas de juro, e “controlar” a inflação. Um plano que é muito parecido com as políticas que fizeram subir os preços e os juros.

 

 

Os comentários suscitaram, talvez sem surpresa, alguma inquietação nos meios políticos. Richard Tice, líder do Partido da Reforma – anteriormente o Partido Brexit de Nigel Farage – disse que o comentário de Sunak mostrava as suas cores socialistas. John Redwood, do Partido Tory, questionou a lógica de Sunak de apenas cortar impostos quando a economia está a crescer, apontando a visão conservadora a longo prazo de que são os cortes fiscais que estimulam o crescimento da economia, e não o contrário.

John Longworth, antigo director-geral das Câmaras de Comércio Britânicas e membro do Parlamento Europeu, afirmou que a utilização de palavras como “idiota” para descrever aqueles que defendem a diminuição do despesismo do estado e a redução do peso fiscal demonstra “desespero” por parte do actual primeiro ministro britânico. Longworth não teve papas na língua:

“Devemos reduzir os impostos e a regulamentação, estimular a economia e as empresas – e isso irá gerar receitas fiscais. É uma situação bizarra em que nos encontramos, quando temos pessoas no topo do governo que não acreditam no crescimento. Eles precisam de ler a Sra. Thatcher.”

Mas assim sendo, as perspectivas da classe média britânica não serão as melhores. Deve ser porque os contribuintes são idiotas, caso contrário estariam super optimistas sobre o seu futuro e o futuro dos seus filhos.