Os líderes do SPD e dos Verdes querem proibir a Alternativa para a Alemanha (AfD), o segundo maior partido do país e o principal partido da oposição, antes das próximas eleições. Os Verdes, em particular, estão agora a pedir ao Parlamento que apresente uma moção para proibir o partido o mais rapidamente possível.

Os Verdes querem que o Bundestag apresente uma nova moção ao Tribunal Constitucional, que teria a última palavra sobre a proibição do partido. A moção de proibição original foi iniciada pelo deputado da CDU Marco Wanderwitz, que se retirou da política e já não faz parte do novo Bundestag, mas que continua a insistir activamente na proibição do partido.

O secretário-geral do Partido Verde, Till Steffen, está a pressionar para que a moção de proibição prossiga “o mais rapidamente possível”. Os Verdes há muito que procuram proibir o AfD, como o Contra noticiou anteriormente.

A última moção foi assinada por 100 deputados de todos os partidos, com excepção do AfD e dos Democratas Livres (FDP). No novo parlamento, o FDP já não está representado.

No entanto, há um obstáculo actual, que é o Gabinete Federal para a Protecção da Constituição (BfV). Os políticos interessados numa proibição querem que o BfV actualize a designação do AfD para partido “extremista de direita confirmado”. Até agora, o partido só foi classificado como “caso suspeito” pela poderosa agência de informações internas, mas, em certos Estados, já é um caso “confirmado”.

O problema é que o BfV não tem actualmente um presidente, uma vez que o anterior, Thomas Haldenwang, da CDU, já abandonou o cargo para se candidatar a deputado. Haldenwang atacava regularmente o AfD, numa tentativa de afundar o partido.

Devido à ausência de um presidente, o esperado relatório do BfV para confirmar o partido como “extremista de direita” foi adiado. É pouco provável que o BfV tenha um novo presidente antes da tomada de posse do novo chanceler. No entanto, a esquerda teme que o tempo esteja a esgotar-se para proibir o partido.

O SPD quer esperar pelo relatório para avançar com uma proibição, mas a secretária-geral do grupo do SPD, Katja Mast, diz que o “AfD representa uma séria ameaça à democracia”.

Porquê tanta pressa quando ainda faltam quatro anos para as eleições? A razão é que o Tribunal Constitucional pode levar anos a decidir um caso, o que significa que há receios da esquerda de que o partido AfD possa concorrer nas próximas eleições, principalmente se a coligação entre a CDU e o SPD não sobreviver até ao termo formal do seu mandato.

A CDU está a ganhar tempo, afirmando que não vai decidir sobre uma proibição até que o BfV publique o seu relatório, mas será previsível que apoie essa proibição, já que dentro do partido há muito poucos dissidentes.

Entretanto, os Verdes estão furiosos porque o relatório não está a ser apresentado com a rapidez necessária.

Ainda assim, nem toda a gente acredita que uma proibição seja possível a curto ou médio prazo. Numa entrevista ao Remix News, o editor-chefe do Junge Freiheit, Dieter Stein, disse que será tarde demais para uma interdição do AfD, já que o partido acaba de atingir um novo máximo de 23,5% na última sondagem do Insa, o que torna difícil imaginar o governo a proibir um partido que tem quase um quarto dos eleitores a apoiá-lo.

 

No entanto, os poderes instituídos na Alemanha podem sentir-se encorajados pelos acontecimentos na Roménia, que viu o principal candidato, Călin Georgescu, ser preso e proibido de concorrer às eleições presidenciais.