A Univision organizou um “Latinos Perguntam” com Kamala Harris na quinta-feira da semana passada, e a emissão foi tão insípida e falsificada como seria de esperar. Aqui está uma salada de palavras dos primeiros cinco minutos – em resposta a uma pergunta sobre os dois furacões que acabaram de dizimar o sudeste do país:

“Liderança é compreender a importância de elevar as pessoas, compreender que o carácter do nosso país é tal que somos um povo que tem ambições e aspirações, sonhos, objectivos para nós próprios e para as nossas famílias, e temos direito a ter um líder que invista nisso. As duas visões, em termos simples, são uma sobre o futuro e a outra sobre o passado que nos leva para trás. E eu acredito que o povo americano é ambicioso e aspira a um investimento no futuro de uma forma que seja optimista e ao mesmo tempo lúcida.”

Perdão? Será que a Carolina do Norte e a Florida vão recuperar da devastação rapidamente por causa do optimismo progressista, mas vazio de conteúdo, de Kamala Harris?

Depois de um participante no evento ter observado que Harris nunca foi eleita para ser a candidata democrata, mas que se tornou por um truque de prestidigitação a dona do bilhete presidencial quando Joe Biden foi afastado da corrida, a Vice-Presidente fugiu da pergunta, insistindo, pela enésima vez, que Donald Trump é uma ameaça “sem precedentes” à democracia. É curioso que ela tenha falado de Trump e da democracia, porque o ex-presidente fez um comentário apropriado sobre o assunto no mesmo dia, dizendo ao Clube Económico de Detroit:

“A maior ameaça à nossa democracia são as pessoas estúpidas”.

Está o senhor completamente certo. As pessoas estúpidas – que não sabem nada sobre responsabilidade cívica ou senso comum – ameaçam de facto o tecido da vida política e da administração pública norte-americanas, especialmente quando detêm o poder, e Kamala Harris é o exemplo disso. Ela é, claramente, demasiado estúpida para ser presidente.

 

Inarticulada e antipática.

Kamala Harris nem sequer consegue articular a razão pela qual merece o voto dos eleitores. Todo o evento da Univision consistiu num exercício esquizofrénico em que a vice-presidente tentou de todas as maneiras e mais alguma esquivar-se às perguntas dos participantes, falando em vez disso sobre mais ambições e visões, uma “economia de oportunidades” e acabar com “organizações criminosas transnacionais”. O melhor que ela conseguiu argumentar em seu favor foi o seu tom de pele, que, ficámos a saber, não é o mesmo de Donald Trump ou Joe Biden. Apesar dessa fundamental divergência, Kamala não consegue pensar em nada que teria feito diferente do velho Joe nos últimos quatro anos.

As respostas de Harris em todas as suas recentes aparições públicas, quando não soaram a uma audição de actriz amadora para um programa infantil, constituem sérios lembretes de que a a actual vice-presidente é completamente insensata. Sim, cada uma das suas propostas políticas é um desastre absoluto. Sim, os EUA foram por água abaixo sob a sua liderança, desde a política externa à invasão da fronteira, à economia e às forças armadas. E sim, ela falhou – e dormiu – no seu caminho para o topo. Mas, ao nível mais básico e óbvio, o “fenómeno” Kamala é excessivamente asinino para ser enquadrado com recurso ao léxico.

Por falar em léxico, Harris é uma mulher de muitas palavras. Acontece porém que as palavras que profere se recusam a fazer sentido. Ela claramente nunca interiorizou o aforismo de Abe Lincoln,

“É melhor ficar em silêncio e poder ser considerado um tolo, do que falar e remover todas as dúvidas.” 

Como ela gosta de dizer, “em termos de” palavras, a candidata democrata é a rainha das saladas. Repete constantemente redondas frases insípidas como um substituto para ideias concretas. Na sua entrevista a Stephan Colbert, por exemplo, podemos contar três ou quatro “em termos de” numa questão de segundos, entrecortados com risos nervosos, numa guerra aberta contra o silêncio.

Harris não só é inarticulada, como também é antipática. É uma espécie de Barack Obama, mas sem cerebelo. É como Hillary Clinton, sem sinapses. É Joe Biden, sem os comprimidos. Simplesmente não há caraterísticas que a redimam. Biden conseguiu ao  menos vender uma fraudulenta ideia de “unidade” em 2020. Kamala ainda não encontrou o tom certo, o conceito central, e nunca encontrará. Nenhum sotaque falso convencerá os americanos de que ela se importa com eles.

