Calin Georgescu foi impedido de participar na repetição das eleições presidenciais na Roménia, previstas para Maio, de acordo com um anúncio feito pela autoridade eleitoral do país no domingo. A decisão deu origem a protestos à porta da sede da instituição, com gritos de “liberdade” e “revolução”.
Georgescu é um candidato populista, céptico e crítico em relação à NATO, à União Europeia e ao histerismo climático. Estava em boa posição para ganhar as presidenciais de Dezembro se não tivessem sido anuladas, e actualmente lidera as sondagens de opinião com cerca de 40% das intenções de voto.
A especulação sobre a exclusão de Georgescu da corrida estava a circular desde que a sua candidatura foi apresentada na sexta-feira. Esta decisão vem na sequência de uma anterior anulação das eleições pelo mais alto tribunal da Roménia, pouco antes da segunda volta, em Dezembro, devido a alegações não provadas de interferência russa. Tanto Moscovo como Georgescu negaram estas alegações.
Em resposta à decisão, Georgescu manifestou o seu protesto nas redes sociais, descrevendo a decisão como uma grave ameaça à democracia:
“Um golpe directo no coração da democracia em todo o mundo! Só me resta uma mensagem! Se a democracia na Roménia cair, todo o mundo democrático cairá! Isto é apenas o começo. É muito simples! A Europa é agora uma ditadura, a Roménia está sob tirania!”.
No fim de Fevereiro, Călin Georgescu foi interceptado quando circulava de automóvel em Bucareste, e levado para o Ministério Público para interrogatório, como suspeito num caso que envolve vários indivíduos acusados de alegadamente iniciar ou apoiar actividades extremistas, incluindo a “criação de organizações fascistas, racistas ou xenófobas”, bem como a “promoção de figuras e ideologias relacionadas com o genocídio”. Georgescu foi preso precisamente quando se dirigia à autoridade eleitoral para fazer o registo da sua candidatura.
Protestos na rua e críticas nas redes sociais.
Pouco depois do anúncio da autoridade eleitoral romena, manifestantes reuniram-se em frente à sua sede em Bucareste, expressando indignação pelo que classificaram de “roubo da democracia”. Os apoiantes de Georgescu entraram em confronto com a polícia, agitaram bandeiras nacionais e entoaram palavras de ordem apelando a uma “revolução”. As forças da ordem usaram gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes que tentavam entrar à força na instituição. Vários indivíduos foram detidos nos confrontos que se seguiram.
Marius Militaru, porta-voz da Gendarmerie, declarou que as autoridades estavam “a tentar acalmar o ambiente através do diálogo” e que a situação estava sob controlo.
A autoridade eleitoral referiu a falta de assinatura num anexo da declaração de património de Georgescu como a razão para a sua desqualificação. Apesar do revés, Georgescu tem a possibilidade de recorrer da decisão, no prazo de 48 horas, para o Tribunal Constitucional. Se obtiver uma decisão favorável, poderá recuperar a sua candidatura. Mas acontece que foi precisamente o Tribunal Constitucional romeno que suspendeu as eleições de Dezembro de 2024, por alegada “interferência russa”.
A decisão provocou fortes reacções de personalidades políticas internacionais, que acusaram a União Europeia de interferência política no processo democrático romeno.
Matteo Salvini, vice-primeiro-ministro de Itália e líder do partido de direita Lega, condenou a interdição, afirmando:
“Um euro-golpe ao estilo soviético. Primeiro, anulam as eleições que ele estava a ganhar, depois prendem-no e agora excluem-no completamente por medo de que ele ganhe. Em vez de ‘rearmar a Europa’, temos de a refundar para defender a democracia”.
O bilionário norte-americano Elon Musk, conselheiro sénior da administração Trump, também interveio, classificando a situação como “louca” e partilhando a afirmação de que “a Europa cancelou mais eleições do que a Rússia”. Mais tarde, publicou um post em que se perguntava como é possível que um juíz acabe com a democracia na Roménia.
Santiago Abascal, líder do partido espanhol Vox, expressou solidariedade com Georgescu e com o partido de direita romeno Aliança para a União dos Romenos (AUR), acusando “a pressão burocrática de Bruxelas” de estar a ser exercida para bloquear a sua candidatura.
George Simion, presidente da AUR, afirmou que a decisão foi abertamente política, uma vez que todos os membros da comissão afectos aos partidos do governo votaram contra a candidatura de Georgescu. Simion argumentou que a candidatura de Georgescu
“foi rejeitada sem qualquer razão. Todos os documentos estavam em ordem. Vivemos numa ditadura. Por favor, ajudem-nos. Por favor, estejam do nosso lado para restaurar a democracia na Roménia.”
Quadros da administração Trump já criticaram também a medida, alegando que os governos europeus estão a reprimir os rivais políticos.
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