Sinceramente: não apetece nada a este redactor estragar o clima favorável que rodeia neste momento a candidatura de Donald Trump, mas tem que ser, porque esta noticia é aberrante de tal forma que se torna incontornável.

De facto, o candidato presidencial republicano que lidera as sondagens para as eleições de Novembro manifestou esta semana abertura para considerar Jamie Dimon, director executivo do JPMorgan Chase, para o cargo de secretário do Tesouro dos Estados Unidos.

Trump declarou numa entrevista recente:

“Ele é alguém que eu consideraria”.

O próprio Dimon deu a entender a possibilidade de se candidatar a um cargo público ou a um secretariado federal, afirmando no ano passado:

“Obviamente, já me passou pela cabeça, porque as pessoas mencionam essa possibilidade. Adoro o meu país e talvez um dia venha a servi-lo de uma forma ou de outra.”

No início deste ano, Dimon pareceu mostrar-se receptivo a um segundo mandato de Trump, afirmando no seu palco favorito, o encontro anual do World Economic Forum, em Davos, na Suíça, que Trump não estava errado em questões críticas como a NATO, a imigração em massa e a ameaça da China. Além disso, o director executivo do JP Morgan Chase mostrou-se muito menos entusiasmado com um potencial segundo mandato de Biden, associando a sua adminsitração ao aumento de preços e avisando:

“Há muitas forças inflacionistas à nossa frente”.

E por que raio é que esta notícia é chocante? Porque, como tem sido documentado pelo Contra, Jamie Dimon é um dos maiores criminosos de colarinho branco que residem em Wall Street e um insuportável globalista corporativo.

Amigo e facilitador de negócios de um tal Jeffrey Epstein, o CEO do JPMorgan Chase conduziu o banco como uma organização criminosa que lava dinheiro como se não houvesse amanhã, em favor de todo o tipo de marginais e personagens sinistros. Sob a direcção de Dimon, o JPMorgan Chase foi alvo de cinco acusações criminais apresentadas pelo Departamento de Justiça dos EUA. E, no entanto, não há qualquer indicação de que o seu apetite por lucros que resultem de actividades ilegais tenha sido satisfeito. O Procurador-Geral das Ilhas Virgens Americanas apresentou provas credíveis no tribunal federal de Manhattan de que o JPMorgan Chase “participou activamente” no tráfico sexual de menores de Jeffrey Epstein, ignorando uma década de lavagem de dinheiro dentro do banco – a mesma conduta que levou a instituição a enfrentar mais duas acusações criminais em 2014 por décadas de prestação de “serviços” bancários ao mestre da vigarice, Bernie Madoff. Em ambos os casos, o banco não apresentou à Financial Crimes Enforcement Network (FinCEN) os relatórios de actividades suspeitas legalmente exigidos, apesar das comunicações internas mostrarem que estava bem ciente de que as transacções financeiras eram altamente suspeitas.

Compadre activo e pressuroso de Klaus Schwab, alegre e irresponsável promotor do terrorismo económico que tem sido implementado por Washington e pela correspondente ensandecida emissão de moeda da Reserva Federal, Jamie Dimon é também um profeta do apocalipse climático, chegando ao ponto de sugerir, numa carta enviada aos accionistas em 2023, que o governo dos EUA e as coorporações privadas (como a que lidera) poderão ter de confiscar a propriedade privada dos cidadãos para tomar iniciativas no domínio das alterações climáticas.

Devia ser o último cromo na caderneta dos grandes patifes da América contemporânea a ser considerado para Secretário do Tesouro. E é simultaneamente preocupante e revoltante que passe essa possibilidade pela cabeça de Trump, que parece, a cada dia que passa, não ter aprendido nada com os erros crassos de casting, cometidos durante o seu primeiro mandato.

Para piorar as coisas, se tal é possível, Trump indicou durante a entrevista que permitiria que o presidente da Reserva Federal, Jerome Powell, cumprisse o seu mandato, afirmando:

“Eu deixá-lo-ia cumprir o seu mandato… Especialmente se achasse que ele estava a fazer a coisa certa”.

A probabilidade de Jerome Powell ter feito no passado ou vir a fazer no futuro alguma “coisa certa” é menor, muito menor, do que aquela de seres, já amanhã de manhã, contemplado com a lotaria, estimado leitor.