Os drásticos aumentos nos preços de produtos alimentares, domésticos e habitacionais, decorrentes da inflacção e da crise nos mercados de combustíveis fósseis poderá conduzir a uma nova era de agitação social em todo o mundo. Aos focos de perturbação civil já registados este ano no Sri Lanka, no Peru, no Quénia, no Equador, no Irão, e na Europa, poderá acrescer uma onda mais ampla e intensa de descontentamento.
O Presidente da Fundação Rockefeller, Rajiv Shah, advertiu em Janeiro que uma “crise alimentar maciça” pode ocorrer a nível global ainda este ano ou em 2023. A ONU alertou em Julho que o mundo está “a marchar para a fome”, conjuntura que historicamente promove um intensificar de protestos, turbulência política e convulsão social.
Neste contexto, a Verisk Maplecroft, uma empresa de consultoria e inteligência em factores de risco sediada no Reino Unido, acaba de publicar uma versão actualizada do Civil Unrest Index (CUI), cobrindo sete anos de dados e demonstrando que o último trimestre de 2022 registou o maior aumento de risco de agitação social desde que o índice foi criado (101 dos 198 países seguidos pela empresa viram aumentar os riscos de agitação civil, enquanto que apenas 42 países revelaram riscos reduzidos).
No relatório lemos que:
“O impacto é evidente em todo o mundo, com o descontentamento popular pelo aumento dos custos de vida emergindo tanto nas ruas dos mercados desenvolvidos como emergentes, desde a UE ao Sri Lanka, do Peru ao Quénia, do Equador ao Irão.”
O relatório alerta também para o perigo de que os protestos e as greves acelerem e aprofundem os problemas económicos, num efeito de feedback que pode ser catastrófico e gerar o caos à escala planetária. A empresa adverte ainda que:
“Embora se tenham registado vários protestos de grande visibilidade e em larga escala durante a primeira metade de 2022, o pior ainda está indubitavelmente para vir.”
A Verisk observou que a Argélia tem a mais alta probabilidade de agitação civil projectada para o próximo semestre, devido ao aumento da inflação. Mas as zonas de alto risco incluem a Europa, principalmente devido à hiperinflação energética que dizima as finanças domésticas.
“A Bósnia e Herzegovina, a Suíça, a Holanda, a Alemanha e a Ucrânia estão entre os estados com os maiores aumentos de risco projectados. Apenas uma redução significativa dos preços globais dos alimentos e da energia pode travar a tendência global negativa do risco de agitação civil. Os receios de recessão estão a aumentar, e espera-se que a inflação seja pior em 2023 do que em 2022.”
Resta saber se os bancos centrais podem travar a inflação com aumentos agressivos das taxas de juro, embora o acerto dessas políticas seja discutível, dada a conjuntura recessiva da economia mundial.
Hungry people rise up in Bangladesh. Police forced to flee chased by angry crowd. pic.twitter.com/0NNiZW9np9
— RadioGenova (@RadioGenova) September 1, 2022
German farmers also rise up. Ministry of Agriculture in Stuttgart besieged. Protests are underway in dozens of German cities. pic.twitter.com/YacCoIpLeE
— RadioGenova (@RadioGenova) August 31, 2022
Hungry Italians at the food bank to collect bread and milk in the economic capital of Italy. Milan, 27 August. This is Mario Draghi’s Italy. pic.twitter.com/rE1b5tNByC
— RadioGenova (@RadioGenova) August 28, 2022
Very angry people in Pakistan storm K-Electric offices due to exorbitant energy bills. pic.twitter.com/tuYwML7cqI
— RadioGenova (@RadioGenova) August 27, 2022
Scots burn electricity bills outside Glasgow energy regulator headquarters: “We don’t pay!” pic.twitter.com/IAmP0nnmPJ
— RadioGenova (@RadioGenova) August 26, 2022
Angry and hungry people in Pakistan destroy K-Electric offices in Korangi due to the unsustainable price of energy bills. Coming soon to Europe. It will be a very hot autumn. pic.twitter.com/57p0B6gev2
— RadioGenova (@RadioGenova) August 25, 2022
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