 

Um amor que a razão desconhece.

Vale a pena notar, tal como fez o participante na emissão da Univision, que Harris não foi eleita por ninguém. E que ela teve tão pouco apoio nas primárias democratas de 2020 que se viu obrigada a desistir antes de qualquer votação. Só conseguiu chegar ao poder executivo porque Biden queria que os eleitores negros esquecessem os seus comentários racistas do passado. O Partido anti-democrático a que chamamos Democrata só a colocou no trampolim das eleições de Novembro porque a gigantesca mentira sobre o vigoroso e lúcido Joe caiu por terra no momento em que ele entrou aos tropeções no palco do debate com Trump.

Por isso, é realmente difícil encontrar a origem da assolapada paixão que a imprensa corporativa lhe dedica. Ao contrário das suas tentativas de se apresentar como uma lufada de ar fresco e a “candidata da mudança”, todos nós conhecemos Kamala há algum tempo. Faz parte da mobília do sistema. Será que os americanos perderam completamente o senso comum, cegando ao ponto de eleger este desastre com pernas?

Na altura em que Barack Obama popularizou a sua campanha “HOPE” e os célebres cartazes vermelhos e azuis se tornaram omnipresentes nos relvados dos democratas, era claro para os republicanos que os eleitores que ali viviam apenas subscreviam um conjunto diferente de crenças. Podiam não gostar, mas compreendiam-no: Oh, é um democrata.

Os cartazes azuis brilhantes “Harris-Walz” que agora enchem as janelas dos apartamentos urbanos evocam uma reacção muito diferente: Como é que as saladas de palavras de Kamala inspiram um eleitor? Será o ódio aos judeus, aos cristãos, a Donald Trump e aos bebés por nascer assim tão forte que justifique seguir cegamente a namorada de Travis Kelce? O que é que a presidência Biden-Harris trouxe de bom para as suas vidas, exactamente? Serão estes eleitores tão estúpidos como a sua candidata?

O fenómeno Kamala é ainda mais interessante à luz da atitude dos democratas em 2016, que nunca poderiam votar em Trump porque o homem é tão estúpido e idiota. Mas quem poderá alguma vez votar numa rapariga assim tão parva, radical e ridícula como Kamala?

 

Os eleitores do regime não querem saber.

Os apoiantes de Harris parecem ser de duas espécies diferentes mas igualmente leais. A primeira é constituída por pessoas tão consumidas pelo ódio a Trump que elegeriam um par de cuecas, sujo, como residente da Casa Branca. Estes, são muito mais espertos do que Harris (não é difícil), suficientemente espertos para saberem que o medo é um negócio lucrativo. Estes são os tipos da imprensa corporativa, das academias, de Silicon Valley e de Hollywood, que vendem a ficção alucinada de que o candidato republicano é Hitler ressuscitado.

A segunda espécie pertence àqueles que procuram “boas vibrações”. As mães suburbanas que ficaram tristes quando Roe v. Wade foi anulado, os estudantes universitários brancos que ainda usam máscaras, os infelizes que dizem palavras como “diversidade” e “equidade” sem ironia, os homens feministas e os idiotas com diplomas de estudos de género que adoram Tim Walz porque ele é um magnífico arcebispo da religião woke.

Portanto, não importa que Kamala Harris não consiga sequer corresponder às mais baixas expectativas em entrevistas conduzidas por clubes de fãs. Ou que toda a sua virtude se resuma à cor da sua pele. Ou que ela não seja minimamente inteligente, articulada ou simpática.

A rapariga é uma progressista. E é “alegre”. E é falante. E existe no contexto de tudo em que vive e do que veio antes dela e admite que há estrelas no céu e que o passado nos leva para trás e que o futuro nos leva para a frente. Os democratas já se alinharam antes por candidatos fracos, geriátricos e com problemas mentais. Agora, vão alinhar-se de bom grado atrás de uma estúpida.

E sabem que mais? Estas duas espécies de retardados até podem muito bem levá-la ao cargo político mais poderoso e proeminente da esfera ocidental.

E isto resume na verdade tudo o que é preciso dizer sobre os Estados Unidos da América do Século XXI.