As relações entre a Alemanha e a Ucrânia estão prestes a ficar feias, no rescaldo da muito propagada reportagem do Wall Street Journal, que procurava mudar radicalmente a narrativa sobre a sabotagem do Nordstream, onde em vez de a CIA ser culpada pela explosão do gasoduto crítico da Rússia para a Europa, fontes anónimas dos “serviços de inteligência” propunham um guião hilariante segundo o qual um general ucraniano de topo (que operava inicialmente sob as instruções de Zelensky, mas que agiu como renegado depois do seu chefe começar a pensar duas vezes no assunto) foi responsável pela coordenação da sabotagem, utilizando um punhado de amadores que, de alguma forma, conseguiram esgueirar-se para o fundo do mar Báltico e conduzir uma operação militar sem precedentes.

Percebe-se agora melhor o timing da risível reportagem do WSJ: Segundo os meios de comunicação social alemães, esta reviravolta na narrativa oferece uma justificação para a decisão da Alemanha de cortar finalmente o financiamento ao regime de Zelensky.

De acordo com uma notícia publicada no sábado pelo Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ), o Governo alemão vai suspender a nova ajuda militar à Ucrânia, no âmbito do plano de redução de despesas da coligação globalista-leninista no poder. O relatório, que cita documentos e e-mails confidenciais, bem como discussões com fontes anónimas, refere ainda que a moratória – que já está em vigor – afectará os novos pedidos de financiamento e não a ajuda anteriormente aprovada.

De acordo com o jornal alemão, numa carta enviada ao Ministério da Defesa a 5 de Agosto, o ministro das Finanças, Christian Lindner, afirmou que os futuros financiamentos deixariam de ser provenientes do orçamento federal alemão e passariam a ser alimentados pelas receitas provenientes dos activos russos congelados. Mas, uma vez que as recentes tentativas de liquidar os activos russos foram por água abaixo devido ao receio de uma retaliação russa, isto significa efectivamente que não haverá mais ajuda à Ucrânia.

Berlim, que é o principal fornecedor europeu de ajuda militar a Kiev, já tinha dado sinais de uma mudança de rumo em relação à Ucrânia no mês passado, quando a coligação governamental de socialistas, verdes e liberais adoptou um acordo preliminar sobre um projecto de orçamento para 2025. O compromisso previa a redução da futura ajuda à Ucrânia em metade, para 4 biliões de euros, para cumprir outras prioridades de despesa. Porém, ao que parece, até este montante está prestes a ser reduzido a zero.

A decisão do G7 de conceder um empréstimo de 50 biliões de dólares à Ucrânia, garantido por activos russos imobilizados, foi o momento mais significativo da sua última cimeira. Esta estrutura de empréstimo reflecte um compromisso típico entre os EUA e a Europa. Embora a solução mais simples envolvesse a apreensão de todos os activos congelados da Rússia (estimados em 280 biliões de dólares) para financiar directamente os esforços de guerra da Ucrânia, os países europeus – em especial a França, a Alemanha e a Bélgica – evitaram-na ostensivamente, considerando-a demasiado agressiva e receando uma reacção de reciprocidade por parte da Rússia. Em vez disso, optaram por utilizar os juros dos activos vencidos, que ascendem a apenas alguns biliões de dólares por ano. A primeira opção poderia ter um impacto significativo no teatro de operações, enquanto a segunda vai apenas protelar o previsível desenlace da guerra.

 


 

Agora, a Ucrânia vai ter de se contentar em receber os juros que os fundos russos apreendidos geram, para além de ver o financiamento alemão obliterado.

Enquanto isso, a principal fonte de financiamento para a Ucrânia – o regime Biden e os vários agentes do Estado profundo em Washington – está prestes a secar, depois do senil Presidente deixar a Casa Branca, daqui a uns meses.

Falando depois do Conselho de Ministros ter aprovado o projecto de orçamento em meados de Julho, o Ministro das Finanças alemão, Lindner, disse que a Ucrânia teria de contar mais com fundos de “fontes europeias”, bem como com os activos russos congelados. Mas ainda não é claro se, e quando, esse dinheiro irá fluir.

As disputas em torno da ajuda à Ucrânia terão aprofundado as clivagens na coligação governamental em Berlim, já afectada por semanas de lutas internas sobre uma série de questões, desde o orçamento à segurança social. O líder dos Verdes e ministro da Economia, Robert Habeck, disse esta semana que tenciona candidatar-se a chanceler nas eleições federais de 2025, lançando dúvidas sobre a sobrevivência da aliança governamental de que faz parte.

A propósito das recentes disputas intestinas, Habeck afirmou:

“É bastante óbvio que esta coligação tem grandes problemas em encontrar um terreno comum. As ideias estão a desmoronar-se”.

É também por isso que Zelensky não terá outra alternativa senão recorrer a provocações e diversões cada vez mais desesperadas para manter o dinheiro a fluir, uma vez que a alternativa é a devastação total da Ucrânia e do seu regime.