Washington ameaçou a Geórgia com “consequências”, no seguimento de acusações de fraude eleitoral dirigidas pela oposição neo-liberal ao partido pró-russo no governo, ‘Sonho Georgiano’, relativamente às eleições parlamentares do mês passado.
De acordo com o apuramento oficial, o partido ‘Sonho Georgiano’ obteve quase 54% dos votos, enquanto vários partidos da oposição obtiveram entre 11% e 3%. Prevê-se que a vitória dê ao partido nacionalista pelo menos 90 lugares no parlamento nacional de 150 membros, o que lhe permitirá formar o próximo governo, uma vez que é necessária apenas uma maioria de 76 deputados para escolher o primeiro-ministro e o governo.
Quatro partidos da oposição pró-ocidental recusaram-se a reconhecer os resultados e afirmaram que não participariam nos trabalhos da nova legislatura. A Presidente da Geórgia, Salome Zourabichvili, também não reconheceu os resultados e apelou à realização de protestos. Na segunda-feira à noite, realizou-se uma grande manifestação em frente ao edifício do Parlamento de Tbilissi.
Não são conhecidas porém quaisquer evidências de fraude eleitoral, nesta altura.
Não obstante, durante uma conferência de imprensa na segunda-feira, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, afirmou:
“As eleições realizaram-se num ambiente moldado pelas políticas do partido no poder, incluindo a utilização indevida de recursos públicos, a compra de votos e a intimidação dos eleitores. Encorajamos os governantes da Geórgia a considerarem a relação que pretendem com a comunidade euro-atlântica em vez de reforçarem políticas que são elogiadas por autoritários. Não excluímos outras consequências se a direcção do governo georgiano não mudar e não retirar e revogar a legislação anti-democrática”.
As “consequências” poderão muito bem implicar um esforço da diplomacia americana no sentido de uma mudança de regime, com ‘revoluções coloridas’ e truques sujos da CIA.
Na segunda-feira, 13 Estados-Membros da UE emitiram uma declaração, manifestando “profunda preocupação com a actual situação na Geórgia ‘ e exigindo ’um inquérito imparcial às queixas e a reparação das violações verificadas”.
Os governos ocidentais acusaram a Geórgia de retrocesso democrático e alertaram para o facto de as suas políticas recentes poderem prejudicar as aspirações do país a aderir à UE. Em 2024, o parlamento georgiano aprovou leis controversas que permitem rotular as ONG como “agentes estrangeiros ‘ e proibir a ’propaganda ” LGBTQ a menores.
O Governo de Tiblissi tem insistido que gostaria de aderir à UE, mas segundo as suas próprias condições. O primeiro-ministro Irakli Kobakhidze argumentou que as leis foram concebidas para garantir a soberania da Geórgia e os interesses do seu povo.
“A oposição não consegue ultrapassar a sua derrota nas eleições”, afirmou Kobakhidze no sábado, acusando os seus opositores de terem posto em causa a lei constitucional. “Ninguém pode minar o sistema constitucional do nosso país”, advertiu.
Não se percebe bem que legitimidade têm os Estados Unidos e a União Europeia para se imiscuírem nos assuntos internos, nas políticas e nas eleições da Geórgia. Talvez até fosse recomendável que em Bruxelas se preocupassem mais com o facto da Comissão Europeia ser eleita por ninguém. Talvez até fosse recomendável que em Washington tentassem assegurar que Joe Biden não provoca uma guerra mundial, contra a vontade expressa dos americanos nas últimas eleições.
Seja como for, parece claro que o Ocidente está a replicar na Geórgia o método que implementou na Ucrânia. Com os resultados que conhecemos bem.
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